12 | ᴀᴍɪɢᴏs

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— Ein... - Chamo atenção de Hayakawa. - Tenho uma teoria...

— Diga. - Ele diz.

Nós estávamos no caminho de volta para casa. Carregávamos nosso jantar embalado em mãos e andávamos em uma passarela próximos a praia.

— Bom, eu acho que deveríamos levar o nome do demônio em consideração: Demônio Marionete. - Ele franze as sobrancelhas sem entender. - Cada um de nós, demônios, recebemos um nome desses assim que os nossos poderes aparecem. Como você já deve saber, meu nome demoníaco é Kitsune, então, sou conhecida como Demônio Kitsune.

— E...? - Ele ergue uma das sobrancelhas esperando uma conclusão.

— E ai que o meu nome veio de acordo com os meus poderes: Poderes que lembram os de Kitsune, da lenda japonesa. - Espero que ele já tenha entendido, então o olho. - Ou seja...

— O nome do demônio "Marionete" tem algo relacionado com uma marionete, é isso?

— Bingo! - Digo sorrindo.

— Então, mas que tipo de poderes uma marionete teria? - Aki pergunta.

— É isso que andei pensando...

— Talvez ele possa controlar corpos? Ou... Ah, não sei. Fazer bonecos de pano? Um demônio costureiro? Isso não me parece muito amedrontador. - Ele para pra pensar em suas palavras.

— Controlar corpos! É isso! - Eu o olho. - Era por isso que senti um cheiro demoníaco muito fraco vindo do senhor da lanchonete! E por isso você encontrou o demônio apagado na caverna!

— Mas isso não explica a árvore chovendo sangue.

— Pois é... - Penso um pouco.

Nós já estávamos chegando na casa quando percebi de longe um banco de madeira, como aqueles de praça, mas esse estava virado em direção ao mar.

— Ei. - Ele responde com um "hm?" - Vamos comer ali? - Com uma das mãos, ergo a minha sacolinha onde estava o meu pedido, enquanto com a outra, aponto para o banco que estava sendo iluminado por uma luz amarelada.

— Tudo bem. - Com isso, caminhamos até o banquinho, passando um pouco da casa em que estávamos ficando.

Nós nos sentamos no banco, tendo uma vista incrível para a praia e suas águas calmas. Era tão bonito de se ver, e as lembranças que me vinham em mente eram mais ainda.

— O que você falou na lanchonete... - Eu começo a dizer entre as mordidas no meu Temaki. - Sobre irmos a praia. Você estava falando sério? - Pergunto tentando não fazer papel de boba.

— Não. Foi a primeira coisa que veio em minha mente. - Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns segundos. - Mas talvez, se você quiser...

— Sim! Eu quero! - Digo sorridente. - Porém é bem provável que não tenhamos tempo.

— É. - Ficamos em silêncio novamente.

   Eu queria dizer que achava que éramos uma boa dupla, mas com certeza ele não concordaria. Ele não gosta de demônios. Se não fosse por isso, imagino que seríamos bons amigos.

— Você não se sente mal em vir aqui? - Ele se refere à praia. - Ouvi alguns boatos que— - Eu o corto.

— Não, não me sinto. - Digo. - Se você iria dizer que os boatos que ouviu foram de que, Makima fez Angel acabar com toda a aldeia, sim. Os boatos estão certos. - Ele concorda levemente com a cabeça. - Não me sinto mal porque as memórias boas que tenho aqui permanecem sendo melhores que as ruins. Inclusive, imagino que essa aqui se tornará uma delas.

— Uma memória boa? Por que? - Ele pergunta sem entender.

— Porque vou me lembrar disso dessa maneira, uma memória... - Eu paro um pouco para pensar. - Para você, pode até ser uma memória ruim, mas— - Ele me corta assim como fiz antes.

— Por que seria? - Olho sem entender.

Eu já havia acabado de comer meu Temaki, assim como Aki já havia acabado seus Hossomaki. Agora, estávamos apenas conversando.

— Sabe... - Pouco me encolho no banco. - Também escutei boatos ao seu respeito. Um deles foi que você odiava demônios. Tirei as minhas próprias conclusões ao perceber como você age comigo e com o meu irmão.

— O que? Não. - Ele diz franzindo as sobrancelhas. - É completamente diferente. Vocês não matam por prazer, e como você mesma disse à um tempo atrás, vocês são híbridos. Na minha visão, não são tão diferentes de infernais.

— Mas e quanto a maneira que age conosco? - Pergunto de uma vez.

— Não sei agir de outra forma, perdão. - Ele não olhava para mim, mas para o mar em sua frente.

   Me levanto do banco e paro em sua frente, me abaixando para que encontrasse seu olhar.

— Ótimo então, humano. - Dou ênfase no "humano". - Podemos então sermos amigos? - Estendo uma das minhas mãos para que ele aperte. - Não me importo que seja somente durante essa missão... - Percebo que ele pouco revira os olhos mas no final, aperta a minha mão.

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora