03 - Não, senhorita Turner

1.1K 188 50
                                    

Atualmente

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Atualmente.

Encaro meu chefe, fixamente, assim quem sabe consiga entrar na mente dele e fazê-lo mudar de ideia.

Em nossa reunião mensal, ele olha para mim, de pé, enquanto todos nós, seus servos, meros funcionários, estamos sentados e encolhidos ao redor da mesa.

Os olhos violetas, por causa das lentes de contato, ficam presos nos meus.

Brad, meu chefe, tem um estilo peculiar. As lentes de contato não são nada em comparação ao cabelo verde neon que se contrasta com a pele negra dele, e até os fios se tornam apenas mais um detalhe quando ele sorri e mostra as presas implantadas de ouro.

Essa combinação só se torna mais chocante para os estranhos quando se dão conta do seu visual composto diariamente por animal print. Todas as suas estampas, não importa dia ou estação, sempre são animal print.

— Quer perguntar alguma coisa, Turner? — estende a mão e olha as próprias unhas pintadas de um azul brilhante.

— Preciso mesmo fazer a entrevista desse cara? Qualquer um pode ir. Nunca escrevi na matéria homens de sucesso — quando a matéria mudasse para "mulheres de sucesso" aí sim chamaria meu interesse.

As íris violetas jogariam adagas em mim se pudessem.

— É, nunca escreveu, e é por essa razão que vai escrever a matéria — é incisivo e firme. Meus colegas estão tensos, ninguém costuma enfrentar Brad, todos temem ele e o respeitam demais para isso.

Eu também o respeito, mas como a pessoa que passa mais tempo no trabalho e dá corda para todas as suas ideias mirabolantes quando sua cabecinha criativa fica entediada, tenho o direito de contesta-lo.

— E se eu me recusar? — ouso perguntar e posso ouvir a respiração de todos ficando suspensa.

Ainda não entendo o choque, ao menos uma vez a cada reunião retruco o que Brad sugere. Já é meio que nosso lance entre chefe e sua jornalista favorita.

Ainda que ser sua escritora favorita do jornal nunca tenha me dado benefício algum além de mais trabalho.

Brad ergue uma sobrancelha para mim.

— E se eu não pagar seu salário? — retruca. Droga.

Ao menos tentei.

****

Na minha sala, encaro a tela do notebook com as perguntas que irei fazer em aberto.

Não chega a ser um escritório, é bem menor do que um deve ser, e mais claustrofóbico também. Mas comporta uma mesa e duas cadeiras muito bem, além de uma pequena estante com alguns livros no canto esquerdo.

Há fotos minhas por toda parte, simplesmente sou viciada em porta-retratos. Uma parede inteira está cheia deles, há fotos minhas segurando matérias que viraram um sucesso, há fotos com meus colegas de trabalho, uma em que Brad, meu chefe, está me abraçando tão apertado por eu ter me formado na universidade que lembro de ter ficado sem ar. Nesse dia ele me promoveu de estagiária para funcionária em tempo integral.

3 •Me Esqueça, Por Favor - Blue Sky CityOnde histórias criam vida. Descubra agora