↬𝟏𝟔↫

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Olhando para eles, sorri e então, ajoelhei-me. Senti o olhar de Hoseok sobre mim. A minha mente vagueava por inúmeras coisas.

Sejam memórias de bons momentos que passamos antes, sejam os bons momentos que passamos todos juntos, mesmo durante tudo isto.

Frases de apoio ditas por eles, era outra coisa que me ocupava a cabeça. Mas havia uma que se destacava de todas as outras. Um pensamento que nunca pensei vir a ter. Algo que jurei a mim mesmo que não ia acontecer, independentemente do que houvesse.

Mas aqui estou eu. Pronto para me render.

— O que é que estás a fazer, Yoon?

— A render-me. É assim tão difícil de perceber?

— Ai, meu deus, minha nossa senhora de Fátima. É desta que o rapaz enlouqueceu de vez. — gritava o ruivo, já eufórico.

— Não enlouqueci nada. Tu é que estás maluco. Para de gritar e faz o mesmo que eu, idiota.

— Eu?! Nem pensar! Não me vou render. Vou lutar pela vida. Afinal é uma das poucas coisas que é minha por direito, por mais que ela me faça constantemente sofrer.

— Disseste que confiavas em mim! — gritei, levantando-me do chão, mas permanecendo ali, no ponto que marcava o meio entre a distância do ruivo e dos meus amigos.

— Pois disse. Mas também disse que por mais que confiasse, não era doido a fim de cometer uma loucura. E isso definitivamente é o que estás a fazer agora!

— Preferes fazer o que, então? Espancar os nossos amigos? Ou enfrentar os cães deles? Sabes bem que, por mais que nos conheçam, eles não vão hesitar em nos morder para defender o dono. — comentei, constatando o óbvio.

— Prefiro isso a dar parte de fraco e render-me. Pra isso, nem sequer tinha fugido das outras vezes. Deixava-me apanhar e já tinha poupado muito estresse e correrias. Não me digas que vais deitar tudo a perder e que tudo o que fizemos para sobreviver vai ser em vão?!

— Não vou, nem estou a fazer isso. Será que preciso explicar tudo timtim por timtim para perceberes o que quero dizer ou quê?

— Tenho cara de bruxo, Yoon? Não. Então, sim, precisas de explicar tudo detalhadamente porque eu não vou fazer magia para ler a tua mente, nem tenho o poder de adivinhar as coisas.

— Tu és de outro mundo, só pode. — disse, caminhando até ele.

— De outro mundo, o caral...

Interrompi-o, agarrando no seu pulso e levando-o até ao local onde eu estava.

— Ajoelha. — disse eu.

Quando o vi arregalar os olhos, apercebi-me do duplo sentido que aquilo tinha. Não era definitivamente a minha intenção, mas tenho de admitir que gostei de ver a sua expressão ao ficar de joelhos à minha frente, sem nunca tirar os seus olhos dos meus.

O filho da puta estava a fazer aquilo de propósito e para me provocar ainda mais, passou a língua pelos seus lábios.

— Não me digas que estamos numa situação destas e tu ficaste duro de repente. — provocou ele, rindo.

— Idiota. — respondi-lhe, ajoelhando-me também.

Feito isto, aproximei-me dele e peguei no meu telemóvel, esquecido no bolso do meu casaco à muito.

Voltei a ligá-lo e entrei no bloco de notas. Uma vez que eles nos conseguiam ouvir através do ruivo, eu não poderia falar o meu plano. Então comecei a escrevê-lo para que ele o pudesse ler.

Percebendo a minha ideia, o mesmo começou a ler o que eu estava a escrever.

"Não estou definitivamente a entregar-me. Simplesmente esta é a forma mais fácil de entrarmos naquela base sem que nos tentem matar enquanto o fazemos. Além do mais, assim temos a chance de conhecer quem está por detrás disto e analisar melhor o inimigo, convencendo-o de que ganhou a batalha. Quando menos ele esperar, vamos atacar. Uma vez que estivermos no interior da base, também podemos arranjar uma maneira de tentar descobrir um método de desativar os nano robôs de toda a gente. Quanto aos nossos amigos, quando eles nos virem presos, isso pode ser a chave para fazer a falha do sistema dos seus nano robôs se evidenciar, fragilizando-os e dando a oportunidade de o cérebro deles vencer. Então, pelo amor de Deus, para de gritar e de fazer esse escândalo todo, confia em mim e faz como eu, faz favor."

•ʀᴜɴ ʙᴛs•sᴏᴘᴇ•Onde histórias criam vida. Descubra agora