Surpreendendo

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ESTER MOLINA


O simples fato de existirmos já deveria bastar para sermos felizes. No entanto, todos buscamos um sentido, uma realização pessoal. Sonhar nesse caso, é essencial. Pois, são os sonhos que nos dão a motivação certa para seguir em frente, encarar os desafios, não desistir diante das dificuldades e se arriscar.

Quando deixamos de acreditar no nosso potencial, perdemos a força motriz. Nossa energia criativa acaba, abandoamos nossa vaidade, e passamos a não nos reconhecer.

Em um determinado momento da minha existência, pensei que poderia ter tudo. Entretanto, a vida me deu várias rasteiras. Fui nocauteada antes mesmo da luta começar. Abandonei meus sonhos, minhas expectativas, minha autoestima, bem como, a fé de um dia me sentir em paz comigo mesma.

Meus filhos foram as melhores coisas que ganhei, mas até eles chegarem, perdi todo o amor-próprio, a autoconfiança e a vontade de me colocar em primeiro lugar. Hoje após anos, sentia-me capaz de recuperar minha essência. Aquela Ester Feliz, plenamente satisfeita, cheia de esperança, e que se via como mulher.

Na faculdade comecei a cursar moda, sempre amei criar e inovar. Desde pequena minha mãe tinha o costume de me ensinar a costurar. Com o tempo, eu já desenhava roupas exclusivas. Mas tive que largar o curso. Todavia, de uma forma ou de outra, acabei conseguindo vencer os obstáculos e adquiri meu próprio negócio. O Sucesso da butique foi estrondoso. A alta sociedade quase como um todo, requentava meu estabelecimento. Também, graças a uma recompensa divina, comprei a casa dos meus sonhos, pequena mais aconchegante, rodeada de flores e natureza. Apesar de ter pedido um dos meus rebentos, pude ver, e fazer parte do momento em que meu filho mais velho encontrou o amor e se casou. Logo seria avó.

As coisas finalmente pareciam estar dando certo para mim. Inclusive a vontade de amar e ser amada, desejar e ser desejada. Jhon Sanchez despertou esse meu lado novamente. Tentei me convencer de que ele estava confuso, e que por isso, se aproximou de mim com interesses românticos, visto que, sempre o apoie, como uma mãe. Contudo, eu é que andava confusa. Fazia muito tempo que não me sentia querida por alguém dessa forma. O beijo que trocamos em casa, diferente dos outros, me fez querer mais. Por um segundo, a sanidade fugiu de mim e desejei ceder. Passei o resto daquele dia me amaldiçoando. Não poderia brincar com ele. Apesar de ser só um garoto de 29 anos, suas feridas e traumas eram sensíveis demais para serem remexidas.

Me afastar seria o mais inteligente. Mas, o considerava da família.
A indecisão, junto com a culpa, corroía meus ossos por dentro, fazendo-me pensar mil vezes antes de buscá-lo de novo.

Em pouco tempo aconteceria o desfile anual de caridade que eu administrava, onde leiloava peças exclusivas, a fim de arrematar uma boa quantia em dinheiro para as instituições e ONGs. Além da liberação do lugar, precisaria de mais ajuda para organizar e decorar o ambiente, pois Fernanda, atual esposa do meu filho, daria à luz a qualquer momento, o que a impossibilitava de fazer esforços extras. Lia e Eduardo estavam viajando, minhas amigas já haviam se disponibilizado a desfilar e a custear o evento. Por esse motivo, teria que recorrer a Jhon.

Tomando coragem, peguei o celular e disquei seu número, mas fiquei surpresa quando a voz que soou do outro lado, foi a de uma mulher.


JHON SANCHEZ


- Você recebeu algumas ligações importantes sobre o caso das terras dos irmãos Murtaugh. A lista está na sua mesa. - Minha assistente, declarou, seguindo-me até o escritório.
- Eles vão dar trabalho. - Afirmei, pressionando os dedos na testa. - Vamos ter que tentar resolver pessoalmente a questão, acredita?

APAIXONADO PELA MÃEOnde histórias criam vida. Descubra agora