Epílogo

893 46 27
                                    



15 ANOS DEPOIS...


Olhei para plateia e estavam todos lá, meu pai, minha tia, meu tio, meus primos, minhas primas, minha mãe, e meus irmãos. Éramos muitos, e com a chegada dos gêmeos, Rosa e Júnior, ficamos ainda mais numerosos.

Após ser aceita, em uma renomada companhia de balé, eu voltava para casa, sempre que dava, embora, não fosse o tanto que gostaria. Mas, valia a pena, era uma festa toda vez.

Eu amava minha família gigante, confusa, fora do comum, e barulhenta. Meu pai Jhon, cuidava de todos com muito amor, e era cuidado com o mesmo zelo. Ele continuava me mimando, embora parecesse durão, tinha o coração mole. Quase enfartou quando apareci com um namorado, mamãe precisou intervir.

Estava pronta. Depois de anos eu iria me apresentar na minha cidade, e todos estavam ali para me prestigiar. Perdemos a vovó Rosa, é verdade, mas sei que de onde estivesse, estaria me olhando e torcendo por mim. Ela era meu anjo da guarda.

Eu sabia da história de todos, incluindo da minha. Depois que tive idade para entender, os meus pais fizeram questão de contar tudo, e me preparar, antes que alguém o fizesse de forma maldosa.

Meus avós de sangue faleceram em um acidente de carro, já Suzana, morreu ao ser rendida por policiais, após sequestrar o próprio filho, torturar o marido, assassinar o pai, e o tio de sua filha, que acabou contraindo matrimônio, com o padrasto. Por sua vez, a filha deles, se casou com o tio do meu pai, que, na verdade, não era irmão consanguíneo. Contudo, o mais novo, esse sim, do mesmo sangue, havia tirado a própria vida. Enquanto isso, meu progenitor, após ser um babaca com a minha mãe, tentou matar meus pais, mas no lugar, acabou levando Rosa, que como uma heroína, salvou suas vidas.

Para quem está de fora, entender a nossa lógica, pode ser confuso, e até mesmo traumatizante, mas para mim, faz todo sentido. O destino fez questão de juntar todos nós por um motivo. Cada membro, completa o que falta no outro. As tragédias só nos deixaram ainda mais fortes, e os desafios, gratos pela dádiva do amor.


As luzes se acenderam e eu me coloquei em posição junto com as outras bailarinas, e esperei a música tocar.

Quando os primeiros acordes soaram, um arrepio subiu pelo meu corpo.

Dancei, senti, vivi, amei...

Eu era Valentina Sanchez, e tudo o que vinha com o nome.

APAIXONADO PELA MÃEOnde histórias criam vida. Descubra agora