APAIXONADO PELA MÃE

Algo novo

JHON SANCHEZ

Seguindo meu ritual costumeiro, acordei cedo, comi, e revisei meus e-mails. Depois fui me exercitar. Como estava sempre ocupado, ao planejar a cobertura, pedi uma academia, para poder estar em forma, sem gastar muito tempo. Estava saindo de lá, quando me deparo com Cecília.

- Bom dia.
- Bom dia. - Respondeu inquieta.
- Está tudo bem?
Seus olhos fixaram em mim.
- É por isso que você tem tantos músculos, então. - Falou mais para si mesma. - Fiquei pensando... Como ele consegue ser tão definido, se não para um minuto. Tá aí a resposta. - Apontou para atrás de mim. - Uma academia em casa. Esperto!
Sorri com a sua análise maluca.
- Quer dizer, que a senhorita, ficava pensando nos meus músculos?
- Não pode me culpar! - Deu de ombros, andando em direção a cozinha.
A segui.
- Onde está Valentina?
- Dormindo. Ela acordou de madrugada. Fez um lanche, e voltou a dormir. - Pareceu pensar. - Ela está estranhando a mudança.
- Quer que eu fale com ela?
- Não! Eu já fiz isso. - Respondeu, ao colocar leite no cereal.
- Ótimo!

Houve um silêncio, que não costumava haver entre nós.
Cecília me encarou, abriu a boca e fechou.
Arqueei a sobrancelha, esperando.

- Vou sair hoje á noite.

No começo, eu não ouvi as palavras. Ou, na verdade, não as compreendi.

- O quê? - Foquei a visão. Cecília estava sentada, o cabelo preso em um coque bagunçado. Embora o pijama que usava fosse modesto, eu não podia deixar de admirá-la. Engoli, e minha boca secou rapidamente quando percebi o que ela estava querendo dizer. - Vai sair? Para onde? Com quem? - Franzi a testa, me sentando.
- Com Vinícius Belmonte. - Falou devagar - Ele me convidou para jantar, quando me ligou hoje. Parece que tem um restaurante novo inaugurando que ele quer conhecer.
- Que restaurante?
- Não sei, em algum lugar por aí. Nem tenho certeza de que quero ir.
- Então não vá. - Disse sem pensar.
- Eu já aceitei. E ele tem sido muito gentil comigo. Sem contar que preciso me distrair. A volta do Ferit me deixou perturbada.
- Não deve ir.
- O que você tem a ver com isso?
- Nós não somos amigos?
- Somos?
- Claro que sim! Por isso, eu posso te entreter.
Ela abriu um sorriso largo.
- Mas, eu preciso de um namorado.
Cuspi a água que bebia.
- Namorado? - Passei a mão na boca. - Como isso foi de um convite para jantar, a um namoro, em tão pouco tempo?
Sua risada saiu alta.
- Sanchez. - Bateu no meu ombro. - Você é hilário.
- Que bom que eu te divirto. Todavia, é sério! O seu ex pode aparecer, e...
- Quem você acha que é, o meu pai? Eu vou sair com ele porque decidi que quero. Agradeço tudo que está fazendo, assim como pelo cuidado. Vou ficar alerta, prometo. Minha maior preocupação é com a Valentina. Já eu, sou adulta, dou um jeito.
Me permiti respirar fundo.
- E essa é a única razão, pela qual eu não estou te impedindo de ir nessa droga de encontro.
- A Ester precisa voltar logo, certo? - Perguntou analisando-me. A menção do nome dela me fez arrepiar.
- Porquê?
- Para você parar de pensar só em mim. - Piscou, passando ao meu lado. - Ah! - Parou, e se virou - Hoje, você fica de baba. - Sorriu debochadamente, antes de me deixar sozinho.

Pensar na minha Cecília, em um encontro, com o Belmonte, um cara legal, charmoso, mas, de fala mansa, e extremamente mulherengo, fez eu me sentir fisicamente doente. Comecei a me indagar se era só o meu extinto protetor que estava falando mais alto. Afinal, esse sentimento que se acendeu dentro de mim, parecia ser novo.

CECÍLIA VALVERDE

Combinei de encontrar Vinícius no portão do condomínio, às oito.
Antes de sair do quarto, verifiquei se estava tudo bem comigo.
Para a ocasião, escolhi um vestido de tiras finas, azul. O tecido terminava no meio das minhas coxas. Meu cabelo solto, dava vida a um liso perfeito. De maquiagem, optei por um batom vermelho, uma base natural, e rímel.