16 | ᴏ sᴀᴄᴇʀᴅᴏᴛᴇ

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— Oh, criança. Como você cresceu... - Ouço uma voz conhecida. Tento abrir os olhos que estavam fechados de maneira pesada, quando enfim consigo, vejo um forte feixe luminoso que me faz os pregar novamente.

   Abrindo-os novamente de maneira lenta, percebo a minha visão embaçada e consigo enxergar uma sombra em minha frente. Quando a minha visão foi se concertando, pude reconhecer automaticamente.

— Kaito? - Digo franzindo as sobrancelhas. - Eu dormi? Estou sonhando...? - Olho em minha volta e o senhor que estava em minha frente sorri.

— Não está sonhando, mas estava dormindo. Eu lhe acordei.

   O senhor tinha o cabelo branco comprido, e estava preso em um coque. Ele também tinha barba e bigode, tão brancos quanto o cabelo, e usava um óculos redondo com lentes pequenas.

   Kaito era um sacerdote muito conhecido por ser poderoso na nossa antiga aldeia. Casado com uma curandeira, ambos tinham grandes poderes, e foram responsáveis por cuidar de mim e Angel durante a nossa infância. Foram eles que provaram aos aldeões que mesmo que fôssemos demônios, não éramos uma ameaça... O que acabou sendo uma grande mentira.

No dia em que Angel e eu conhecemos Makima, imaginei que todos que ali residiam haviam morrido devido ao poder de Angel, mas se os meus olhos não me enganam, eu estava errada.

— Você está mesmo vivo? - Ele estende uma de suas mãos para me ajudar a levantar, eu a seguro e percebo que não estava imaginando coisas.

— Vamos para a minha casa e eu te explicarei tudo, sim? - Ele sorri, se vira de costas pra mim e caminha calmo em direção à floresta. Eu vou correndo até ele, isso segurando a folha enfeitiçada cheia de sangue seco.

— A sua casa não fica para lá? - Aponto para a vila.

— Não mais. - O senhorzinho continua andando.

Em silêncio, adentramos a floresta e seguimos por um caminho de terra, chegando em uma casa simples e solitária.

A casa era feita de rochas e tinha o teto de madeira. Muitas vinhas desciam pelo telhado, e a grande maioria eram tão longas que chegavam até o chão. Ao lado direito da casa, uma horta que parecia ser bem cuidada, e do lado esquerdo, um poço.

— Entre, Volpine. - Kaito abre a porta e dá um espaço para que eu passasse. - Você e o seu irmão sempre serão bem vindos em minha casa. - Eu adentro a casa olhando tudo com cuidado.

O senhor sorridente puxa uma cadeira para mim e uma de frente para ele, depois caminha até um armário alto de madeira e puxa uma caixinha. Em seguida, ele volta para a minha direção, sentando na cadeira em minha frente.

— Vejamos... - Ele faz um sinal com as mãos e em alguns segundos eu entendo que ele queria que eu mostrasse o corte em meu braço. Assim, tiro o paninho que eu havia arranjado, revelando o grande corte. - Hmm... - Ele abre a caixinha e tira alguns algodões, um vidro com o líquido amarelo, curativos e esparadrapos. - O que aconteceu? - Pergunta enquanto derrama o líquido amarelado no algodão.

— Eu lutei com um urso. - Explico de maneira simples.

— Por que?

— Uma longa história... - Ele pega o meu braço segurando o meu pulso firme, depois pega o algodão molhado e passa no corte. - Ai! - Sinto pouco arder.

Com isso, Kaito faz um curativo no meu corte enquanto conta o que houve com a sua falecida esposa e o porquê se mudou da antiga casa. Segundo ele, foi acusado de ser louco por alguns comerciantes da aldeia após relatar que um espírito rondava a sua casa, e que aparentemente, era de sua falecida e amada esposa. Explicou também como foi quando voltou a aldeia depois de algumas semanas e a encontrou totalmente abandonada, sem qualquer sinal de vida.

Eu também lhe contei sobre o dia em que todos morreram, e o que eu era hoje. Falei sobre Angel, e que ele ficaria feliz em saber que Kaito estava vivo.

Ele também perguntou sobre a minha segunda cauda que estava a mostra. Respondi explicando que eu estava bem mais forte agora, e por isso, ganhei a segunda.

No final, tive que me despedir e agradecer pelo curativo. O senhorzinho me entregou alguns curativos, gases e esparadrapo, para trocar em algumas horas. Eu disse que tinha que procurar por Hayakawa imediatamente, e Kaito respondeu que quando eu precisasse de alguma coisa, era só ir à sua procura.

Quando sai da casa, atravessei a floresta e fui até a vila, encontrando Hayakawa logo de cara.

Ele parecia exausto, tinha cortes pequenos por todo o corpo, inclusive em seu rosto. Aki também estava sujo e com sangue escorrendo pelo canto da sua boca, isso além de sua katana quebrada em duas partes em mãos.

— Ei, o que houve? - Pergunto. - Está tudo bem?

— Eu estou bem. - Ele responde. - O Demônio Marionete está morto.

— Morto? Você o matou sozinho?

— Sim. - Responde forçando um sorriso vitorioso. - Quer dizer, eu não teria conseguido sem a morte de sua marionete, ou seja... O animal que estava na floresta.

— Você precisa de um banho. - Digo mudando de assunto.

Nós voltamos para a casa em que estávamos ficando. Aki toma um banho e troca de roupa, já que a antiga iria para o lixo por estar toda rasgada. Uso os curativos que Kaito me deu para ajudar Hayakawa com os machucados, mas acaba faltando, então acabo optando por cobrir os cortes maiores.

Enquanto enfaixava seus cortes, contei a Hayakawa tudo que soube sobre Kaito, que acabou se encaixando na história que ele contou sobre o Demônio Marionete.

— E como você descobriu tudo isso? - Pergunto franzindo as sobrancelhas enquanto comia uma barrinha de cereais que estava na minha mochila.

— Então... Era sobre isso que eu queria conversar. - Ele fica sério de repente. - Você conhece o Demônio do Futuro?

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora