Senhora Camila

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[...]

Um tempo depois percebi os dois homens, que haviam entrado na sala onde a Lyssa está, saírem. Um estava com um sorriso, como se tivesse conseguido exatamente o que queria, e o outro apenas o acompanhava.

Desliguei minha visão dos dois quando meu celular tocou.

- Dá pra atender essa merda logo? - Eric dizia sem paciência.

- Tá, tá, senhor estressadinho! - peguei o celular de meu bolso e o atendi.

- Adam? - uma voz feminina dizia do outro lado da linha.

- Sim? - interroguei.

- Enviei dois homens para falar com a Lyssa aí, quero saber se já chegaram - ela falava em um tanto quanto estressada.

- Então era seus homens? Ah, sim! Já vieram e já saíram - dizia animado até... - Não acho que era necessário ela ser baleada... - baixei um pouco a cabeça.

- Minha intensão não era essa. Na verdade só queria que ela levasse a culpa, mas se ela foi baleada, ótimo! - percebi seu tom irritado ir embora e uma voz convencida se manisfestar - Adam... Já fez aquilo que te pedi? - ela ainda me interroga.

- ...Sim... - fiquei cabisbaixo de repente...

- Não fique triste, Adam, você sabe que isso é para o bem dela! Ou você quer levar toda a culpa por ela ficar sem o futuro que ela mais quer? - notei ela arfar em um sorriso.

- N-não! Claro que não! Apenas acho que vai machuca-la demais quando ela descobrir tudo... - eu dizia mas a mulher me interrompeu.

- Ela não irá descobrir até que você esteja bem longe!... Preciso ir, Adam. Cuide das coisas, me mantenha informada e não ouse em vacilar comigo! - sua voz irritada voltou a tomar conta dela.

- Sim, senhora Camila -

Desliguei o celular e percebi o olhar amassador de Eric.

- Que foi? - interroguei revirando os olhos.

- Não vou falar é nada, Adam. Você sabe o que faz! - ele se levantou e começou a olhar prós lados - Cadê a Chay? Foi no banheiro ou foi construir um? - ele olhava para longe e eu nem prestava muita atenção.

Notei a Enfermeira voltar e entrar na sala da Lyssa, logo depois saindo e minutos depois voltando.

- Essa mulher tá com fogo no cu, só pode! - olhava para a mulher que havia acabado de entrar.

[...]

Um tempo depois dos dois homens saírem da sala eu estava completamente sem chão. Eu não sei mais o que fazer... Eu sou culpada pela morte de uma pessoa...? Eu sei que não sou! Mas ainda sim... Eu sou a única suspeita...

- Não se desespere, Lyssa... Sei que é difícil mas vai passar e eu acredito que você não é culpada - a enfermeira entrou e deixou uma outra ficha em cima de uma mesinha ao meu lado.

Não falei nada, apenas a observei sair novamente.

- VOCÊ ESQUECEU SUa ficha... - olhei para o que ela havia colocando na mesa.

Minha visão ainda estava turva mas consegui ler uma parte do que estava escrito.

- Responsável pela paciente... - aproximei mais a ficha de meu rosto e apertei mais os olhos - Camila... Moore... Espera... QUE? - soltei o objeto de minhas mãos e tapei minha boca com uma de minhas mãos.

Como assim Camila Moore é a minha responsável???? Ela está pagando tudo desse hospital...

- Quanto tempo ouvi falar nesse nome...? Oito... Nove! Nove anos sem dar notícias... - lágrimas rolaram por toda a extensão de meu rosto.

- Me desculpe, Lyssa, acabei esquecendo minha ficha aqui e... - a enfermeira havia entrado na sala.

- Quando iriam me contar que a minha responsável é a Camila? - levantei meu rosto, olhando agora nos olhos da mulher.

- Lyssa, eu- Não permiti ela terminar a frase.

- Nove anos, Nove... Anos... Foram dez anos de pura rejeição e nove anos de culpa por não ter sido o suficiente... - coloquei minhas mãos em meu rosto desabando ali mesmo.

- E-eu... - ela olhava pra mim com uma pena enorme - Eu vou te deixar sozinha, qualquer coisa me chame... - ela disse logo após saindo.

Ouvi meus batimentos cardíacos ficarem sem rumo, minha voz já não funcionava mais, meus olhos já estavam vermelhos, minha respiração estava parando aos poucos, meu peito apertou... Eu desmontei a chorar mais ainda.

Faz três meses que isso não acontece... Desde a rejeição da Sophy...

Eu sou tão insuficiente assim? Se não sou... Porque todos me abandonam?

Não consegui dormir, continuei afogada em meus pensamentos e lágrimas, e assim se passou minha madrugada.

[...]

09:12 am
Quinta-feira

Me disseram que depois da bala eu passei uma semana e meia em coma. A bala foi profunda e por centímetros não perfurou meu pulmão. Havia passado bem abaixo do rim.

No momento eu estava comendo ainda raciocinado o que havia acontecido ontem.

Muita informação ao mesmo tempo. Fui baleada, fiquei em coma, sou suspeita de um assassinato, vou ser levada a tribunal, Camila, que sempre me desprezou e me abandonou, agora é responsável pelas despesas desse lugar.

[...]

- Você terá alta hoje!! - a enfermeira dizia animada enquanto eu comia.

- Sério? Graças a Deus... Só vou ter que enfrentar um Juiz daqui pra frente - gargalhei.

- Você é desse tipo de pessoa, não é? - ela interrogou com um sorriso.

- Que "tipo de pessoa" você está falando? - coloquei a última garfada da comida em minha boca.

- Que mesmo toda fudida ainda leva a vida rindo - ela gargalhou e eu me juntei a ela.

13:09 am

Eu estava me preparando para sair daqui. Já estava prestes a tirar aquela roupa horrível do hospital até a enfermeira entrar novamente no quarto com um sorriso.

- Tem visitaaaa - ela cantou enquanto notei ele entrar.

- Adam! - corri e o abracei.

- Sem esforços, amora! - ele me repreendeu ainda me abraçando - Vou te ajudar a se arrumar - ele sorriu acariciando meu cabelo e olhou para a enfermeira.

- Já vou sair. Apenas a ajude a trocar a roupa! Ela não pode fazer esforço para não abrir os pontos! - ela insinuou algo e logo saiu.

- Já separei uma roupa confortável que não vai apertar sua barriga - Adam colocou uma bolsa em cima da cama junto com seu celular que estava na mão.

- Muito obrigado! - beijei sua bochecha - agora vira! - o encarei.

Ele não questionou apenas virou.

Comecei a tirar o "vestido" de hospital e me virei para pegar a roupa que estava na cama.

Eu e Adam agora estávamos costa a costa.

Ao colocar uma calça não muito apertada que o Adam havia me dado notei seu celular tocar, estava no silencioso, apenas reparei pelo celular ter ligado.

"Camila?"
Li mentalmente o nome do contato que estava ligando.

- "O advogado é o Steven. Faça de tudo para que a Lyssa vá amanhã às 15:00 em ponto. E enviarei um homem para pegar a arma na sua casa hoje às 23:00" - li uma mensagem que havia chegado.

Será que é a mesma Camila?... Espera... De que arma ela tá falando? E como sabe sobre mim?

E como caralhos o Adam conseguiu o número da minha mãe?

Starboy - Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora