Destiel - O retorno

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Eu estava fincado naquele ferro, Sam estava a minha frente com sua mão em meu rosto. E de repente, meus últimos meses se passaram na minha mente, Jack, Chuck, Amara e Castiel... Castiel havia partido e eu não havia lidado bem com isso, eu o deixei ir sem antes dize-lô o quanto eu o amo. Castiel se sacrificou por mim, e eu não fiz o mínimo que seria finalmente admitir que sou apaixonado por ele há anos, ele teve essa coragem, mas eu não. E estou aqui, a beira da minha morte apenas desejando que ele estivesse aqui ao meu lado. Desejando viver mais um pouco para apenas ter certeza que ele não iria voltar, e assim realmente aceitar que ele se foi. Meus olhos estavam pesados, e minha mente dispersa, a dor daquele ferro já não existia mais devido a adrenalina que me consumia lentamente com o passar dos segundos.

— Aguenta mais um pouco, Dean. E-eu vou buscar ajuda. Dean! Acorda!

Sam batia a palma de sua mão no meu rosto, e eu abria meus olhos, encarando os seus um pouco perplexo pelo tapa.

— Eu não quero morrer, Sammy. – Falei.

— Você não vai, aguenta mais um pouco.

Ele mexia desnorteado no seu bolso procurando seu celular. Mas algo havia chamado minha atenção, um barulho em específico. Sons de asas, asas de um anjo que eu conhecia muito bem. Uma mão se colocava sobre o ombro de Sam, e meu corpo escorregava do ferro caindo diretamente para o chão, o que me despertou a sensação da dor novamente.

— Cas!

— Olá, Sam. – Falou Castiel, com sua voz tão calma, nitidamente despreocupado.

Essas foram as últimas coisas que eu ouvi, logo após uma luz branca com um fundo azul pairava sobre meu ferimento e a partir dali me encontrava desacordado.

Ainda com os olhos fechados e meio desorientado, ouvia vozes distantes. Eu podia reconhecer, era Sam e Cas conversando.

— Cas, ele não vai entender. Você ficou semanas sem falar com ele.

— Eu andei ocupado... Jack precisava de ajuda, e eu... Eu não...

— Somos sua família, Cas. E só queríamos um sinal seu, e o Dean? Como você acha que o Dean lidou com seu sumiço? – Sam perguntou indignado.

— Sam, eu nunca fui embora, eu sempre estive aqui protegendo vocês, meus poderes voltaram, todos eles.

— Mas deu ao entender que foi e Dean não vai entender isso.

Me sentava na cama, já podia sentir a raiva me consumindo por inteiro. Ele estava vivo e não deu um sinal esse tempo todo?! Ele ouviu todas as minhas orações e não veio nos ver? Me ver? Respiro fundo e me levanto, seguindo até a cozinha do bunker onde eu pegava uma cerveja, abrindo com a camiseta. Me aproximo do centro da mesa onde eles estavam, dando um gole longo na minha bebida, um gole que desceu queimando pela minha garganta.

— Ele é craque nisso, Sam. Em morrer e voltar dos mortos e fingir que nada aconteceu. Ele é o melhor. – Digo sem olhar aos olhos de Castiel.

— Dean, eu...

— Valeu por ter aparecido e me salvado, já pode voltar de onde você veio. – Falei ríspido.

— Dean ele acabou de voltar, deixa ele se explicar primeiro. – Sam me contesta e eu me sento na cadeira, colocando meus pés sobre a mesa, os cruzando.

— Jack me tirou do vazio e eu o ajudei a reformar o céu. Eu estive muito ocupado mas eu ouvi suas presses, todas elas.

— Que merda Castiel, eu achava que você tava morto, sei lá. Eu rezei pra você, todos os dias. E você não fez um esforço pra descer aqui. – Eu batia a mão na mesa, alterado.

— Dean, eu sinto muito.

Gesticulava negativamente com a cabeça, tomando outro gole grande da cerveja. Até duas horas atrás a única coisa que eu mais queria era que ele estivesse aqui, mas agora... Agora não consigo nem olhar para cara dele. Eu passei dias sem comer e dormir, me culpando e revivendo aquele momento. E ele sabia, ele via, e não fez nada. Ele apenas sumiu.

— Valeu, agora vaza.

Via de relance Castiel abaixando a cabeça, e num segundo ele já não estava lá. Coloco a cerveja sobre a mesa com uma certa brutalidade, gerando um barulho alto desconfortável.

— Devia ter pegado leve. – Sam diz me olhando de canto.

— Ele sumiu, Sam. E você tá defendendo?

— Eu sei, mas ele voltou, e a primeira coisa que você fez foi mandar ele vazar? – Ele me questiona.

— Que ele tivesse pensado antes nas consequências.

— Vocês nunca vão.. – Antes que ele continuasse, eu o interrompia.

— Vão o que?!

— Esquece, toma aí sua cerveja, depois não vem choramingar porque tá sentindo falta dele, você o afastou. – Sam direciona seu olhar até mim.

Dou de ombros, ignorando o que ele dizia. Eu o afastei? Ele se afastou. Ele quem sumiu. Sam se retira e sobra apenas eu no cômodo. Na minha cabeça só ecoava uma coisa, "por que?". Por que ele não me deu respostas? Por que ele me deixou? Todas essas perguntas, essa angústia me levou a quebrar a garrafa de cerveja agressivamente na parede.

Me deito na minha cama tarde da noite, fechando meus olhos... Mas logo abria ao sentir um peso na ponta da cama, eu sabia quem era, então permaneci com meu olhar preso na parede.

— Por que sumiu? – Eu pergunto.

— Estava me protegendo, nos protegendo. — Castiel respondeu.

—Protegendo? Você me deixou sem respostas Castiel.

— Você também me deixou, Dean. No dia que o vazio me levou. Eu me abri e você... Não disse nada.

— Não tava com cabeça pra isso, você tava se sacrificando, não consegui pensar em nada.

— E agora, você está?

Permaneço em silêncio, encarando a parede. Umedeço meus lábios, como forma de controlar meu nervosismo eminente. Ele suspira, mostrando seu desapontamento.

— Você nunca está. Não sou eu quem finge que nada aconteceu.

Respiro fundo e me viro em sua direção. Mas ele já não estava ali. Meus olhos se abriam novamente, foi tudo um sonho. Mas um sonho real, ele entrou na minha mente. Fazia anos que ele não fazia isso, ele realmente tinha recuperado seus poderes. E isso me deixava feliz, apesar de saber que agora os sustos com seus aparecimentos do nada iriam voltar. Ele fazia isso com costume, surgia do nada atrás de mim, e sempre dizia um "olá, Dean", logo depois. Me irritava, mas no fundo sempre gostei. Afinal, ele nunca soube respeitar meu espaço pessoal, sempre ficava tão perto. Perto o suficiente para eu reparar em tudo nele. O quanto seus traços eram realmente angelicais e seus olhos, azuis definitivamente igual o céu. Nego com a cabeça afastando tais pensamentos me virando de lado e voltando a dormir, afinal de contas, um dos motivos que me mantém vivo, está de volta para mim.

Destiel - AlternandoOnde histórias criam vida. Descubra agora