Duas semanas depois…Após tudo que havia acontecido nas últimas semanas, Castiel não conseguia escapar do sentimento de culpa que o assombrava. Aquele fatídico final de semana na casa dos seus pais, era para ter sido divertido. Com risos e sorrisos de Dean e Claire ao redor daquela casa. Era para ele ter tido tempo de conversar com Balt sozinho, e dizer que apesar de toda confusão que o luto faz com seus sentimentos, ele amava sim Dean. E o amava a muitos anos, desde antes de Daphne. Era para ter sido sobre ele contar que a primeira vez que eles se beijaram, não foi agora aos 40 e poucos, mas sim quando eles ainda eram adolescentes, a 26 anos atrás. Dean foi o primeiro cara que Castiel beijou, e era tão inocente, tão novo. Castiel viu novas cores depois disso, jurou a Dean, que esqueceria sobre o acontecido, mas ele nunca esqueceu. Até mesmo com Daphne, uma vez quando ambos estavam compartilhando histórias passadas, o moreno contou a ela sobre Dean. E ela disse a ele “Foi amor à primeira vista, não foi?” Castiel riu, “Não, isso foi com você”, mas Daphne sabia que aquilo não era verdade, a mulher tinha percebido no olhar do homem em sua frente, que a memória daquele beijo ainda era muito vivida em sua mente.
E agora, sentado atrás do volante do carro que Dean tinha reformado para ele, um Chevy Camaro 69 — Conversível —, da cor azul. “Azul como seus olhos, Cas.” Dean havia dito quando Cas finalmente escolheu o carro. Charlie havia lhe entregue as chaves do carro e um envelope contendo uma carta, — que Cas ainda não havia lido —, o endereço estava em um bilhete dentro do mesmo envelope. Castiel apenas pegou o bilhete e as chaves e não ousou tocar na carta. Tinha medo do que Dean poderia ter escrito ali, e não sabia se ele estava pronto para lidar com o que quer que fosse agora.
O homem respirou fundo. Olhou ao redor, — já havia um tempo que ele tinha estacionado no ferro-velho de Singer — reunindo forças para sair do carro. Não é assim que as coisas deveriam ser. Dean deveria estar ao lado dele agora, e fazendo todo tipo de comentário bobo sobre o carro. Mas Castiel escolheu falar demais, ao invés de pensar um pouco antes de dizer que o amor de Dean era o problema. Quando na verdade, o problema era ele mesmo. Castiel não sabia se era merecedor daquele sentimento tão intenso e profundo. Não sabia, se no fim do dia, aquilo bastaria para os dois. Quando a mente dele ainda divagava sobre o luto de Daphne, como se ele estivesse errando no que estava fazendo. As coisas dela, que antes estavam no quarto de hotel de Dean, agora estavam alojadas no porão da casa de Bobby, e Castiel tinha tanto medo de mexer naquelas coisas. Não sabia o que poderia encontrar lá. Talvez ele não quisesse encontrar algo lá. O rapaz não sabia dizer ao certo. Assim que conseguiu sair do carro, Castiel resolveu que precisava andar pelo ferro-velho. Uma necessidade de se sentir conectado a Dean o atormentava agora, como uma onda radioativa tomando conta de seu ser.
Então ele caminhou entre os carros, revivendo memórias de um passado distante, a noite fria fazia com que as memórias viessem fáceis de serem alcançadas em sua mente. Em determinado momento, Cas parou em um dos carros, se virando para onde tempos atrás, sua família e amigos estava reunida para se despedir dele, e o moreno conseguia visualizar com exatidão, uma versão mais nova sua, irritado, infeliz e triste, jeans rasgados no joelho, camiseta do Alice In Chains, uma garrafa de vodka nas mãos e zero vontade de comemorar sua partida.
Pensar que uma hora depois ele conheceria Dean e o beijaria pela primeira vez, faz com que ele feche os olhos com força, movendo a cabeça para espantar aquela memória. Há duas semanas atrás Dean enviou uma mensagem de texto com um pedaço da letra de While my guitar gently weeps, música que ambos adoravam ouvir juntos, e que tinha tanto significado. E Cas sabia o que aquilo queria dizer. Dean estava esperando por ele. Esperando que Cas tomasse o primeiro passo, independente do tempo que aquilo levasse. Que ele estaria ali, envelhecendo enquanto o espera. Mensagem essa que Castiel não teve coragem de responder. E há duas semanas é uma mensagem da qual ele sempre abre, lê de novo e de novo e de novo. Sem saber o que responder. E Dean mereceria mais. Mereceria alguém que soubesse o que queria, alguém que soubesse lidar com seus demônios e o validasse como ele merece. Castiel era praticamente um fantasma brincando com a sorte. Sorte essa que sempre tinha uma maneira engraçada de puxar seu tapete quando tudo parecia ir bem.
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The Night We Met [Destiel]
Roman d'amour🔞 [Conteúdo Adulto] 🔞 A vida pode ser difícil quando você cresce em um lar sem amor. Mas do que se trata o amor? Se importar muito? Ou se importar de menos? O que é amor senão apenas um sentimento que você não consegue deixar ir? ...