CECÍLIA VALVERDEO sol da Itália atravessava as janelas de vidro do aeroporto, como se estivesse ali para me receber. Aproveitei os belíssimos campos verdes, e as construções encantadoras para desanuviar a mente. Quando chegamos nas montanhas, que cercavam o lago, olhei para o penhasco coberto de árvores, e a água cristalina logo abaixo me fez suspirar, pensando em como seria acordar com aquela vista todos os dias.
Por um segundo, meu passado pareceu nunca ter existido.
Quando adolescente, comecei a namorar um, cara incrível. Ao seu lado, todos os dias sentia-me como uma princesa. Nossa relação se fortaleceu com o tempo, levando-nos a vida adulta. Apaixonados, e em comum acordo, decidimos morar juntos. A meu ver, vivia em um conto de fadas, tinha um príncipe encantado, uma paixão real, um amor mágico, e logo a junção desses sentimentos daria frutos. Valentina nasceu, provando que é possível sim, duas pessoas diferentes darem o mesmo resultado, no final. Contudo, minha bolha estourou. Demorou muitos anos para eu entender que meu relacionamento era abusivo e tóxico. Sem perceber, dei a ele o controle das minhas decisões, dos meus passos, e até mesmo, mudei o jeito de agir, bem como, de me vestir e pensar. Constantemente meus erros eram apontados na minha cara, deixando-me acuada, porém, não via problema, pelo contrário, achava fofo. Então, as palavras pesadas, transformaram-se em agressões físicas. A cada pancada, uma porção de culpa guiava-me a aceitação. Acreditava merecer aquilo tudo. No entanto, conforme os ataques se intensificavam, aos poucos morria por dentro. Cheguei a parar de sentir. O sexo se converteu em obrigação, nem sequer gozava mais. Estava quebrada por dentro e por fora.
Entretanto, só reagi no momento que Valentina se tornou o foco principal. Não permitiria que a pequena sofresse. Desesperada, denunciei meu parceiro, e fugi com minha filha. No começo, tivemos que dormir no aeroporto, já que eu não tinha família para recorrer. Com pena, a funcionaria me ajudou a conseguir uma vaga de faxineira. Com isso, adquiri um quartinho em uma vila, num bairro simples, mas aconchegante. Todavia, o salário não supria as nossas necessidades básicas. Assim, debutei em busca de um trabalho melhor. Não estava tento êxito, até o dia em que um homem, lindo, sexy e irritante, me molhou inteira. Poderia parecer ruim, mas logo após o desastre, fui contratada pela melhor advocacia do país, tento como chefe Jhon Sanchez, o mesmo ser, que havia me molhado. Algo nele despertava o melhor, e o pior em mim. Meu chefe além de chato, às vezes, me encantava. Ser beijada e tocada por ele, trouxe o que eu havia perdido: sentimentos.
Fechei os olhos, deixando o vento tocar meu rosto. Quando os portões da casa, em que ficaria, se abriram fiquei entusiasmada. A construção era cercada por paredes altas, com primaveras caindo do alto como se estivessem tentando escapar.- Gostou do lugar?
- É maravilhoso! - Sorri involuntariamente. - A gente se teletransporta para outra dimensão.- Eu penso o mesmo, sempre que venho para cá.
Semicerrei os olhos.
- Quantas casas você tem?
Ele riu baixinho.
- Essa em especial não é minha, é da família.
Revirei os olhos.
- Ó! Que diferença! - Debochei, levando um esbarrão no ombro.
- Lá dentro é muito mais bonito.
Ao entrar na sala de estar, confirmei o que Jhon havia me dito antes. A casa por dentro, se via ainda mais bonita do que por fora. O Espaço por si, tiraria o fôlego de qualquer um. O jardim era estonteante. Havia canteiros de flores cheios de lírios, com cores que faziam meus olhos brilharem. Um caminho de pedras, coberto terminava em um lago cristalino.- Lindo! - Exclamei feliz.
- Você precisa ver de noite. - Sussurrou no meu ouvido.
Sobressaltei-me com o susto.
- Acho que vou colocar um sininho em você, igual os que as vacas usam, para avisar quando estiver chegando.
- Porquê? Para se preparar? - Arqueou as sobrancelhas. - Tem medo de ser pega de surpresa, e não saber o que fazer?
- Muito papo, pouco som! - Bati palmas, irritada com seu deboche. - Vamos trabalhar?
- Tão profissional, essa mulher! - Ironizou.
Franzi a testa.
- Engoliu um palhaço, é?
- Talvez. - Abriu um sorrisinho bobo. - Sério! Antes do evento começar, temos 5 horas. Sinta-se a vontade. Depois conversamos sobre os últimos detalhes.
Bati continência.
- Sim, senhor!
Dei a volta nos calcanhares, deixando Jhon gargalhando.
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APAIXONADO PELA MÃE
RomanceJhon Sanchez cresceu encarando o amor como algo perigoso. Devido á traumas de infância, ele nunca se permitiu amar plenamente outra pessoa. Com medo de ter herdado as obsessões da mãe, sempre preferiu fugir de qualquer sentimento que seu coração pud...