No comando

445 126 49
                                    

Paola Kendrick
Hotel Hichello, Manhattan
18 de novembro de 1991 • 01:33

 Ao pé da cama observo Michael dormir. Nosso organismo leva em média 20 a 30 minutos para ingerir remédios. Creio que deve ter apenas uns 10 minutos que ele tomou os sete remédios que a maldita da Agnes disse. Agora eu posso induzir o vomito, mas, nem sempre é recomendável. Indução do vômito só é indicada com ordem médica. Para a minha sorte, eu posso fazer isso!

 Ando até o banheiro. Abro a torneira e lavo bem as minhas mãos. Fecho a torneira com os cotovelos. É mais uma habilidade estranha que tenho graças aos anos como médica. Volto para o quarto com às duas mãos há um palmo do meu corpo. Sento-me ao seu lado na cama. Ele está nu, completamente nu

 Passo a mão direita por baixo de sua cabeça e a viro para o lado direito e em seguida posiciono dois dedos em sua boca. Ele dorme de boca aberta o que facilita o meu trabalho. Enfio os dedos de uma vez. Ele abre os olhos e já joga tudo para fora

 Dou tapas fortes em suas costas. Ele para de vomita e agora esta respirando pela boca, ele está olhando fixamente para o vômito e as 9 capsulas. 9! A FILHA DA PUTA DEU NOVE COMPRIMIDOS DE DEMEROL PRA ELE!

— DANIEL! — grito por ele que abre a porta e vem até mim. Levanto-me de uma vez — Cuida dele! — digo enquanto corro até a porta, pego a arma que deixei na cadeira ao lado da porta. Wayne me segura a mando de Daniel que vem até mim e tira a arma da minha mão

— Isso não vai resolver! — ele diz calmamente e coloca a arma de volta na cintura — Vou te ajudar a colocar ele no quarto da frente e vou chamar alguém para limpar isso! — ele diz enquanto vai até à cama. Eu juro que mato Agnes.

08:52

 Sentada em uma poltrona observo Michael tomar café da manhã forçadamente. Eu quase o obrigando a comer. Ele não esta falando comigo desde a nossa conversa no carro. Acho que ele esta com raivinha porque o fiz colocar aquelas porcarias para fora

 Sem contar que hoje eu vasculhei todas as suas coisas atrás de mais remédios e advinha? Encontrei quase uma mala cheia! Uma farmácia ambulante. 

— Não quero mais, já comi o suficiente — ele tomou metade do suco e não terminou a salada de frutas — Não vou comer mais! — ele cruza os braços e olha para o outro lado

— Você não esta na melhor posição para decidir qualquer coisa agora! Então faça um favor para mim e para si mesmo! Cala a boca e come! — digo friamente para ele que direciona seu olhar para mim

— Não fala assim comigo quem você pensa que é! Eu acho melhor começarmos a pensar em separação! Uma esposa não deveria falar assim com seu marido! — ele esbraveja enquanto come. Seguro a vontade de rir. Ele é igual criança. Reclama, mas obedece

 O telefone toca. Levanto-me da poltrona e ando até a mesinha lateral. Levo o telefone até a orelha e atendo. É Wayne para me avisar que a propriedade está limpa, ele também tirou muitos remédios da casa e agora tem uma equipe de limpeza lá para organizar tudo que ele tirou do lugar com o jeitinho calmo dele de vasculhar tudo

— Obrigada Wayne! — digo e desligo. Vou até à porta — Warren! Prepare o avião, nós vamos voltar para a Califórnia! Chame a assistente dele aqui porque preciso falar com ela! — ele acena positivamente. Fecho a porta e volto para a minha poltrona.

10:59

— E é tudo isso que tem para esses dias! — Marcele a assistente de Michael diz enquanto fala da agenda dele. Ele tem 150 compromissos

— Cancele tudo, menos a festa de lançamento do novo álbum dele. É uma cortesia da Patrice que é dona da Sony! E claro, é nossa amiga há anos! — Marcele acena positivamente e olha para Michael buscando aprovação. Ele esta sentado no chão em frente a TV jogando videogame, ele ainda esta com raiva — Quem manda nele agora sou eu Marcele, tudo referente a ele venha perguntar a mim! Até mesmo coisas simples como homenagens ele só vai se eu deixar! — ele olha para mim e arqueia uma das sobrancelhas

— Eu te dou um par de chifres e você se vinga virando minha dona? — ele pergunta todo desaforado — Eu prefiro que você peça o divórcio e pegue metade da minha fortuna como uma esposa traída normal! — ele volta a jogar

— Primeiramente, é a nossa fortuna e segundamente se eu me divorciasse de você eu abriria mão do seu dinheiro porque não preciso dele, se você for calcular a minha fortuna é superior à sua! E eu não sou uma mulher normal, por isso você se casou comigo! — digo com meu tom calmo como um soco no estômago e ele abre um sorrisinho.

SimileOnde histórias criam vida. Descubra agora