Capítulo 1-Conhecendo a Fera

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Meu consultório fica em um bairro nobre de Porto Alegre, meu nome é Cláudio Duarte, sou psicólogo e resido na capital já faz nove anos.

Como sempre, meu trabalho me consome a maior parte do tempo, hoje havia os mesmos pacientes, problemas com país, amantes, conflitos internos... Tem momentos que acredito que eu também precise de um psicólogo.

Entre meus pacientes agendados hoje um nome novo chamou minha atenção. DONNA GUEDES. Ela seria minha próxima paciente e eu teria mais uma hora lamurias sobre algum marido traidor.

Levanto-me e abro a porta.

Sentada em uma poltrona estava uma morena estonteante, de vestido azul noite, corte elegante, decote discreto.

-Senhora Guedes? -Pergunto.

-Senhorita. - Ela responde levantando-se.

Sua troca de pernas era de tirar o fôlego, delicada e aí mesmo tempo forte. A mulher não poderia ter problemas.

-Pode passar. -digo educadamente.

Ela caminha sobre seu salto agulha com tamanha elegância digna de uma miss.

- Sente-se, por favor. -indico o divã a minha frente.

-Posso sentar na poltrona, prefiro algo mais confortável.

- Fique a vontade.

-Ela senta de frente para mim e olha-me seriamente.

-Vamos nos conhecer e assim poderei ajudá-la.

-Na realidade Dr. Eu quero só desabafar, sei o que preciso saber.

- Quer conversar? É isso?

- Sim

- E por que não fez isso com uma amiga?

- Por que não quero minha história na boca de outros. O senhor é um profissional e assim como eu, Trabalha para o bem das pessoas independente se isso é bom para todos.

- De certa forma. Preocupo-me com meu paciente se seu namorado lhe trai, não vou tentar lhe mostrar que deve ser boazinha, vou lhe mostrar que você deve ser feliz e se para isso consiste em abandoná-lo, eu irei encoraja-la.

Ela ri.

- Qual a graça?

-Acha que sou uma mulherzinha doía por ter um par de chifres! -Ela ri alto. -É Hilário!

-Então?

- Não é apenas isso.

-Conte-me quem sabe compreendo.

-Vou começar pelo início.

Aceno com a cabeça e meus olhos me trazem quando ela se ajeita poltrona, ela passa as mãos no quadril arrumando o vestido, mas aquilo parecia mais um sinal, do tipo "pare de olhar". Fixei em seus olhos e prestei atenção no que ela dizia.

- Sou de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, pelo seu sotaque percebo que também não é daqui.

-Sou de São Paulo, vim para cá já faz tempo, mas meu sotaque sempre me entrega.

Ela sorri.

-A cidade de Morro Alegre tem menos de dois mil habitantes e morava com meus pais em sua fazendola, cerca de três hequitares.

-É um bom pedaço de terra.

-Para uma pessoa da capital, Onde um terreno mede nove por dez, sim realmente, mas para os fazendeiros de lá não. Éramos apenas um bando de podres colonos.

DONNAOnde histórias criam vida. Descubra agora