JHONQuando pequeno, invejava meu amigo Lucas. Ele tinha uma mãe incrível, que lhe dava atenção, e um tipo de carinho diferente do que eu supostamente recebia. Isso me fez crescer admirando Ester Molina, que era uma mulher forte, determinada, protetora, carinhosa e muito bonita.
Com o tempo, senti nascer uma grande conexão entre nós. Talvez pelo fato de descobrir que seus filhos, na verdade, também eram meus meios irmãos. Ou simplesmente, porque desejava ter ao meu lado, uma pessoa como ela.
Do dia para noite, fui de um menino encantado, para um homem encantado.
Depois da morte do Lucas, havíamos nos aproximado ainda mais. Eu me empenhei, e estabeleci como meta devolver-lhe o sorriso, assim como ela vinha tentando fazer comigo, desde que veio á toma toda merda que minha mãe, e seu ex marido, meu pai, haviam feito.
Busquei maneiras de estar sempre por perto, já que Matheus, por motivos mal resolvidos, decidiu se afastar um pouco. Minha consideração e gratidão eram enormes. Por isso, me ofereci para ajudá-la com a parte burocrática das instituições de caridade que ajudava, bem como, da sua butique.
Entretanto, em algum momento, me vi apaixonado por ela. O que ultrapassava o limite da loucura, já que além de ser mãe do meu irmão, tinha idade para ser minha mãe, ou até mais que isso. Chegar a tal constatação me fez entrar em pânico. Eu não poderia me apaixonar. Nem por ela, nem por ninguém. Eu sabia que a linha tênue entre paixão e amor era muito estreita. E amar, não é uma opção para mim.
Alguns tinham a sorte, de dar certo com o amor, mais a grande maioria se perdia. Na minha percepção, amor é algo ruim, que destrói e machuca. Sendo assim, tentei esquecer o sentimento que crescia no meu peito. Nem que eu precisasse sufocá-lo, ele não se estalaria, muito menos se espalharia. Contudo, em uma certa noite, fui até a casa de Ester para levar uns papéis. Meu plano de resistir a qualquer coisa, se desfez assim que a vi. Ela estava radiante, com um brilho especial. Ao notar minha presença, tomou meu braço e me puxou para dentro. Na mesa de centro da sala havia uma garrafa de vinho aberta, em sua mão, uma taça estava cheia. Sorrindo, ofereceu-me outra vazia. Eu aceitei, porque queria fazer parte daquilo. Sentamos próximos, um do lado do outro, no mesmo sofá e começamos a conversar.
Ester estava feliz, e realizada com um novo projeto. E naquele instante, não existia mulher mais bonita. Queria beijá-la a qualquer custo. E foi o que eu fiz. Delicadamente, coloquei uma mecha solta do seu cabelo atrás da orelha. Depois me inclinei, aproximando nossos rostos. Por um segundo, sua respiração falhou, mas não se afastou. Então, encostei meu nariz no dela, acariciando-o com o meu. Fechei os olhos, segurei seu rosto, e a beijei. Em um primeiro momento, ela tentou estabelecer distância por espalmar as mãos no meu peito e impulsioná-lo. Mas, depois se deixou levar assim como eu. Devagar, fui me deitando por cima dela. Quando suas costas estavam confortáveis sob o assento, aprofundei o beijo, aproveitando para sentir seu corpo com as mãos.
Já tive relações com outras mulheres é claro, mas nunca me senti tão vulnerável como com Ester. Meus dedos queimavam assim como meus lábios. Mas, somente quando senti suas mãos sobre mim, é que acordei daquele delírio.
Afastei-me o suficiente para encará-la. Assim como eu, parecia não saber o que dizer, ou fazer.
Imediatamente, me senti culpado.
ESTER MOLINA
Lembro-me de deixar uma taça de vinho cair sobre meu tapete novo. Braços fortes me seguravam, e um corpo quente e musculoso fazia pressão sob o meu. Há anos não sentia um contato tão real. Quando sua boca tomou a minha em um beijo envolvente, me senti viva de novo. Entretanto, ao voltar a realidade e perceber que se tratava do irmão mais novo do meu filho, um arrepio tomou conta do meu ser.
Jhon fora um menino muito maltratado pela mãe. Cresceu acuado e com medo. Sempre busquei entendê-lo, ajudá-lo e estar por perto caso precisasse. Tentei de alguma forma ser o que ele necessitava, assim como para Lucas e Matheus. O que se intensificou, quando descobri que ele era meio-irmão de um dos meus filhos.
Pisquei várias vezes ao relembrar.
Como poderia estar agora, beijando e sentindo desejo por ele?
Ficamos nos encarando, sem jeito por algum tempo. Até nos afastarmos de vez.
Nitidamente envergonhados, pedimos desculpas um para o outro.Chegamos a colusão de que, só poderia ter sido o vinho. Por isso, decidimos não tocar mais no assunto. Logo depois disso, Jhon viajou para fora do país.
Apesar de negar para mim mesma, aquele momento acendeu um fogo que a muito tempo estava apagado. Imaginar que poderia ser desejada de novo, me fez bem. Todavia, se tornava errado, quando quem despertava isso em mim, era um menino que tinha idade para ser meu filho. Sem contar a fragilidade emocional que o envolvia. Ele deveria estar confuso e misturando as coisas.
Caberia a mim, não complicar ainda mais sua cabeça, por vaidade.
Queria ser como uma mãe para ele, não um objeto, ou fetiche sexual.Entretanto, sua investida me fez perceber que, talvez, eu pudesse encontrar alguém para mim, já que na vida, só tive dois homens. Um, que me abandonou grávida, sem dinheiro e com pais doentes. E o outro, que pensei ser no mínimo meu amigo, mas que no final, me machucou, transformando minha vida em um pesadelo. Como se não bastasse ter o primeiro amor renegado, o meu marido, abusou de mim, fazendo-me engravidar.
Sempre que penso em Lucas e na forma como morreu, me sinto responsável. Quando ele nasceu mal conseguia olhar para seu rosto. Claro que conforme os dias iam passando, eu me apaixonei. Mas, ao que tudo indica, desde a barriga meu filho sentia que não deveria ter nascido. Sinto um nó na garganta ao pensar no quanto ele sofria calado, e eu nunca percebi.
Devido a tudo isso, eu havia desistido do amor. Mas agora, parecia um bom plano tentar outra vez. Jhon me fez ter um vislumbre do que é desejar e ser desejada. E eu queria isso para mim.
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APAIXONADO PELA MÃE
RomanceJhon Sanchez cresceu encarando o amor como algo perigoso. Devido á traumas de infância, ele nunca se permitiu amar plenamente outra pessoa. Com medo de ter herdado as obsessões da mãe, sempre preferiu fugir de qualquer sentimento que seu coração pud...