27 | ᴄʜᴀᴠᴇs

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   Angel e eu caminhávamos rumo ao nosso apartamento, ou era o que eu achava.

— Sabe, eu acho que preciso de uma casquinha de sorvete. - Diz o meu irmão assim que passamos por perto de uma sorveteria que havia recém inaugurado próximo ao nosso apartamento.

— Eu estava esperando que dissesse algo assim. Seria impossível passar na frente de uma sorveteria ao seu lado e você não ceder a uma casquinha.

— É. Tem razão. - Nós atravessamos a rua e entramos na sorveteria.

   O lugar era arrumado e tinha cheiro de novo. Um grande freezer ficava do lado esquerdo a porta de entrada, onde sabores diversos de sorvete estavam expostos. Do outro lado, o caixa, onde uma mulher loira atendia um cliente.

   Angel escolheu seus três sabores diferentes de sorvete e pagou logo em seguida. Sentamos em uma mesa do lado de fora. Eu não havia pegado sorvete algum, não estava com vontade.

— Ah... - Meu irmão começa, me chamando atenção. - Acho que já posso dizer o que eu gostaria de te contar.

— Que bom. A minha ansiedade já estava começando a atacar. Desembucha.

— Entãooo... - Ele diz em tom provocativo. - Eu tive uma conversa com o Hayakawa, sabia? - Junto as minhas sobrancelhas. - Fiquei sabendo de umas coisas que você sabe, e que você não sabe também.

— Ah é?

— Sim... E acho que se você descobrisse sobre o que se trata, mal poderia esperar para descobrir mais...

— Então me conte. Oras.

— Não seria legal se eu fofocasse sobre os segredos de Aki, vá ouvir da boca dele. - Ele dá uma lambida no sorvete. - Deixei suas chaves do apartamento, em cima da mesa da casa dele, perto de onde você soltou o gato da Power. Acho que você deveria voltar para buscar se não quiser dormir na rua. Eu posso voar até a sacada, mas você... - Ele dá um sorriso com os olhos fechados e continua com o sorvete.

— Desgraçado! - Digo ficando em pé e batendo a mão com força na mesa. - Por que isso?

— Nada em especial. Eu nem gosto de Hayakawa pra falar a verdade. - Ele dá de ombros. - Mas creio que você deveria saber algumas coisas nas quais ele me contou, e também sei que ele realmente quer te contar, e então... - Ele dá uma mordida no sorvete. - Ah! Acho que meu cérebro congelou! - Diz com uma mão na cabeça, fechando os olhos com força.

— Tanto faz. Vou buscar logo essas chaves. Não quero conversar com o Hayakawa agora, vou pedir que Power ou Denji encontre para mim, assim não preciso entrar no apartamento. - Antes que eu saísse, Angel abre os olhos novamente.

— Você vai mudar de ideia. Só não se esqueça: Hayakawa não viverá por muito tempo... - Ele relembra o que havia me dito dias atrás. - Mas mesmo assim, boa sorte. - Me dá uma piscadela e eu reviro os olhos.

   Ando rápida em direção ao apartamento onde estava minutos atrás. Não queria demorar muito. Não por estar tarde ou algo do tipo, mas por que eu realmente não queria demorar.

   Quando as portas do elevador se abrem, vou direto a porta, torcendo para que Power a abrisse do outro lado.

   Mas diferente da última vez, a porta se abre totalmente, e não apenas uma fresta. Não foi necessário que eu se quer batesse. E, ah como eu era azarada, quem abriu foi Hayakawa.

   Pela maneira como havia aberto a porta, era como se já estivesse me esperando, ou esperando por outra pessoa.

— Quero as minhas chaves. - Olho para mesa atrás dele e aponto. - Angel as esqueceu ali. - Hayakawa caminha até a mesa, pega as chaves e me entrega. - Obrigada. - Quando eu iria me virar e voltar para o elevador, Aki segura o meu braço, perto do cotovelo.

— Espera. - Ele diz ainda segurando meu braço. - Eu estou indo para o treinamento de boxe. De novo. - Assim que ele murmura o "De novo" eu tento afastar as memórias da noite em que fomos juntos. - Na verdade, eu estava saindo nesse exato momento. E sabe, a proposta de treinar com você ainda está de pé. O que acha?

— Ah. - Digo, mas acaba saindo de uma maneira entediada e totalmente desanimada. Percebo o olhar de Aki mudar. Seus olhos alternavam entre os meus, senti meu corpo se arrepiar. - Não sei... - Ele solta o meu braço.

— Não vai demorar muito, eu prometo. Não será como da última vez que treinei contra outras pessoas. Dessa vez sou só eu... E você, se aceitar ir comigo, é claro.

— Hum. Acho que tudo bem então... - Eu realmente não sabia o que dizer, mas por impulso, digo que sim.

— Ótimo, então vamos. - Fecha as portas do apartamento e vai em direção ao elevador seguido por mim. Percebo que antes ele não esperava por alguém, abriu a porta rápido porquê estava de saída.

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora