KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)

30 | ᴄɪᴄᴀᴛʀɪᴢ

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   Hoje seria mais um daqueles dias ruins. Aqueles dias que, mesmo sem sono, você tenta dormir para que o dia passe mais rápido. Aqueles dias que você não tem motivação nenhuma para levantar da cama, exceto pelas suas obrigações como trabalho. Aqueles dias que você não quer se olhar no espelho, tentando evitar mais uma decepção. Hoje é mais um "daqueles dias".

   Assim que me sento na cama, passo a mão levemente pelo meu rosto com a intenção de encontrar qualquer cicatriz. Queria ter certeza de que aquilo que vi na madrugada fosse apenas um pesadelo, mas pela minha surpresa, não era.

   Senti o leve relevo pela minha pele, uma cicatriz. Apesar dos meus poderes demoníacos fazerem meus cortes cicatrizarem mais rápido, eles não escondem as cicatrizes.

   Me levanto da cama em um pulo e checo as minhas caudas. Três.

   Era estranho a sensação de sentir mais uma cauda. Acho que nunca me acostumarei com isso. Eu estava ansiosa para testar quais seriam os novos poderes que aquela cauda me proporcionaria, mas também estava decepcionada por saber que ela só estava ali devido ao corte no meu rosto. Uma cicatriz que ficaria ali para sempre. Mas não era aquilo que me faria ficar o dia todo dentro do meu quarto, era?

Aquilo não poderia afetar a minha autoestima, até porque, meu poder de disfarce é um dos meus maiores aliados em uma hora dessas. Eu consigo esconder caudas, orelhas, dentes afiados e até pupilas finas, o que me impede de esconder um pequeno corte? Nada, eu imagino.

Ainda sem esconder nada, na minha forma híbrida, eu saio do quarto procurando por Angel, que estava de costas sentado na mesa da cozinha, tomando um chá.

Eu me sento na cadeira de frente para a dele e aponto para a minha cicatriz. Angel não expressa nenhuma reação, mas olha fixamente para a cicatriz e em seguida para os meus olhos. Percebo sua mão que segurava a xícara tremer.

— O que houve? - Pergunta quase gaguejando.

— Acho que você sabe o que houve. - Respondo fazendo-o soltar a xícara, levantar da cadeira e vir cambaleando para a minha direção.

Angel passa o dedo indicador levemente pelo relevo. Percebo sua face de terror. Em seguida, ele agarra o meu braço e me puxa até o banheiro. Nós paramos em frente ao espelho.

— Você não parece mais com a minha gêmea. - Ele diz notando todas as nossas diferenças. Uma hora dessas, creio que percebeu a terceira cauda, mas não se pronunciou sobre. - Você... - Ele pensa antes de dizer. - Você parece a nossa mãe.

Não pude conter a lágrima solitária de descer pela minha bochecha. As últimas 24 horas vêm sendo muito difíceis.

— A-Angel... - Digo após mais lágrimas pesadas começarem a cair. Começo a falar pouco soluçando. - O Demônio do Futuro. Eu tenho um acordo com ele. Um acordo como o dela.

— Eu sei. - Meu irmão me abraça e envolve com as suas asas. - Eu sei de tudo. Não precisa falar.

Naquela tarde, não fomos para o trabalho. Angel ligou para Makima e mal explicou a situação. Nós passamos a tarde toda conversando sobre assuntos nos quais não envolvessem o Demônio do Futuro e a nossa mãe.

Quando já estava escurecendo, colocamos um filme para ver na TV. O filme já estava quase acabando quando Angel começou a cochilar no sofá e murmurou:

— Sabe, Volpi. - Ele boceja entre as frases. - Eu até faria que você me levasse a uma sorveteria hoje... Mas eu não gosto mais de sorvete. - Eu ate levanto a cabeça para o observar melhor após a última frase.

— Como assim? - Procuro alguma expressão de brincadeira em sua face. Angel dizer que não gosta de sorvete é como um coelho dizer que não gosta de cenouras.

— Pois é. - Ele tampa os olhos com o braço. - O meu paladar foi o preço que paguei para o Demônio do Futuro. - Me sento no sofá e me encolho no canto.

— E o que foi que ele te contou? - Pergunto baixinho.

— Ele me contou duas coisas. - Eu murmuro um "hum" para que ele continue. - A primeira foi algo sobre uma criança.

— Criança?

— Sim. - Ele diz e eu percebo que quer mudar de assunto.

— E a segunda? - Faço mais uma pergunta curiosa.

— Nós morreremos em breve.

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