A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)

Capítulo 30

Conforme andava cautelosamente pelo salão, se aproximou do vão da escadaria, que permitia ser possível ver todos os andares de cima. Poucas vozes, quase inaudíveis, vinham de cima, o que fazia o local não estar em completo silêncio.

Caminhou em passos leves até o corredor que dava acesso à sala do Diretor. Ao chegar no destino, percebeu que a porta estava entreaberta. Escutou vozes dentro da sala, e junto da do Diretor, escutou uma feminina que Camila não reconheceu.

— Vejo que realmente tomou as devidas precauções para que ninguém nos interfira. — A mulher comentou. Sua voz era calma e serena, e parecia transmitir a confiança que sentia, junto de um ar de superioridade.

— Eu disse que podia confiar em mim, senhora Darc. Bom, vamos ao que interessa. Eu confesso que fiquei surpreso com... o financiamento.

Financiamento? Do que eles estavam falando?

— E como está indo o que combinamos? — A mulher voltou a dizer.

— Bom, eu consegui um grande cargo. Acredito que vai ser mais fácil, a partir de agora. Mas eu poderia saber o motivo disso? Digo, é muito... estranho seu interesse nesse assunto. Bem, e além disso, é algo ilegal.

— Sem querer ser rude, não. Porém, creio que isso não irá interferir no nosso acordo. E o senhor não é ninguém para falar sobre coisas ilegais. Assim como eu, sabe muito bem das coisas que faz sem que ninguém tenha conhecimento. Não importa se é de uma família importante, isso acabaria com a sua reputação. Por isso, espero que seja um homem de palavra, senhor Bennist.

— Cl-claro, claro. Eu não quis dar a entender isso. Bom, de qualquer forma, creio que esse não esse tenha sido a única razão de sua vinda até aqui.

— Correto. Venho aqui tratar sobre o meu interesse em algumas informações sobre alguns de seus estudantes.

— E suponho que eu também não deva perguntar o porquê disso.

— Correto novamente. Acredito que a quantia que lhe dei seja o suficiente para evitar questionamentos.

— Sim, claro. Mas confesso que fico curioso sobre muita coisa. Até porque, a senhora parece ser alguém muito importante, mas nunca nem ouvi falar do seu sobrenome. E a senhora não tem sotaque, portanto, não pode ser estrangeira. Desculpe a minha ignorância, mas eu diria que a senhora é de outro mundo. — O Diretor riu. — Bom, e quem seriam os alunos?

— Leyla Scarlett e Patrícia Narciso.

O coração de Camila errou uma batida por um segundo. Por que queriam informações dela e de Paty? O que estava acontecendo ali?

— Pedir para informar tudo sobre Leyla Scarlett, eu até entendo. A família em si é bem problemática, juntamente com a progenitora. — Pablo comentou. — Mas essa morta de fome? Não acredito que essa moradora de Pandiógeis vá lhe ajudar muito no que seja lá que esteja tentando fazer.

— Eu tenho meus motivos. Quero que me informe sobre tudo que as envolva. Tudo que elas fizerem nessa escola terá que ser repassado a mim. Que aulas elas compareceram, que horas saíram. Absolutamente tudo.

O que era aquela mulher afinal? O que ela queria com ela e com Paty?

— Entendo. Bom, seja o que for, espero que dê um fim na Scarlett. — Nojo podia ser percebido na voz de Pablo. — Seja lá quais forem suas intenções com ela, acabe com aquela infeliz de uma vez por todas. E por mim, pode levar todos os Scarlett juntos.

Escutou a mulher rir pelo nariz.

— Talvez seu desejo se torne realidade, algum dia.

Arregalou os olhos no mesmo instante. Aquela mulher, seria ela da O.P.U? Ao pensar nessa possibilidade, sentiu seu coração dar um pulo. Se isso era verdade, estava em busca de informações sobre tudo o que Camila fazia para ter controle sobre ela. Mas por que queria saber sobre Paty?