28 | ʟᴜᴛᴀ ᴄᴏʀᴘᴏʀᴀʟ

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— Noventa e sete... Noventa e oito... Noventa e nove... Cem! - O treinador diz parando a cronometragem. - Acabou!

   Aki pega a sua garrafinha de água e dá um gole longo. O treinador joga uma mochila nas costas, se despede de Hayakawa com um aperto de mãos e sai da sala de treinamento. Além de Aki e eu, outras cinco pessoas estavam no local, três deles treinavam e os outros dois estavam sentados no sofá conversando, provavelmente no horário de descanso.

   Depois de alguns poucos minutos, Aki veio em minha direção estendendo a mão para me ajudar a levantar. Em seguida, se virou e caminhou calmamente em direção ao ringue - uma plataforma onde uma luta de boxe normalmente acontece.

— Não vamos lutar boxe. - Ele diz parando em frente ao local onde havia uma escadinha para subir até a plataforma. - Eu treino esse tipo de luta pelos seus benefícios, e não para batalhas. Uma luta comum, sem armas, seria mais eficiente para treinarmos, além de que, se lutássemos boxe, não seria nem um pouco justo com você, que treinou luta corporal dês de que entrou na Segurança Pública, não?

— Sim... - Eu digo e em seguida pergunto matando minha curiosidade. - Mas como sabe disso? Digo, sobre o meu treino.

— Makima quem me contou. - Ele dá de ombros e em seguida, pula para cima da plataforma. - Vem cá.

   Assim eu faço. Quando já estávamos no ringue, duas das cinco pessoas que estavam no lugar se aproximaram, esperando que lutássemos.

— Você precisa de algum aquecimento antes? - Ele pergunta.

— Não, tudo bem. - Respondo estralando os dedos e mexendo os meus braços para os relaxar, tudo isso enquanto olhava para as pessoas que estavam próximas, que agora, eram três. Aki se aproxima de mim, perto ao bastante para que as pessoas não nos ouvíssemos.

— Se você quiser, posso pedir que vão embora. - Se refere aos que estavam nos observando.

— Não precisa. - Eu fico em posição de combate e as minhas caudas e orelhas aparecem como mágica, chamando mais atenção dos que olhavam. Percebo Hayakawa franzindo as sobrancelhas, mas em seguida, também fica em posição.

   Hayakawa contava silenciosamente: "Três... Dois... Um. Já."

   Assim, Aki avança com um arrastão, um chute em minhas canelas, mas é uma tentativa falha já que eu desvio.

Algo que Hayakawa sabia mas não questionou foi de que, enquanto eu estivesse na minha forma híbrida, eu teria vantagem. A agilidade que a minha metade raposa trazia era imensa, apesar de que sem os poderes, ataques eram o meu ponto fraco.

O ato falho do chute não parecia ter sido um problema a Aki, já que rapidamente correu por trás e acertou as minhas costas.

Sem tempo para sentir dor, eu imediatamente avanço em sua direção e dou o maior pulo que poderia dar no momento, rodopiando e acertando o seu pescoço. Um ponto para a minha metade raposa, zero para a metade demônio.

Aki pareceu um pouco tonto, mas logo já se recuperou. Veio correndo em minha direção se preparando para dar um soco, mas ele não mirava no meu rosto, mas no meu estômago ou algo do tipo. Se fosse um bom soco, algo assim poderia ser fatal.

Eu desvio em uma investida e tento segurar o seu braço para trás, mas Aki chuta a parte de trás do meu joelho, me fazendo desequilibrar e cair de joelhos. Mais que rápido, ele direciona um chute para a parte lateral do meu corpo antes que eu pudesse levantar.

   Ainda no chão, faço um movimento certeiro, onde faço com que Hayakawa também caia, de costas para mim.

   Com isso, tento usar um mata-leão - colando o meu corpo em suas costas, passando as minhas pernas para frente, segurando seu pescoço para trás com um dos braços e pouco virando sua cabeça com a outra mão, já que não estávamos em uma luta de verdade não vi motivos para realmente o causar um ferimento.

— Acho que você perdeu. - Digo próximo ao seu ouvido.

   Nesse momento tive tempo para olhar em volta, perceber todas as pessoas que nos olhavam. Não eram mais três, eram bem mais, mas não tive tempo de as contar, já que Aki não havia cedido a derrota.

   Ele direciona uma cotovelada na minha costela, me fazendo soltar o meu braço do seu pescoço. Naquele momento eu senti como se algum dos meus ossos tivesse se partido ao meio. Queria gritar de dor, mas mordi a parte interna da minha bochecha para conter.

   Aki virou o seu corpo em minha direção, também me fazendo soltar as pernas que o agarravam, e assim, usando o antebraço para me empurrar, fazendo a minha cabeça tocar o chão do ringue.

   Em seguida, usou o peso do próprio corpo para me prender no chão, e também usando o antebraço, apertou o meu pescoço contra a plataforma.

   Quando seus olhos encontraram os meus, percebi preocupação em sua face. Foi aí que pude perceber: Eu estava chorando.

   Aki soltou o meu pescoço e cuidadosamente saiu de cima de mim, me deixando livre para me sentar. Minha cabeça estava girando e eu sentia muita dor na costela, mas sabia que não era por esse motivo que os meus olhos não estavam se contendo. Já estava acostumada com ferimentos muito piores, além do mais, eu sou um demônio, me curo com facilidade.

   O problema era que, eu tomei todo cuidado do mundo para não causar nenhum ferimento minimamente sério em Hayakawa, enquanto ele nem se quer cogitou em fazer uma coisa dessas comigo. Ele estava certo disso quando disse que não pegaria leve comigo por eu ser um demônio, e aparentemente sua opinião não havia mudado. Ele me odeia. Tenta conter seu ódio, mas não consegue. Ele me odeia.

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora