Destiel - A outra vida de Sam

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Dean

Agora só havia eu e Castiel, nós dois estávamos nos encarando em um silêncio, mas não era tão constrangedor. Era até confortável, fazia um tempo que não ficava-mos a sós e agora sei que não terei como fugir do assunto no qual evito a dias, ou talvez tenha como, só preciso de uma ideia. Respiro fundo me sentando novamente no pequeno sofá, olhando a minha volta.

- Quer jogar um Playstation? - Pergunto vendo um a nossa frente, porém estava tão empoeirado que duvido funcionar.

- Eu não sei mexer nisso, Dean. – Castiel afirmou.

- Eu te ensino, vamos, senta aqui.

Eu batia no espaço do meu lado. Consegui fugir do assunto, mas ele não era tão ingênuo. Ele sabia que eu estava evitando. Me levanto checando o vídeo game, dando um sorriso. Boby tinha deixado todos os jogos, mesmo quando eu e Sam nem aparecíamos aqui com frequência. Nessa hora, bateu um aperto no meu peito, de saudades. Vou lá fora e ativo a energia da casa, Sammy as vezes parecia se fazer de burro. Ao voltar, a primeira coisa que escuto é Cas.

- Dean, eu... Eu não queria ter causado isso.

- Relaxa, você não tem culpa, não é a primeira vez que o céu está contra você.

Ele solta um curto sorriso, junto a uma risada, em seguida se levanta sentando no sofá onde havia mandado. Começava a tentar ligar o vídeo game, e depois de diversas tentativas, ligava. Um sorriso genuíno surgia em meu rosto, batendo de leve na televisão.

- É, funciona. Afasta aí!

Falo enquanto me sento do seu lado, entregando um console a ele. Ele se afasta um pouco, mas não o suficiente para deixar nossos corpos distantes. Sua coxa ainda encostava na minha.

- O que eu faço? - Ele me pergunta.

- É de luta, escolhe seu personagem. Aqui passa pro lado, e aqui você aperta quando escolher.

Ele assenta com a cabeça mostrando ter entendido. Escolhia o meu favorito, eu sempre ganhava de Sam, então ganhar de Castiel não seria difícil, afinal, ele nunca tocou num console antes... Pelo menos foi o que pensei.

- Caramba Cas, como você fez isso?! Já é a quinta vez que você ganha. Você tá roubando. – Falei perplexo.

- Eu só tô clicando nesses botões. – Castiel disse sinceramente.

- Não, você deve estar manipulando com seus poderes, sei lá. - Gesticulava com a mão, como se eu estivesse fazendo magia enquanto comentava.

- Dean, você não sabe perder. – Ele me olha de canto, claramente me provocando.

- É o quê? Você só tá com sorte e tá se achando aí. – Falei arqueando a sobrancelha.

Dou de ombros, sua provocação havia funcionado. Pego o controle de sua mão, e Cas tenta me tomar ele de volta. Mas nesses movimentos bruscos, ele acabava virando o sofá, caindo com metade do seu corpo por cima do meu. Com minha mão erguida ainda, segurando seu console, eu o deixo de lado o largando. A única coisa no qual conseguia focar agora era nos seus olhos e no quanto seu rosto estava tão próximo, como nunca esteve. Com seu corpo prensado no meu, era provável que ele podia sentir meus batimentos acelerando a cada segundo que ele passava em cima de mim, acho que meus olhos não estavam mais nos seus, e sim nos seus lábios. Mas não podia. Eu não conseguia assumir isso ainda, não conseguia admitir que eu o amo, ainda. Viro meu rosto e mantenho minha expressão com seriedade.

- Não vai sair de cima não? Tá me esmagando aqui.

- Ah, é... Desculpa.

Ele se levanta sem jeito, e arruma seu sobretudo, tirando os amassos e o pó que havia ficado. Eu me levanto, e desviro o sofá com certa brutalidade. Desligo a televisão. E vou até a pia, onde encho minha mão de água e bebo.

- Vou dormir, qualquer coisa chama. – Comentei rispidamente.

- Tudo bem.

Me deito no sofá, cruzando meus braços, fecho meus olhos. Enquanto isso, ele caminha até a cozinha e provavelmente se senta numa das cadeiras. Por que fiquei tão nervoso com ele em cima de mim? Era óbvio que ele percebeu. Eu não consigo disfarçar como ele mexe comigo, nunca consegui. Mas hoje, ele nunca esteve tão perto assim, ao ponto da única coisa que eu mais desejava fazer, era beijá-lo. Mas ele é um homem, e eu também. Como Sam iria reagir com isso? Eu acredito que já tenha desconfiado em alguns momentos. Mas desconfiar e ter certeza são coisas diferentes.

Abria meus olhos, olhando meu relógio, já havia passado quarenta minutos e eu não consegui dormir ainda. Volto a mesma posição fechando meus olhos novamente, suspirando. Até ouvir algo.

- Jack, o que tá fazendo aqui?

- Eu vim ver você. Você tá bem? - Jackson abraça Castiel.

- Estou, Sam e Dean estão me mantendo seguro. E como me achou? Está cheio de runas aqui.

- Você está afastando os anjos, e não eu. Onde está o Dean?

- Ele está dormindo.

- Tem certeza?

Ao ouvir a desconfiança de Jack, eu simulava um ronco e uma respiração alta. Acho que estava convincente.

- É, ele está. - Jack diz rindo. - Cas, você tem que se afastar deles. Você precisa escolher. Não pode ter duas vidas.

- Jack, você é meu filho, e eles minha família. Eu não posso escolher. Eu vou dar um jeito, eu tenho que dar um jeito... Só preciso de mais tempo

- Tudo bem, toma cuidado. Eles estão te procurando por todo lugar

Jackson aparentemente já havia ido. Ouvia passos vindo até a sala, e Cas se senta na cadeira de balanço. Eu não podia vê-lo, mas sabia que estava me olhando, e com aquele olhar de preocupação... Então, finalmente eu adormecia.

- Dean, acorda.

Ouvia a voz distante de Sam, e abria meus olhos. Gesticulava "silêncio" com o dedo, em frente a minha boca.

- Sam você não devia ter acordado ele ainda, você sabe como ele fica.

Castiel comenta e eu me sento no sofá, olho as horas no relógio e ainda eram oito da manhã. O que ele queria aqui oito horas?!

- Eu sei, por isso trouxe seu café. Pega. Mas preciso falar algo com vocês. – Sam falou agitado.

Pego o café, e bebo calmamente encarando o chão.

- Cas, foi estranho. - Sam se senta na cadeiradesorientado. - Mas eu tive um sonho.

- Você tem oito anos de novo agora? Veio aqui falar de pesadelo? Oito horas da manhã?! - Falo emburrado dando outro gole no café.

- Calma ai Dean, não é bem assim. Mas eu tive um sonho, e foi muito real. Nesse sonho a gente tava na caçada de vampiros, mas o Cas dessa vez não apareceu. E você queria morrer, Dean. E eu deixei. Depois segui minha vida e conheci uma mulher, mas não consegui ver o rosto dela direito, então tivemos um filho e eu coloquei o nome de Dean.

- Que criativo - Comento e termino o café dando o último gole.

- Foi em sua homenagem. Então eu morro de velhice. Foi uma vida boa. Cas, era como se eu me assistisse. Parecia até que eu tinha acessado outra realidade.

- Foi só um sonho, Sammy. - Falo dando de ombros e vejo Castiel pensativo.

- Ou não. Talvez você tenha mesmo, de algum jeito, feito uma projeção e acessado com esse sonho. - Castiel comenta.

- Isso é possível? - Sam indaga.

- Não sei, mas já ouvi histórias que é sim. Mas é algo raro.

- Pra mim isso continua sendo só um sonho. - Falo e me levanto, olhando Sam.

- De qualquer jeito, vou ver se não acho algum livro sobre isso aqui nessas prateleiras, o Boby sempre tinha a resposta de tudo.

Nego com a cabeça notando o olhar fixo de Castiel em mim, enquanto Sam começava a revirar as coisas. Com seu olhar preso a mim, só me lembrava da noite anterior.



Destiel - AlternandoOnde histórias criam vida. Descubra agora