22

602 67 56
                                    

pov: narrador

— Você vem, né? — Abadia questionou a nora, no exato momento em que a ligação foi atendida.

— Parabéns, sogrinha. — Juliette ignorou a pergunta mais importante daquela ligação, de propósito. Afinal, não sabia como responde-la. Desde o beijo, não sabia que rumo as coisas tomariam para ela e para Sarah, pois não conversaram mais sobre, apenas mantiveram toda sua atenção para a pequena garotinha que as uniria para sempre. — Que seja mais uma primavera florida, e que a senhora continue sendo esse ser de muita luz e pureza. — Desejou a paraibana.

— Você continuar me chamando de sogra, já é um ponto. — Abadia disse eufórica, tentando não demonstrar muita animação com aquele comentário que levava esperança para a sogra que sonhava em ver a nora fazer as pazes com sua filha, que seguia chorando todas as noites.

— Não é ponto nenhum, é um costume viu, dona Abadia. — Respondeu ligeira, implicando com a sogra, por quem morria de amores.

— Você tá fazendo isso comigo logo hoje, Juliette Freire Andrade? — Abadia forçou um tom de voz triste, na tentativa de comover a nora, que riu da encenação da sogra.

— A senhora não existe.

— Eu sei que talvez seja pedir demais.. Na verdade, não! Não é pedir demais que minha família inteira esteja reunida no jantar do meu próprio aniversário. — Abadia disse firme, talvez como nunca ousou. Mas era importante para a mãe de Sarah, que todos estivessem reunidos em seu aniversário, afinal são uma família, e família deve permanecer unida. — A sua relação com a Sarah é muito importante pra mim, e pra todos dessa família, e é óbvio que nós queremos que vocês façam as pazes, mas não quero que isso interfira na sua relação conosco. Você é como uma filha pra mim e pro Evandro, e só Deus sabe como essa situação também tá acabando com o meu coração, mas prefiro acreditar que é uma pequena crise e que logo vocês vão ficar bem. — Desabafou. — Mas eu preciso que vocês deixem isso de lado hoje, e festejem comigo.

— O que eu falo depois disso? — A paraibana brincou. — Sim?!

— Ótimo! — Abadia respondeu, tentando não deixar sua voz carregada de felicidade que aquela confirmação trouxe pra si.

— Mas saiba que eu jamais deixaria de prestigiar a senhora em dia nenhum, muito menos no seu aniversário, eu também tenho um amor imenso por você, por vocês. E não precisava desse discurso pra me convencer de nada, viu? Apesar de tudo, eu tô mais confirmada do que a senhora. — Brincou, sentindo o coração apertar com a hipótese de ter Sarah mais perto, outra vez.

— Vejo vocês daqui a pouco. — Abadia se despediu, e finalizou a ligação.

Para Juliette, era completamente novo esse sentimento de inquietação se tratando de tudo que remetia à Sarah, de maneira direta ou indireta. Era angustiante pensar que teriam que finalmente conversar sobre o que ela não permitiu que acontecesse naquele dia fatídico. Enquanto para Sarah, era compreensível que sua mulher tivesse tomado tal atitude diante das informações chegadas para ela, pois sabia que com o tempo tudo se resolveria, entretanto gostaria que ela tivesse confiado nela, como da primeira vez.

Juliette sentiu o coração apertar quando finalmente tomou coragem de descer do carro e se dirigir até a residência dos Andrade. Já fazia uma semana desde o beijo delas, mas parecia ter sido ontem, já que todos os dias sonhava com ele.

Lua era como um amuleto, transmitindo paz e leveza à mulher que a segurava pelas mãos, deixando-a caminhar com os próprios pezinhos. Não foi preciso tocar a campainha, pois ao chegarem próximo a porta da casa, foram surpreendidas por Lúcia, a empregada doméstica.

Sariette - Paixão de RealityOnde histórias criam vida. Descubra agora