29 | ʜᴇʀᴇᴅɪᴛáʀɪᴏ

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— Volpine... - Ouço o meu nome. - Volpine. Acorde, raposinha traiçoeira.

   Abro os meus olhos lentamente e vejo nada além do Demônio do Futuro, parado no breu, bem na minha frente. Esfrego meus olhos para ter certeza de que vira era real.

— Vim exigir meu pagamento, mocinha... - Ele se aproxima e toca a ponta do meu nariz. - Não achou que eu diria coisas a você de graça, achou?

— O que você quer? - Pergunto sendo direta.

— Eu pensei muuuito... - Ele se vira e começa a caminhar lentamente em direção contrária à mim. - "O que seria o pagamento ideal em relação ao futuro da filha de Margot? Algo tão cruel quanto da mãe, imagino..." Foi o que pensei durante esses dias. - Ele para de andar ainda de costas.

— Não diga o nome da minha mãe. Por favor.

— Oh... Você ainda se ofende? O seu irmão teve uma reação totalmente contrária.

— Você falou com o meu irmão? - Pergunto surpresa.

— Foi ele quem me procurou. - Responde me olhando de canto de olho. - Mas enfim. Vim até aqui para falarmos de negócios. - Volta caminhando. - Eu enfim decidi o que eu vou pedir a você.

— Hm? - Deixo de lado o comentário sobre Angel. Resolveria isso com o próprio.

— Eu quero uma traição. Uma traição tão horrível quanto a da sua mãe. Uma traição bruta e cruel. Uma traição que quebre o coração de alguém em pedacinhos! - Ele solta uma risada perturbadora. - Não peço que você mate alguém, a não ser que prefira assim. Também vou lhe dar o privilégio de escolher com quem você fará essa atrocidade.

— Pra que isso?

— Não é óbvio? Quero te ver fazer jus ao sangue que corre em suas veias. Você é uma raposa, Volpine. Assim como a sua mãe era. - Ele se aproxima mais de mim. Faço questão de não me mexer. - Já o seu irmão... Não teve tamanho azar. Gêmeos não idênticos... Um sortudo, eu diria. Você poderia ter puxado mais para o seu pai, assim não teria o mesmo fim que Margot.

— Eu já disse para não dizer o nome dela, seu babaca! - Minhas pupilas afinam bruscamente.

— Oh. - Ele se abaixa, ficando da mesma altura que eu. Olha no fundo dos meus olhos. - Olha ai. Os olhos de raposa. É disso mesmo que eu estava falando... - Ele deixa de se inclinar e volta a sua altura. - Sabe. Quando você acordar, volte a sua forma híbrida de frente a um espelho. Você terá duas surpresas. - Ele faz o número dois com as suas mãos em formato de galhos de árvore, e em seguida, vejo um vulto e sinto uma tontura. Acabo fechando os olhos.

Quando os abro, eu estou no meu quarto. Acendo a luz e olho para o relógio de parede: 03:44 da manhã.

Sinto um desconforto em meu rosto, uma ardência. Caminho em direção ao banheiro, e quando me olho no espelho, um corte fino com cerca de 7-8 cm estava instalado exatamente no meio do meu rosto, ele passava por cima do meu nariz e terminava em baixo dos meus olhos. Era um corte recente, já que o sangue começara a sair depois de alguns minutos. Eu resmungo um "merda" e passo os dedos com cuidado em cima do machucado. Sem conseguir me conter, lágrimas grossas escorrem pelos meus olhos e se misturam com o sangue do ferimento. Com isso, volto a minha forma híbrida, fazendo cicatrizar mais rápido.

Assim que me transformo, tenho uma segunda supresa: Três caudas. Eu tinha três caudas. Seria uma conquista e tanto se não fosse tão trágico.

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora