21 - TAC: TOSCO, ARROGANTE E COMPULSIVO

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    Theo ligou de volta para Liam, agora sem ter pressa para continuar seguindo o padrinho. Ele talvez falasse sobre a experiência estranha do “também”, ou perguntasse de vez o que era Tac, ou só falasse “Graças a Deus que mudou de ideia” como se só tivesse recebido a notícia naquele exato momento. Mas no final ele não disse nada, porque o telefone chamou e chamou, mas Liam não atendeu a primeira ligação, nem a segunda, nem a terceira e muito menos as que vinharam depois da quarta.

Por que tá insistindo? - T

Porque eu quero falar com ele. Tenta de novo – T

Isso é loucura, não é como se ele fosse atender - T

Ah, já foram nove ligações, tenta mais uma, só pra não ficar número ímpar - T

Então o telefone chamou uma vez, duas vezes, três vezes e...

Vai ver ele está ocupado, ou só ignorando a gente mesmo. Não importa - T

  Parecia tudo bem, porque era como deveria estar. Mas nem tudo é como deveria. Nem todos cristais se rompem, nem todos quartzo são fáceis de achar. E nem sempre um Liam Tac queria ser encontrado, porque estar sendo Tac e perceber isso era novo. Novo o suficiente para fazer ele se previnir de ser mais Tac, com mais pessoas.

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InstaUp - chat

Liam Dunbar: Sabe aquele lugar que passamos de barco?

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  Theo ligou a tela do celular quando ouviu vibrar, ele mirou a mensagem e sua mente sussurrou um agradecimento por finalmente ser respondido

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InstaUp - Chat

Liam Dunbar: Sabe aquele lugar que passamos de barco?

Theo Raeken: Sabe as 10 ligações que te fiz?
Theo Raeken: De que lugar está falando??? Onde você tá? Por que não atendeu?
Theo Raeken: Está falando do lugar que passamos com o Corey e o Ícaro?

Liam Dunbar: Não, do outro.
Liam Dunbar: Do lugar que você me ensinou a remar.

Theo Raeken: Sim, claro.
Theo Raeken: O que tem ele?

Liam Dunbar: tem como ir lá andando?

Theo Raeken: Você vai pra lá?

Liam Dunbar: Então tem como ir?

Theo Raeken: Você se perderia!!!
Theo Raeken: Vai dormir lá em casa hoje? Tenho uma coisa para te contaaar.

Liam Dunbar: Admite.

Theo Raeken: O quê?

Liam Dunbar: Tá com saudades de fofocar. Deixa a janela aberta, que já estou chegando.

Theo Raeken: Você sabe que minha casa tem porta, certo?

Liam Dunbar: Mas aí perde a graça.

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[...]

— Eu te liguei 10 vezes, por que não atendeu? – Theo perguntou, e Liam não responderia que estava fazendo drama e esperando uma outra ligação depois da segunda, mas acabou ficando com vergonha e sem graça para atender a quarta, após deixar a terceira passar — Sério, foi humilhante.

— Desculpa – Liam falou, descendo a janela do quarto. Theo jogou algumas coisas que trazia em cima da cama, alguns doces exigidos por Liam — Tava ocupado? – perguntou, em um tom de “é isso que devo dizer?”. Ele caminhou até a cama, analisando se todos seus precisos doces estavam alí.

— Sucking whose dick? – Theo perguntou no mesmo tom, observando, de pé ao lado da cama, Liam abrir o pacote de Bis.

— Ah, quem me dera. Devia ter ficado com o Corey, antes de pegar intimidade, ou com você – o Dunbar falou naturalmente, vendo o amigo arregalar os olhos — O quê? Tipo, depois seríamos amigos, mas virar amigos e depois tentar ter algo casual é meio estranho. Pelo menos eu acho

— Só cala a boca e come – Theo falou, um segundo depois Liam estava empurrando um Bis para dentro da boca — Eu vou tomar banho, ver se não faz barulho, meu pai está dormindo.

— Posso ler sua conversa com o Victor? – Liam perguntou enquanto abria outro Bis.

— Não?

— Okay, eu vou embora, não precisa me expulsar – dramatizou, enquanto o amigo só revirou os olhos e entrou no banheiro.

[...]

  Liam estava em uma luta para amarrar o cordão no pescoço, havia achado o colar entre seus doces e desde então tentava manter preso em seu pescoço, mesmo que o cordão fosse curto o suficiente para tornar um choker. A pedra estava firme no cordão, e era um mimo com sua impecável transparência e formato retangular.

— Por que isso é tão fino? – questionou, já cansado, estava prestes a desistir da gargantilha quando Theo saiu do banheiro, com a folha no ombro e vestido de roupas mais leves — Finalmente! Me ajuda aqui – falou, com as mãos ainda na nuca.

— Te ajudar a roubar meu colar, que pode ser da minha futura esposa? – Theo perguntou, enquanto Liam o olhava com uma cara de “É” — Não?

— Só quero ver como fica, sua esposa imaginaria não vai ficar magoada – o Raeken suspirou, sabendo que o amigo não o deixaria ele em paz.

  Ele andou até a cama, analisou a situação, então buscou pelas pontas dos cordões escondidas nos dedos de Liam, que foi cedendo o controle a ele. Não era um caso complicado, só precisava de um nó mais apertado, por isso Theo decidiu dar dois. O primeiro, foi tranquilo, as pontas redondas de seus dedos se chocando enquanto passava o nó. Já o segundo tinha um limite de fio bem curto, Theo precisou aproximar o rosto e tentar puxar com os dentes assim que conseguiu passar o nó mas não firmar ele.

   A respiração do Raeken saiu pelo nariz, assim que o pedaço curto da palha foi pego pelo seus dentes. A corrente quente do ar expirado por ele fez uma leve cócegas na pele do Dunbar, que já estava formigando por causa do colar antes. Theo pausou os olhos, somente para inclinar a cabeça para o lado, puxando o fio, dando força ao laço. No entanto, fazendo com que uma gota voasse para fora de seu cabelo ainda úmido, e atingisse o Dunbar. O garoto tremeu um pouco, quando a gota bateu em seu ombro, o que assustou um pouco Theo, qual tinha as mãos ainda próximo de sua nuca.

— Gelado – foi a única coisa que Liam disse, erguendo a cabeça, que tinha abaixado para dar mais visão de seu pescoço a Theo — Que sabonete você usa? É cheirosinho.

— Anoxer – Theo respondeu, se afastando, ele fico de pé ao lado da cama, como se quisesse uma visão ampla de Liam com o colar.

— É brilhoso, gostei – Liam comentou, apoiando os braços atrás do corpo, para poder se inclinar até a luz da lua que invadia o quarto. Deixando o colar que já brilhava refletir a iluminação natural.

  Theo piscou os olhos, um pouco incomodado com o brilho que era um grande contraste para lâmpada apagada do quarto. Já o Dunbar não pareceu ligar, mirando para que refletisse perfeitamente no rosto de Theo.

— Onde comprou?

— Eu fiz.

— Ah, então por isso é especial.

— Se fosse especial eu não deixaria você usar – Theo afirmou, o outro não parecia se importa, só sacudiu os ombros, direcionando a luz novamente para os olhos de Karl que já se abriam.

— Já que não é especial, eu vou ficar – Liam falou, Theo fingiu uma cara surpresa — Não se faça de durão, admite que é especial e eu não fico.

— Se eu falar que é especial, vai ser só mais razões para você ficar – o Dunbar concordou — Abriu o pacote de gelatina? – perguntou, olhando o pacote de minhocas aberto.

— Só comi dois, ou seja, tem duas viúvas nesse pacote – Liam declarou, piscando para o amigo enquanto tirava o apoio que colocava nos braços, e apenas se sentando normalmente na cama.

— Nada pervertido.

— Vamos ao que interessa, Theo! Quais são as novidades?

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