Atualmente.Atiro uma das almofadas do sofá em Connor assim que ele adentra a sala.
— Meu deus! Bom dia para você também — a agarra antes que ela colida com sua cara de pau. Usando apenas uma samba-cançao vinho, meu amigo passa a mão no cabelo louro, os fios agora alcançam seus ombros de tão cumpridos que estão.
— Emprestou minhas meias para ela de novo, não foi? — digo apontando para as meias, que definitivamente não são um par, em meus pés. — Já disse para não entrar no meu quarto, e muito menos dar minhas coisas para sua irmã.
Parado entre o corredor e a sala, seus olhos verdes, idênticos aos da sua irmã gêmea, rolam em tédio, porque Connor não se importa. É só a quinta vez que temos a mesma conversa.
— Os pés dela estavam frios
— Connor, a Beatrice é modelo, ela deve ter meias da Balenciaga — eu preciso mesmo explicar isso? Não. Mas cá estou eu explicando, mais uma vez.
Calço meu all-star azul-claro, sabendo que o resto do meu dia não será agradável. Tenho um evento para ir a noite, e ainda que tenha evitado a todo custo ser a escolhida para escrever a respeito, não tive outra escolha quando meu chefe me encubiu diretamente.
Seria uma festa pomposa, cheia de vinhos e espumantes, com bastante requinte e conversa fiada.
— Que mau-humor é esse? — apoia a mão na parede. — sua menstruação veio mais cedo esse mês? Pelos meus cálculos ainda falta uns... — conta em seus dedos. — dez dias.
Quando você divide o teto com seu melhor amigo há quatro anos, não é de se estranhar que ele saiba seu ciclo. Só que isso não quer dizer que ele precisa jogar a informação na sua cara.
Termino de amarrar meu cadarço, e quando me ergo me questiono quantos anos passaria na cadeia se apenas estrangulasse ele bem ali e jogasse seu corpo pela janela.
— Nem vale a pena usar meu réu primário com você — suspiro, afinal é perda de tempo. Connor só irá aprender quando eu aprender a trancar a porta do quarto, só que gosto da falta de privacidade que temos. Quando estou mal, ele simplesmente entra e fica lá comigo.
É confortável ter alguém que leva brigadeiro pra você no meio da noite, por que te ouviu chorando enquanto assistia os miseráveis pela vigésima vez.
Pego a mochila preta jogada sobre nosso sofá felpudo e marrom.
Connor ri e encara o próprio abdômen. Ele meio que se ama demais. Demais mesmo.
Ele tem uma política de não se vestir em casa que eu desisti de contestar há alguns anos, é alguma teoria sobre o funcionamento do amor próprio e sua vontade infinita de mostrar a pele bronzeada.
— isso é por causa da festa de boas vindas? — essa pergunta trava meus músculos. Com muito esforço, coloco a mochila nas costas e vou até a porta.
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3 •Me Esqueça, Por Favor - Blue Sky City
RomancePeter Brooks está no auge dos seus trinta anos, com uma vida profissional invejável, dinheiro de sobra e mulheres caindo aos seus pés não importa a direção que olhe. Nenhum homem iria desejar mais que isso. Não é? Ele achava que sim, até finalmente...