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Juliette:

Quando terminamos o banho, a fome apareceu, então resolvemos ir preparar alguma coisa para comer antes de ir dormir, mas a verdade era que nenhuma das duas queria dormir, queríamos curtir juntas cada segundo que nos restasse, e pensar que tudo isso poderia acabar daqui há um dia, me deixava apavorada.

— Agora que estamos finalmente assumidas, consigo enxergar com clareza o que você vivia me falando. Sarah comentou, quebrando o silêncio.

A loira havia decidido que faria o lanche, então apenas me sentei à mesa, enquanto a observava.

— Sobre o quê? Perguntei.

— Sobre a gente. Ela fez uma pausa enquanto pegava mais um ingrediente. — Não deixo de acreditar que a forma como eu pensava era correta, talvez hoje não tivéssemos na situação que estamos, emparedados. Mas, eu também consigo entender que perdemos muito tempo fingindo ser distantes, quando tudo que queríamos era estar perto. Perdendo momentos que poderiam ter sido incríveis, como todos que já tivemos juntas. E acima de tudo também não estaríamos na situação que estamos, sendo livres pra nos amar. Ela sorriu quando seu olhar encontrou o meu. — E isso não tem preço.

— Não tem mesmo, meu amor. Levantei-me e caminhei até a loira. Envolvi meus braços em torno da sua cintura. — Eu amo o que a gente têm. Beijei a lateral do seu braço.

— E eu amo você. A loira virou-se de frente pra mim e envolveu seus braços em volta do meu corpo. — Obrigada por não ter desistido da gente, por ter entendido meu medo e por ter tentado abrir meus olhos quanto a isso. A loira depositou um beijo sobre minha testa, e eu sorri com o gesto. — Eu te amo tanto, Juliette. Ela sussurrou após colar sua testa na minha, e seus olhos se encontrarem com os meus.

— Eu te amo muito, minha sarará. Um sorriso apaixonado tomou conta dos meus lábios. — Você nem imagina o quanto. Selei nossos lábios.

A loira encaixou nossos lábios, e chupou o meu lábio inferior lentamente. Uma de suas mãos subiu ao encontro da lateral do meu rosto, e ela a repousou ali. Esbocei mais um sorriso enquanto meus olhos se fechavam. Sarah roçou seu nariz no meu, e em seguida deslizou seu polegar, contornando meus lábios.

Repousei minhas mãos nas laterais de sua cintura, e pressionei meus dedos num aperto. Ela soltou um breve riso pois entendeu que eu não aguentava mais aquela tortura, queria sua boca na minha.

A loira afastou seu polegar para minha bochecha, e sua boca finalmente veio de encontro a minha. Ela continuou me provocando, roçando nossos lábios, e quando eu tentava avançar, ela afastava e soltava um breve riso.

— Me beija logo. Pedi quase como uma súplica.

— Você tá me implorando?! Ela sussurrou com um ar autoritário.

— Entenda como quiser, apenas me beije. Sussurrei de volta enquanto abria meus olhos, e suas pupilas pareciam ter tomado toda íris esverdeadas, tamanho era o seu desejo.

Deixei meu olhar cair sobre seus lábios por um segundo e apertei novamente sua cintura. Sarah não hesitou, tentou colar nossos lábios mas foi a minha vez de me afastar. Soltei sua cintura, e ia dar a volta para me sentar novamente na cadeira enquanto ria da cara de frustrada da loira.

— Não brinque com Juliette Freire, viu Sarah. E as bananas estão queimando. Avisei.

A loira rapidamente pegou a espátula para virar as bananas na frigideira. Sarah tinha resolvido fazer banana frita.

— Que raiva de você, Juliette. Sarah respondeu enquanto eu ainda ria.

— "Você tá me implorando?!" A imitei.

— Você ainda vai me implorar, Juliette Freire! Sarah apontou a espátula na minha direção.

— Aí amor, você tinha que ver a sua cara. Coloquei a mão sobre meu rosto, tampando-o.

— Vai ficar sem comer também. Ela brincou e finalmente riu da situação.

— "Cê tá tão xélia, mozão" Imitei uma frase dita por ela há algum tempo atrás. Ela fez uma careta em resposta.

Finalmente as bananas ficaram prontas, Sarah as envolveu no açúcar antes de despeja-las no prato. Pegou dois garfos e se sentou ao meu lado.

—  Parece que já tá clareando, né?! Após sua fala, levei meu olhar de encontro a porta da cozinha e realmente lá fora aparentava estar mais claro.

— Sim, amor. Suspirei ao perceber que as horas aparentavam estar voando, e talvez minhas horas ao lado da loira estivessem contadas.

Pensar no paredão me deixava aflita, com o estômago borbulhando de nervoso, o coração chegava acelerar, mas eu não queria deixar a Sarah mais nervosa então estava guardando pra mim. Eu sou apaixonada pelo Gil, mas a Sarah é a minha outra metade.

Enquanto comemos o silêncio se instalou novamente, talvez a loira estivesse se torturando com os mesmos pensamentos que eu. Soltei um suspiro na intenção de mandar pra longe esses pensamentos torturantes e a sensação de agonia.

— Tão fazendo o que acordadas até essa hora? A voz sonolenta de Gil surgiu, quebrando o silêncio e nos fazemos olhar em sua direção. — Também não tão conseguindo dormir?!

— É.. e já já amanhece, e acho que vamos esperar o raio-x pra não precisar levantar duas vezes. Sarah informou.

— Eu até consegui cochilar um pouco, mas não tô conseguindo mais voltar a dormir. Gil comentou.

— Porque, amigo? Puxei uma cadeira ao meu lado para que ele se sentasse, e com um gesto o ofereci a banana frita, e com outro gesto Gil negou.

— Tinha um casal bem safado fazendo um rale-rola do outro lado do quarto. Gil comentou fazendo Sarah quase se engasgar e eu comecei a rir.

— Gilberto, pelo amor de Deus, eu tô comendo. Sarah falou entre risos após se recuperar. — Você ouviu mesmo? A loira voltou a rir.

— A gente nem fez tanto barulho assim, pare de história, viu. Comentei ainda rindo.

— Eu pensei até que tava sonhando quando ouvi o barulho do "rank rank" da cama. Gil começou a rir.

— Deixe de besteira, homi. Dei um tapa sobre seu braço. — A gente nem faz essas coisas, eu ainda sou virgem e tô me guardando pro casamento. Tentei parecer séria, mas Sarah e Gil só riram ainda mais. — Beijo, mãe. Comi o último pedaço de banana.

— Bicha sonsa essa Juliette, quem não conhece, até compra essa ideia. Gil brincou de volta enquanto eu fazia careta de convencida.

— Não sei quem é pior, se é o descarado ou a sonsa. Sarah brincou.

— É a galega do pão doce. Gil respondeu.

— E que doce hein... Respondi encarando as íris esverdeadas.

— Juliette!!! A loira repreendeu com as bochechas avermelhadas.

— O quê? Tô falando da banana frita, mulher. Apontei pro prato vazio sobre a mesa. — Nossa, uma delícia. Voltei a encarar a loira que começou a rir.

— Eu não tô dormindo mais não, viu Juliette. Foi a vez de Gil dar dois tapinhas em meu braço. — Tô bem acordado e sacando esse seu duplo sentido aí. Gil comentou rindo, e nos fez rir junto.

— Vocês têm a mente podre, isso sim. Disse me levantando, e recolhendo o prato e os talheres. Caminhei até a pia e os lavei.

Algumas horas depois, o toque do despertar acordou o resto do pessoal. Sarah, Gil e eu fomos os primeiros a fazer o raio-x, depois de um tempo Sarah e eu nos deitamos pra tentar dormir, enquanto Gil foi preparar algo pra comer antes de ir dormir.

Sariette - Paixão de RealityOnde histórias criam vida. Descubra agora