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Ele olhou para mim com os olhos vermelhos e inchados, cheios de lágrimas. Reparei que na sua mão havia um bisturi. Provavelmente ia cometer suicídio.

— Eu não vou pedir desculpa e muito menos te impedir de tirar a própria vida. Mas acho que se queremos salvar os nossos amigos, precisamos trabalhar juntos. Além do mais, Jimin fez-me prometer que tomava conta de ti. Se achas que a culpa de eles saberem cada passo é minha, então, a partir de agora, és tu quem decide o que vamos fazer. Vou começar por dormir, já que há bocado disseste que precisávamos descansar. Aproveitar que é de noite lá fora. Se decidires viver, estou no sofá. — disse, indo para a outra sala.

Deitei-me no sofá e fechei os olhos. Quando estava quase a adormecer, senti um corpo colar-se ao meu.

— Desculpa, Yoon... — sussurrou o ruivinho.

Continuei com os olhos fechados. Algum tempo depois, olhei para trás para me certificar de que ele já havia adormecido. Por muito que eu tentasse dormir, o meu sono sempre demorava a chegar.

Sempre fui uma pessoa de dormir pouco por causa disso. Eu precisava de estar cansado ao extremo para adormecer rapidamente. Isso, e também não ter nada a ocupar-me a mente, o que não era o caso de agora.

Por mais que tentasse evitar, os meus pensamentos vagavam para duas coisas que o homem disse na chamada e que me faziam questionar. Como assim nós somos a principal solução para o problema dele? E como é que o passado do Hoseok está envolvido com o que está a acontecer?

Sem conseguir achar uma resposta para a primeira pergunta, considerei que devia me focar na segunda. Precisava de ser direto e confrontar o ruivo sobre o passado dele e porque razão ele havia reagido tão mal quando mencionei os seus pais.

Não que eu não tenha reagido mal quando ele mencionou os meus, mas pelo menos eu sabia os meus motivos e ele também. Agora acho que tenho o direito e ainda ganhei mais quando o homem comentou acerca disso na chamada, de saber o que raio aconteceu com os pais dele no passado.

Mas, por mais direto que eu queira ser, preciso achar uma forma suave e não tão agressiva de falar sobre isso. Não estou aqui para magoar ninguém. Nem mesmo por vingança do que ele me disse, eu o faria.

No meio dos meus pensamentos, fui obrigado a fechar os olhos, quando o ruivo se mexeu atrás de mim, puxando-me mais para ele. Devido a estarmos no sofá, estávamos em conchinha. Eu a de dentro e ele, a de fora.

E com a proximidade que isso exigia, conseguia sentir o cheiro de tangerinas do seu cabelo. O cheiro que me acalmava a alma e me aquecia o coração. Tentei desviar isso da minha consciência porque não podia esquecer que ele me magoou e que eu ainda estava chateado.

Continuei então a pensar qual seria a melhor abordagem com ele sobre o assunto delicado. No entanto, minha atenção desviou-se novamente para ele.

— Não... — sussurrou.

— O quê?

— Por favor... Não! — disse ele.

— Hoba, estás acordado? O que é que é não?

— Não!!! Para!! — gritou, por fim.

Assustado, virei o meu corpo imediatamente para ele. O mesmo estava com a respiração e os batimentos cardíacos acelerados. Começou a transpirar e a mexer-se freneticamente, enquanto balbuciava algumas frases sem conexão e gritava outras tantas.

Era óbvio que ele estava a ter um pesadelo. Por isso mesmo, agarrei nas suas bochechas e chamei por ele, colocando o meu corpo por cima do seu para impedir que continuasse a mexer-se.

— Hoba! — chamei novamente.

Os grandes olhos castanhos abriram-se e fixaram-se no meu olhar, invadindo-me a alma e lendo todos os meus segredos. Não sei o que ele via nos meus olhos, mas no dele vi medo e confusão.

•ʀᴜɴ ʙᴛs•sᴏᴘᴇ•Onde histórias criam vida. Descubra agora