14 | ᴏ ᴘʟᴀɴᴏ ᴅᴇ ᴀᴋɪ

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Visão de Volpine

— Bom dia! - Digo me espreguiçando.

— Bom dia. - Hayakawa diz enquanto ajeita a sua gravata. - Vá se trocar, precisamos sair depressa.

— Certo... - Pego o uniforme da Segurança Pública e vou para o banheiro me trocar.

   Assim, eu coloco as roupas, escovo os dentes e saio do banheiro. Em seguida, saio da casa e vou em direção à Aki, que esperava do lado de fora.

— Suas caudas. - Ele avisa. Quando percebi, estava com a forma híbrida à mostra.

— Desculpe. - As faço desaparecer.

   Com as mãos nos bolsos e sem explicações, Hayakawa se vira e caminha em direção à colina que fomos no dia anterior.

— Pra onde você vai? Descobriu alguma coisa? - Pergunto o seguindo.

— Sim. Sei como encontrar o demônio. - Ele diz sem parar de andar. - Só preciso que faça o que eu disser, tudo bem?

— Tá bom... - Digo desconfiada. Nós começamos a subir a colina.

— Demônios conseguem sentir o seu cheiro, certo? - Faço que sim com a cabeça. - Você é capaz de escondê-lo?

— Nunca tentei...

— Pois eu quero que tente. Mesmo se não souber se vai dar certo ou não, faça o teste, por favor. - Ele diz e eu faço que sim novamente. Em seguida, respiro fundo e concentro o meu poder no corpo todo, tentando sumir com o meu cheiro, isso usando um dos poderes de Kitsune: O Disfarce.

Pronto... Mas não tenho certeza de que esteja funcionando.

— Já basta. - Assim, chegamos na árvore que choveu sangue no dia anterior em meio ao bosque, a Árvore Sagrada.

   Paramos em baixo da árvore. Quando olho para Aki, ele parecia calcular alguma coisa. Com isso, ele caminha até um arbusto com galhas secas, e em seguida uma árvore carregada com alguma fruta.

— Era para ser por aqui... - Ele olha para cima procurando por algo.

— O que você procura exatamente?

— Achei. - Sem me responder, Aki anda rápido até um lugar onde a terra estava com algumas marcas. Assim, ele olha para cima.

   Com curiosidade para saber o que Aki procurava, eu também olho para cima, enxergando um círculo perfeito entre as árvores, dando para ver o céu azul perfeitamente.

— Uau... Como descobriu isso? Mesmo tendo morado aqui por tanto tempo, nunca havia visto algo assim.

— Te conto depois. Não temos tempo agora, precisamos agir depressa. - Ele vai até o centro do círculo, onde batia exatamente um único raio de sol. - Vem aqui.

   Eu caminho até ele, que de acordo com a luz do sol, me posiciona exatamente no centro. Em seguida, ele encosta as costas nas minhas, deixando nós dois em contato com o único feixe de luz entre todas aquelas árvores do bosque.

— Eu não estou entendendo... - Digo franzindo o cenho.

— Já disse disse que te explico tudo depois! Eu prometo. - Ele parecia agitado.

   Foi quando começou a ventar bruscamente, e o som das folhas das árvores batendo umas nas outras foi perceptível. Em poucos segundos após o vento repentino, alguns arbustos começaram a se mexer.

— Tem algo vindo. - Digo e faço que Hayakawa olhe na mesma direção.

   Aos poucos, um grande animal saiu do meio dos arbustos. Ele parecia enfurecido. Seu cheiro era estranho, assim como a sua aparência. Ao mesmo tempo que tinha cheiro de animal, também tinha cheiro de demônio, mesmo que fosse algo quase imperceptível. Era idêntico ao vendedor da lanchonete de ontem à noite.

— Garota, preciso que se transforme em demônio agora! - Ele diz e eu faço. Hayakawa tinha um plano, e eu sabia disso. Makima o mandou nessa missão por algum motivo, e eu estava começando a entender qual era. - Você consegue lutar com ele, né? - Aki me pega de surpresa. - Preciso te deixar aqui. Peço que confie em mim!

— E-eu confio. - Pouco gaguejo sem entender.

— Ótimo! Boa sorte! - Ele corre com muita pressa em direção a aldeia.

   O animal demoníaco com aparência semelhante à um urso se aproximava devagar. O pelo castanho em volta de sua boca estava todo sujo de sangue, e de dentro da sua boca, o sangue pingava, manchando a grama de vermelho.

   Me aproximo bruscamente do animal, usando as minhas garras para o cortar, o que acabou não fazendo muito estrago, já que aparentemente, a pele do animal era grossa.

   Em uma investida, desvio de uma patada. Comecei a perceber que apesar de grande e forte, o animal que eu não sabia identificar se era um demônio ou não, era muito lento.

   Eu desviava de vários ataques. Para mim, não era tão difícil desviar, porém para qualquer humano normal seria bem complicado. Precisaria de apenas uma dessas patadas precisas para acabar com a vida de qualquer mortal.

   Penso em algo que poderia fazer para acabar com o animal, e então uma ideia vem em minha mente.

   Sendo rápida para que o animal, mesmo que fosse lento, não me alcance, pego um galho de árvore fino e longo que estava caído no chão. Tiro as poucas folhas que nele estavam enquanto desvio do "urso". Uso o meu poder ilusionista para transformar o graveto em uma flecha. Depois, uso o poder da minha segunda cauda para transformar a flecha em algo real. Por fim, acendo o meu fogo-de-raposa na ponta dele.

   Vou para cima do animal com a flecha pegando fogo em mãos, o acerto próximo ao pescoço, tirando um grito dolorido do bicho, que sem que eu pudesse desviar, me dá uma patada fraca, já que estava com muita dor devido ao meu ataque. Suas unhas acabam atingindo uma parte do meu braço, deixando um ferimento com cerca de um palmo.

   Com a ferida sangrando em meu braço, arranco a flecha do pescoço do animal e acendo o fogo azulado novamente, acertando o bicho mais uma vez, em meio a sua cabeça. Com isso, acabo com a vida do demônio... Ou não, talvez apenas um urso muito mais forte que os normais.

   Me afasto do animal morto e jogo a flecha no chão, desfazendo o feitiço e fazendo que volte a ser apenas um galho.

   Pego a folha de árvore mais larga que pude encontrar no chão e transformo em um tecido para estancar o meu ferimento. Em seguida, encontro um pedaço de cipó comprido e o transformo em esparadrapo para segurar a ferida. Isso serviria durante algum tempo.

   Sem forças para manter as minhas caudas e orelhas escondidas ao mesmo tempo que deixava o cipó e a folha transformados em tecido e esparadrapo, vou atrás de Aki pelo seu cheiro, isso com orelhas e tudo.

KITSUNE 🎭 - Aki Hayakawa (Chainsaw Man)Onde histórias criam vida. Descubra agora