•ʀᴜɴ ʙᴛs•sᴏᴘᴇ•

↬𝟎𝟓↫

— Vocês não desconfiam de mim, né? Por que o fariam? Somos amigos! Nunca vos faria mal! — gritei, irritado.

Mas ninguém me respondeu. Apenas alguns minutos após um período de silêncio, foi ouvida a voz de Jin.

— Sai daqui! — disse ele, apontando com o dedo na direção do bueiro.

— É sério isso? — questionei,zangado.

Avancei dois passos para a frente, vendo-os andarem dois para trás para manterem a distância.

— Pelo que vimos, demora meia hora para a pessoa se transformar! Eu fui ferido há horas!!! Já deveria ter feito efeito até o tempo de dois dias! Eu precisava ter morrido ou desmaiado para a merda da flecha ter se desintegrado e me infetado ou como é que essa merda funciona! E eu a arranquei antes disso! Tu viste, Hoseok! Por que é que não dizes nada?! Tu mesmo comprovaste com os teus próprios olhos o que acontecia a quem era atingido, Jimin! E em nenhum momento isso aconteceu comigo! Digam alguma coisa porra!

Os nervos estavam à flor da minha pele. Não conseguia parar de gritar devido à situação. O Namjoon olhava para mim preocupado e assustado, enquanto todos os outros evitavam manter o contato visual.

— Porra... — sussurrei já a chorar. — Se eu estivesse infetado, por que razão eles tentariam me perseguir e atingir novamente? — questionei, fraco e triste.

Olhei para os meus pés. Consegui ver algumas lágrimas caírem do meu rosto e molharem os pelos brancos de Holly, que estava à minha frente sentada e a chorar também.

Nesse momento, todos os nossos amigos peludos começaram a ladrar para o bueiro. Nenhum de nós entendeu até percebermos o som de passos vindos dos esgotos. Não demorou muito para que alguém estivesse a tentar levantar a tampa que dava acesso aos esgotos.

— Vão pela parte de dentro da casa do Jungkook. — disse eu, desviando o que estava a bloquear aquela porta.

— "Vão"? E tu? — questionou Taehyung.

— Eu vou ficar para trás e empatá-los. Se eu estou, de facto, infectado, eles não me vão atacar,então posso ficar aqui mesmo. — disse, forçando um sorriso.

— Mas, Yoongi, não precisa...

— MANDEI IREM! — gritei, interrompendo Jungkook.

Eles encolheram-se com medo, mas obedeceram ao que eu disse. Fiquei parado a observar a mesa subir e se desviar do bueiro a cada vez que a pessoa que estava por baixo batia nela para que se abrisse.

Durante alguns segundos, vi passar na minha mente, todas as memórias que eu queria esquecer. Todos os momentos em que me arrancaram a pouca alegria e energia que ainda havia dentro de mim, sugando-me para um mundo de tristeza e solidão.

As coisas melhoraram depois de conhecer Namjoon, Jungkook e Taehyung. Mas esses meus demônios não me largavam por nada e de vez em quando voltavam para me lembrar de que ainda estavam ali, no meu interior, prontos para me atormentar.

Fui acordado dos meus pensamentos por uma mão quente a rodear o meu pulso e a puxar-me. Ao me virar, deparei-me com o rapaz de cabelos ruivos. O mesmo esboçava um sorriso enorme. Sem me dar hipótese de reclamar, arrastou-me com ele, ambos correndo e saindo dali.

— Vamos! Depressa! — gritava ele.

Continuei a correr atrás dele, apesar dele não me largar o pulso. Quando saímos da porta da casa de Jk, corremos pela rua abaixo até chegarmos a um lugar onde havia uma van preta à nossa espera. Jin estava no volante, Namjoon no carona, e todos os outros atrás, na zona onde se leva a mercadoria.