27 - COISAS QUE SÓ NÓS SABEMOS, LUGAR QUE SÓ A GENTE CONHECE

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Theo escutava algo, mas não era um zumbido ou algo do tipo. Ele ouviu três toques suaves em sua janela, batidas de dedos que com certeza doíam ao se chocar contra o vidro, mas que continuava causando os estalos baixos.

A figura no lado de fora da casa, quase que completamente consumida pela falta de iluminação, parada em ver que o homem do lado de dentro já havia o visto. Entretanto, Theo parecia ter alguma dúvida se realmente queria que Liam entrasse alí. Hesitando em abrir a janela, algo que antes fazia sem nem pensar duas vezes, só que naquele situação que a mente do Raeken estava, ele precisava mais do que nunca de um milésimo de segundo sozinho.

Theo já estava pronto, tirando o olhar da janela e abaixando um pouco a cabeça, como se fosse prosseguir com o que fazia e deixar Liam do lado de fora. No entanto, outro toque soou de sua janela, chamando de volta a atenção de seus olhos. Desta vez, Liam estava pressionado um pacote de minhocas de goma fini no vidro.

- Isso é trapaça - a janela se abrindo, ferro deslizando sobre ferro. Liam sorriu fraco, enquanto Theo só dava espaço para ele pular janela.

- Foi você quem começou - Lembrou, assim que estava dentro do quarto, jogando o bilhete no amigo, que só sorriu - Como achou?

- O Ícaro, ele achou e jogou em mim, achei parecido com a pedra que tinha achado, então guardei - Theo relatou, olhando para o colar já no pescoço de Liam. A prata da corrente brilhando levemente com a iluminação do quarto - Gostou?

- Amei - foi uma resposta rápida demais. Theo quase não terminou de falar, e Liam já estava respondendo. O Dunbar caminhou em direção a cama dura como de costume, se sentando na mesma com uma queda - Obrigado - soprou, com delicadeza, lembrando da vez que havia errado a palavra. Theo sorriu, rápido, porque logo desmanchou o riso - Você está bem?

- Vou ficar com as azuis - ignorou a pergunta, pegando o saquinho de finis da mão de Liam. Os dedos pregando os lados do saco, dando um fraco puxar que foi o suficiente para arrebentar a cola.

- Ei! Você nem gosta delas - Liam acusou, enquanto Theo se sentava ao lado dele, também em uma queda. Os dois afundando centímetros na espuma da cama, os pés descalços de Theo tocando o chão com facilidade, enquanto a sola grossa do sapato de Liam fazia cócegas na superfície. O Dunbar com as mãos contra a cama, os dedos caídos na curva da beira. O Raeken com as mãos no pacote de guloseimas.

- Mas gosto do lado vermelho - explicou, olhando para dentro do saco em uma procura visual dos doces. A mente dele cessando qualquer questionamento e barrando a necessidade de ficar só, uma diferença visivel. O Theo de antes correria, se trancaria e ficaria dias se preciso sem falar com alguém, mas ele estava aprendendo algo novo, de primeira até tentou ignorar, ainda não estava acostumado a ter ajuda naquelas situações, mas agora era diferente. Agora parte dele sentia que precisava ficar sozinho... Sozinho com alguém que o conhecesse, soubesse coisas que só ele sabia até um tempo atrás, que conhecesse lugares e formas de fazer tudo parecer tão mais...

- Então é só partir e me dar a parte azul!

Simples, com problemas bestas que só gerassem ombros sacudindo no ritmo de risadas.

Liam deu a solução para aquela besta intriga criada pelo amigo, mas Theo negou, dando uma leve sacudida no pacote. Liam apenas encarou as gelatinas altitarem para o lado, ansioso pela primeira azul que aparecesse.

- Não, isso é besta demais.

- Já dividimos biscoito, minhocas de goma são o mínimo.

- Dividimos biscoito porque você é o idiota de 23 anos que só come a bolacha - Theo acusou, com dedos intrusos já cantando a minhoca azul no fundo do saco. Enquanto Liam retirou o olhar da ação, para queimar o rosto do amigo com sua indignação nos olhos.

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