Pressão

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Paola Kendrick
Leilão Pritchett, Manhattan
16 de novembro de 1993, 22:13

 A gravidez até então secreta da princesa Agnes está sendo comentada por todos aqui. Já até perdi as contas de quantas vezes me perguntaram porque ainda não dei um bebê a Michael. Antes de eu responder, ele diz que está focando na carreira e que um bebê agora tiraria todo seu foco.

 Eu sei e todos sabem que o maior sonho de Michael é ter uma família completa conforme a sociedade. Todos fingem compreensão e logo após me fuzilam com aquele olhar de "coitadinha dela" porque eles já devem ter percebido que eu sou o problema.

 Não vou fingir que nada está acontecendo aqui dentro de mim. Não dá. O fato de Agnes poder gerar uma vida e eu não, me deixa com um sentimento feio e destrutível, inveja.

 Pelo que descobri, ela e o marido têm nove meses de casados, teve namoro e pedido fofo. Eles se casaram três meses após o pedido e tiveram uma enorme cerimônia de casamento.

 Após dois meses morando juntos no castelo em Mônaco, ela descobre que está grávida. Acidentalmente grávida porque estavam se prevenindo. Agora ela está no sétimo mês de gravidez e são gêmeos. Sortuda do caralho!

 Depois de tudo o que ela fez, a sorte ainda sorri para ela. Não consigo entender e fico revoltada sempre que tento imaginar um porquê.

 Só espero que essas crianças venham com saúde e que Agnes tenha mudado e que ela consiga dar muito amor a esses bebês. Tomara que ela tenha mudado.

 Me endireito na mesa e com um sorriso congelado no rosto olho para Michael que está em cima do palco dando seu discurso. Ele é padrinho da Instituição Pritchett há uns 30 anos ou mais. Todos os anos ele faz um discurso e faz doações milionárias.

 Agnes ainda está no palco acompanhada de seu marido. Eles estão tão sorridentes. O olhar de Agnes se encontra com o meu e então, seu sorriso se apaga. Ela olha para o chão e mantém seu olhar baixo até que eu desvie o olhar para Michael novamente.

 É, ela parece estar arrependida, mas, será que ela realmente tem noção do que fez? E se Michael não tivesse conseguido se libertar do vício em remédios? Como seria? Será que ele ainda estaria vivo? Claro que não. Ele não estaria vivo. Naquela noite que eu o fiz vomitar todos os remédios que Agnes tinha dado a ele, do contrário, sem dúvida ele teria morrido ali mesmo.

 — Ele fala de um jeito tão carinhoso sobre isso de ajudar as crianças — uma mulher da mesa ao lado diz para mim se referindo a Michael. Ela deve ter por volta dos 50 anos — Dê logo um filho pra esse homem Paola! — fala entre risos. Por fora estou rindo com ela, mas, por dentro, estou chorando.

 — Agora, fiquem com Whitney Houston e eu vou puxar a minha rainha para dançar! — Michael fala com uma risadinha fofa. Michael desce do palco com todos que estavam lá também.

 Todos aqui ovacionam e o parabeniza pelo discurso, Michael educadamente cumprimenta e acena para todos que falam com ele. Michael se posiciona ao meu lado e segura forte a minha mão enquanto está conversando com algumas pessoas que vieram falar com ele.

 As luzes se abaixam, Michael pede licença a todos e me guia até o meio do salão. Whitney começa a cantar Greatest Love of All, eu e Michael somos apaixonados por essa música, é simplesmente perfeita.

 — Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava no palco? — aceno negativamente com a cabeça e o abraço. Com a cabeça em seu peito dançamos lentamente — Tem que me contar, não quero que passe por nada sozinha, Lola!

 — Lola? — olho para ele — Há tantos anos você não me chamava assim — faço um biquinho — É tão bom ver que tudo voltou realmente ao normal — o abraço mais forte.

 — Não mude de assunto mocinha, fala pra mim! — ele se afasta e segura minhas duas mãos — Vai, me conta! — me puxa de volta, leva sua mão esquerda para minha cintura e a direita segura minha mão.

 — Agnes aqui me incomodou um pouco, apenas isso! — ele suspira aliviado. Ele sem dúvida está feliz por eu não ter me sentido frustrada pela gravidez de Agnes, mal sabe coitado.

 — Meu amor, falta pouco para o evento acabar! Nós vamos embora daqui a alguns minutos, tudo bem? — aceno positivamente com um aceno de cabeça. Quanto mais cedo eu sumir daqui melhor.

 — Tudo bem meu amor! — seguro um sorriso — Você está tão lindo com esse terno vermelho e esses cabelos soltos! — fico boba com a beleza dele.

 — Acha que estou bonito é? — me puxa mais para ele e morde o lábio inferior com uma certa malícia em seu rostinho — Bonito mesmo eu vou estar quando estiver entre suas pernas — cochicha. Aproxima seu rosto do meu — Já tive o prazer de te levar às estrelas, mas, hoje vou te levar a lugares que nunca sonhou conhecer antes! — fala ao meu ouvido com uma voz rouca e tão suave, me causando todo tipo de sensações.

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