JHON SANCHEZNão estava acostumado a passar a noite com alguém. Nunca tinha desejado isso. Gostava do meu próprio espaço, seguro, bem como, de deitar na cama e poder me espalhar. Mas parecia certo tê-la aqui. Por ora.
Cecília murmurou algo inaudível, enquanto dormia, se aproximando de mim. Coloquei o braço ao redor do seu ombro, sentindo a suavidade da sua pele. Ela estava quente contra meu corpo nu, e eu olhei para seu rosto sereno, pensando se seria capaz de não desejá-la de novo.
- Eu dormi?
- Sim!
- Fez um bom trabalho então.
Sorri involuntariamente.
- Essa foi a coisa mais gentil que já me disse.
Ela deu uma risada.
- Sou uma fofa. O que posso fazer?
Entrelaçamos os dedos, unindo nossas mãos.
- Você é tudo menos fofa, Valverde.
Senti um beliscão na cintura.
- Ai! Isso dói.
- Ótimo!
Me virei, encaixando nossos corpos.
A encarei.
- O que deu na gente?
- Vontade de transar? - Arqueou as sobrancelhas.
- Ontem, você não pediu para transarmos. - Joguei seus cabelos para o lado. - Pediu para fazermos amor.
Ela engoliu em seco.
- Devia estar envolvida no momento.
Inclinei a cabeça para analisá-la.
- Como foi para você?
- Como assim?
- Foi bom? - Sua perna deslizou pela minha.
- Vou confessar uma coisa. - Franziu a testa - Fazia anos que não gozava.
Segurei seu rosto com carinho, acariciando-o.
- Quer falar sobre isso?
- Não tem muito o falar. - Aninhou-se em meus braços. - Simplesmente, chegou um momento que meu antigo parceiro, me persuadiu a acreditar que ter relações com ele, era uma obrigação. Se eu não o fizesse, estaria falhando em ser mulher. Então, eu deitava e esperava acontecer. Só que eu não sentia nada, não mais. Na verdade, queria que acabasse o quanto antes.
A abracei forte.
- Sinto muito!
- Eu também, porque, de certa forma, ele conseguiu me quebrar.
- Você não está quebrada! - Falei com a voz fraca.
Suas mãos pousaram na minha face delicadamente.
- Quer saber um segredo? - Concordei com a cabeça. - Sai com alguns... caras, mas não cheguei lá com nenhum. Nem sequer, um frio na barriga. E quando eles viam minha cicatriz, eles é que não queriam mais nada.
Fiz uma careta sarcástica.
- Quer dizer, que eu fui "O CARA" ? - Perguntei levando um, tapa na bochecha, de leve.
- Pode parar de se achar, agora!
- Desculpa! Foi mais forte do que eu.
Ela se virou, ficando de barriga para cima. O movimento fez o lençol cair, desnudando um de seus seios.
- Outra coisa. Sua cicatriz é linda, parece o caminho para a glória.
- Mentiroso.
- Mentiroso? Eu a beijei tanto, que você se contorceu toda. Acha mesmo que não gostei dela?
- Tantos homens, e teve que ser justo você. O mais convencido? - Fitou o teto. - Devo ter jogado pedra, com chiclete, na cruz.
Ri alto, jogando meu corpo por cima do dela.
- Eu tenho uma teoria sobre isso.
- Guarda para você!
- Nada disso! - Disse segurando seus braços sobre a cabeça.
- Vai me obrigar a ouvir sua ladainha?
- Vou! - Pisquei.
Como sempre, revirou os olhos, fazendo-me perceber, adorar aquilo.
- Desembucha!
- Por mais que eu te irrite, confronte, e te deixe com vontade de me matar, a senhorita confia em mim. Por isso...- Mergulhei em seus olhos - Aconteceu essa entrega.
- Eu confio em você! - Disparou de modo firme. - Sei que se esforça todos os dias para ser a melhor versão que consegue. Nunca me machucaria.
- Como pode ter tanta certeza?- Vivemos situações parecidas, embora, em tons diferentes. Sei o que se sente quando descobre que seu amor, foi usado, e transformado de algo puro, a tóxico e abusivo. Dá medo, raiva, insegurança. Na maior parte deixa marcas, traumas que sufoca. Mesmo assim, você luta para ficar de pé. É amigo, filho, tio, irmão, chefe, um homem bom, prestativo, sensível e justo. Ao contrário do que pensa, não é uma extensão da sua mãe. No fundo, sabe disso. Mas, libertar-se desse sentimento, ao seu ver, é deixá-la ir, e independente de tudo o que fez, você ainda a ama. - Uma lágrima caiu dos meus olhos, juntando-se as dela - Uma pessoa capaz de continuar amando, depois de tudo o que viveu, nunca machucaria ninguém.
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APAIXONADO PELA MÃE
RomanceJhon Sanchez cresceu encarando o amor como algo perigoso. Devido á traumas de infância, ele nunca se permitiu amar plenamente outra pessoa. Com medo de ter herdado as obsessões da mãe, sempre preferiu fugir de qualquer sentimento que seu coração pud...