02 | sᴇɢᴜʀᴀɴçᴀ ᴘúʙʟɪᴄᴀ

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Nós estávamos dentro do carro preto com rodas prateadas. Makima, a assustadora mulher de cabelo rosa e olhos amarelados, estava sentada no banco da frente, ao lado do motorista, que era um senhor de idade com o cabelo grisalho, usava um chapéu preto e tinha um bigode grande.

Angel e eu estávamos no banco de trás. Não sabíamos exatamente para onde estávamos indo, mas Makima nos prometeu que se viéssemos, nós teríamos um lugar para morar, comida todos os dias, e acima de tudo e o mais importante para ela, um emprego. Um emprego onde não seríamos considerados diferentes por sermos demônios.

E esse era o "X" da questão. Demônios. Nosso trabalho seria matar demônios e ajudar a Segurança Pública. Demônios, assim como nós.

Questionamos Makima a respeito disso. Como nós, demônios, servíramos para matar outros da nossa própria raça?

Ela respondeu que explicaria tudo com mais detalhes depois, mas um breve resumo era que, nós éramos diferentes, éramos demônios diferentes. Makima disse que em suas equipes, era normal que alguns humanos possuíssem uma espécie de "contrato" com alguns demônios, mas apesar de se ajudarem, tudo era um jogo de interresse. As vezes, em troca de sua força ou poder, um demônio pedia uma bolsa de sangue; em algumas outras ocasiões, um olho ou a língua.

Com isso, Makima disse que não faria um contrato, mas sim um acordo conosco. Em troca da nossa ajuda na Segurança Pública, teríamos tudo que precisássemos. Casa, comida, dinheiro, e até mesmo sangue humano de vez em quando.

— Aah... - Makima se espreguiça na cadeira do carro. - Minhas pernas já estão doendo. Nós estamos chegando? - Ela pergunta ao motorista.

— Não, senhora. - Ele responde totalmente sério. - Ainda faltam alguns quilômetros.

— Poderíamos parar para tomar um café da manhã. O que acham? É por minha conta. - Ela vira para trás, olhando para mim e para o meu irmão sorrindo.

Eu olho para Angel desconfiada. Não sentia um cheiro bom vindo daquela mulher, era um cheiro diferente, que nunca havia sentido antes. E uma das coisas que tenho certeza é: O olfato de uma raposa nunca falha.

   Angel parecia totalmente distraído olhando pela janela do carro, não parecia prestar atenção nas palavras de Makima. Mas pude perceber que estava prestando atenção assim que ele a respondeu com um "vamos". Eu estava com fome, e creio que ele também.

   Paramos em um pequeno restaurante na beira da estrada, nós nos sentamos em uma mesa próxima à uma janela. Estávamos apenas em três, já que o motorista havia ficado dentro do carro.

— Escolham o que quiser. - Makima disse enquanto pegava um dos cardápios que estava em cima da mesa.

— Uauu... - Eu também pego um os cardápios e observo todos os pratos ao lado do meu irmão. - Quantas opções...

— Bom dia! - Uma mulher que usava um avental preto se aproximou da nossa mesa com uma prancheta e uma caneta nas mãos. - O que vão querer?

— Eu quero um Curry Udon. - Makima diz sendo simplista.

— Quero um sorvete de creme. - Angel também.

— Hãn? Você só vai comer isso? - Pergunto. - E outra, você mesmo me disse que essas horas não são para tomar sorvete! - Ele dá de ombros enquanto me ouve.

— Acontece. - Angel responde.

— Eu quero um chá verde e um omelete. Tudo bem? - Eu pergunto à Makima mudando de assunto. Isso enquanto ainda olhava torto para o meu irmão devido a resposta anterior.

— Se é isso que vocês querem. - Makima me responde.

— Okay. - A atendente anota e volta pra trás do balcão.

(...)

   Já estávamos esperando pelo café da manhã a alguns minutos, e dês de então, não trocamos mais nenhuma palavra sequer.

— Ah, que demora. - Makima diz. - Bom, já que é assim, aproveitaremos o tempo para falar de negócios. - Ela cruza os braços em cima da mesa e reveza o olhar entre mim e Angel. - Quando chegarmos ao nosso destino, colocarei uma pessoa de confiança para treiná-los e avaliá-los, quero que treinem por no mínimo três anos. Dezesseis horas por dia e seis dias na semana. - Assim, Angel e eu nos entreolhamos. - O que foi? Parecem assustados. - Ficamos em silêncio, o que faz ela retomar ao assunto. - Bem, nesse treino, quero que aprendam principalmente a dominar suas habilidades demoníacas, isso porquê pretendo os colocar em uma das divisões especiais no futuro, com outros demônios e híbridos. - Ela junta as duas mãos, apoiando os cotovelos na mesa, e encosta o queixo na parte superior delas. - Creio que vocês dois serão uns dos meus melhores cãozinhos!

— Cãozinhos? - Angel pergunta franzindo as sobrancelhas, Makima não responde, apenas sorri.

— Bom apetite. - Um garçom entrega o Udon de Makima, o meu omelete e chá verde, e o sorvete de Angel, cortando assim, a dúvida do meu irmão com o comentário de Makima.

— Obrigada pela comida! - Makima diz sorridente enquanto separa os hashis.

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora