Sariette - Paixão de Reality

06

pov: narrador

A balança irreal em que Sarah pesava o seu lado profissional e pessoal estava conseguindo se manter em peso quase condizente, por uma semana estava sentindo que estava no controle de sua vida novamente, mas com a proximidade do grande lançamento de sua marca de jóias, ela havia desequilibrado o peso da balança de maneira exorbitante. Infelizmente havia dias em que não conseguia sequer encontrar sua esposa acordada - pois ela era tomada pelo cansaço maternal- quem dirá a sua filha. Mesmo com o sentimento de culpa, Sarah se manteve empenhada em dar o melhor de si para que seu lançamento fosse um sucesso, ao ponto de conseguir tirar outro momento de férias com a sua família. Por mais que Juliette tentasse a todo custo entender a ausência de sua esposa, havia dias em que se sentia sufocada da sua rotina exaustiva e repetitiva.

— Amor, eu vou cair! — Disse Juliette, que estava tendo seus olhos vendados pelos dedos de sua esposa, enquanto se direcionavam para a área externa da casa.

— Você não confia em mim?! — Sarah perguntou, tentando equilibrar Lua em seu colo, ao mesmo tempo em que impedia sua esposa de enxergar qualquer vestígio da sua surpresa.

— Confio. — Respondeu, sentindo um friozinho na barriga por estar sendo tomada pela ansiedade.

— Eu vou tirar a mão, mas mantenha os olhos fechados. — Ordenou Sarah, de forma carinhosa.

Sarah havia conseguido parte da manhã de folga, e aproveitou para compensar sua família por sua ausência, presenteando-as com uma manhã especial, recheada com um delicioso café da manhã, apesar do clima nublado instalado no céu já cedo, o céu havia ganhado uma cor acinzentada, desde o dia anterior, e havia sido completamente coberto por nuvens carregadas, anunciando que uma hora ou outra a tempestade viria.

Um pano de tonalidade clara estava aplicado sobre a grama macia do quintal, onde foi sobreposto uma cesta de tamanho mediano, recheada com diversas frutas, chocolates, bisnagas, e tudo o que um bom piquenique precisa para o cenário perfeito. Lua, que não estava entendendo absolutamente nada, além de sua vontade em devorar aquelas delícias, foi sentada sobre o tecido de pano, como parte da surpresa.

— Muito bem mocinha, colabora com a mamãe e não faz bagunça em. — Sarah tentou sussurrar para a filha, que não deu a mínima e aproveitou a aba da cesta aberta para agarrar um morango, com seus minúsculos mas ágeis, dedinhos. — Ô filha. — Sarah soltou uma risada baixa enquanto admirava a cena de sua pequena devorando um pequeno moranguinho, e constatou que a surpresa ficou ainda melhor com o redor dos lábios de Lua avermelhados pelo suco do morango, além de ter sujado um pouco seu próprio body branco com florzinhas amareladas.

— O que tá acontecendo em? — Juliette perguntou pela demora de sua esposa em libera-la. — Já posso abrir os olhos?

— Só mais um minutinho, amor. — Sarah olhou para Lua, e pensou rapidamente se haveria perigo em deixa-la sem supervisão por menos de um minuto, mas ao vê-la tão focada em terminar de comer a fruta, decidiu correr para o interior da casa para pegar a surpresa final. — Agora você pode abrir seus olhos. — Sussurrou ao pé do ouvido de sua esposa, antes de depositar um singelo beijo sobre a pele de seu pescoço, fazendo Juliette se arrepiar inteira com o ato.

Sentiu o despertar das borboletas em seu estômago, e foi tomada por uma sensação de como é bom se sentir amada. Talvez, a solidão que sentiu nos últimos dias tenha correlação com o fato dos olhos escuros terem se derramado em lágrimas de emoção, que rolaram por todo seu rosto, e por estar sem qualquer vestígio de maquiagem, seus dedos foram ágeis na tentativa de seca-las. O ato romântico foi o ápice da surpresa, apesar de Lua permanecer focada em revelar os alimentos, retirando-os de dentro da cesta. Quando finalmente se recuperou daquela linda surpresa, e se virou para encarar sua belíssima esposa, foi surpreendida mais uma vez. A loira estava com um lindo ramalhete de tulipas vermelhas nas mãos.