Capítulo 43

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O terror a dominou rapidamente. Estava sozinha ali, com aquela mulher. O que ela iria fazer? Matá-la? Não, ela não poderia lhe matar ali. Seus amigos sabiam que ela foi cumprir uma detenção, seria óbvio demais. Mesmo que sumissem com ela, iriam achar suspeito o desaparecimento da herdeira da segunda família mais importante do país, principalmente se acontecesse na I.E.T, uma escola renomada e de prestígio.

Apesar da conclusão, ainda não conseguia se mexer, e muito menos se virar para encarar a mulher. Sentia-se aflita por estar junto de um Agente da O.P.U.

— Pelo seu silêncio, suponho que já saiba quem sou. — A mulher começou. — Afinal, você escutou minha conversa com Pablo Bennist, no dia em que estive aqui, mês passado.

Se levantou rapidamente e a encarou de olhos arregalados. Ficar de costas para ela, fazia parecer que algum perigo eminente a pegaria por trás.

Finalmente viu Diana Darc, cara a cara. Era uma mulher alta, de pele negra e com cabelos bem curtos e crespos. Ela possuía uma postura confiante e um semblante sereno, carregado por um leve e quase imperceptível sorriso de satisfação. Parecia estar se divertindo com a situação.

Ela trajava o mesmo uniforme do homem que buscou Ximú com um furgão preto, em Presépsis, porém, em seu quadril, possuía uma espécie de cinto fino de cor dourada, onde se encontrava alguns objetos estranhos. Seu olhar era penetrante e frio. Apesar de não ter uma expressão dura como a de Carla, de alguma forma, conseguia intimidá-la bem mais. Bem mais do que qualquer outra pessoa.

— Pablo possuía sua suspeita, mas eu sempre tive a minha certeza. Por mais que ache que não, lhe conheço muito bem. Talvez até mais do que você mesma. A curiosidade sempre foi a característica mais marcante de Camila Medeiros. Sempre foi fácil de atraí-la.

Não conseguia dizer nada. Tudo o que fez, foi olhar estática para aquela mulher em sua frente, que parecia estar se divertindo cada vez mais. Sentiu seu coração bater aceleradamente em seu peito. Seu instinto de sobrevivência a mandava fugir dali. Porém, não conseguia se mover, apenas a olhava de olhos arregalados e boquiaberta.

— Não precisa ter medo. — Diana começou a se aproximar lentamente. — Apenas quero conversar.

— O-o que v-você quer? — Finalmente conseguiu dizer, enquanto tentava se afastar no mesmo ritmo em que ela se aproximava. Parou quando sentiu a mesa do Diretor atrás de si. O sorriso da mulher pareceu se alargar mais ainda ao ver o gesto de Camila.

— Eu já disse, só quero conversar. E acredito que você também queira escutar o que tenho a dizer. — Ela parou, ficando apenas a alguns decímetros de Camila. — É de interesse seu, suponho, e de todos os outros Viajantes.

— E por que c-comigo?

— Digamos que... somos velhas conhecidas.

Ficou confusa com a resposta. O que ela quis dizer? Foi algum tipo de metáfora? Talvez significasse que Diana estava ciente de tudo sobre ela, durante todo esse tempo?

— Há algo que eu quero te amostrar. — Diana levou a mão até seu cinto e tirou de lá um objeto redondo e de cor azul escura. Ela o apontou para o lado, e no mesmo instante, viu surgir uma coisa de formato circular e luz azulada, que girava em torno de um centro negro.

A coisa aumentou rapidamente de tamanho. Não era tão grande quanto a que viu na cozinha do orfanato, porém, tinha um tamanho grande o suficiente para a passagem de uma pessoa adulta. Boquiabriu-se ainda mais diante do que viu.

— I-isso... isso é...

— Um Portal, sim. Mas não é o mesmo pelo qual você veio. Esse é um Portal diferente. Um que os membros da O.P.U utilizam.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora