No comando

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Paola Kendrick
Centro medico Mari'Angel, Los Angeles
30 de agosto de 1993 • 10:12

— Após analisar os exames minunciosamente, cheguei a conclusão de que você e seu marido estão ótimos. A produção de espermatozoides dele esta na melhor fase. E seu útero parece ser de uma mulher que acaba de sair da adolescência! — Vince um dos meus amigos de plantão diz me deixando um pouco confusa, se esta tudo bem comigo e com Michael, por que ainda não engravidei?

— O que está errado então? Eu, não entendo... Alguma força divina acha que eu não sou digna de ser mãe? É isso? Porque, se for isso... O que eu fiz? Eu sempre fiz o melhor para todos, todos mesmo. Meus anos como médica é um bom exemplo eu salvei milhares de vidas — ele faz uma linha fina com a boca e leva a mão até a minha que está em cima da mesa

— Não é nada disso, você não está sendo punida divinamente falando. Talvez, só não seja hora ainda. Querida, olha bem pra mim! — olho para seus olhos castanhos. Um fio longo de seu cabelo cacheado está na frente de seu olho direito — Você merece ser mãe. Você é uma pessoa incrível e seria uma mãe perfeita! — olho para cima e respiro profundamente

— E se eu falhei em algum setor da minha vida? Eu já estou no caminho para os 40, meu sonho é pelo menos uns cinco filhos. Dessa vez, esse enjoo... pensei que fosse a minha hora tão esperada, que eu finalmente seria mãe — coloco às duas mãos sobre a boca para me ajudar a segurar o choro repentino

— Oh minha querida, eu sinto muito — Vince se levanta de sua cadeira e vem até meu lado direito. Abraça-me com carinho e beija minha bochecha — Vocês vão conseguir querida, vocês vão — ele afunda os dedos em meus cabelos e faz uma massagem

E se eu nunca for mãe? Nunca sentir uma vida em meu ventre? Nunca, escutar alguém me chamando de mamãe? Nunca ver uma criança com meus traços e os de Michael? Deus, a família dele continuará torrando a minha paciência

— Paola, e se você simplesmente desencanar um pouco? Vá pra casa, beba uma garrafa de vinho! Ande de montanha-russa ou se jogue no laguinho da sua casa. Corra! Corra pra caralho! Transe com o gostoso do seu marido e não se preocupe com nada! Deixe acontecer! Seja a mulher que você sempre quis ser, mas, por conta desse sonho você simplesmente desistiu. O hospital te aprisionou muito, te deixou responsável demais. Vá viver! Aproveite os quadris abençoados e moles do seu marido e transa pra caralho por mim e todas as fãs que nunca vão ter aquele gostoso — ele diz entre risos

Vince tem razão, o hospital me aprisionou um pouco. Deixei uma versão de mim largada no fundo do baú. Parei de beber socialmente há muitos anos porque eu não queria comprometer meu útero ou minha saúde. Mas, não adiantou muita coisa

— Vince, você é o amor da minha vida! — digo entre lágrimas para ele e o abraço mais forte. Afasto-me. Beijo sua testa. Coloco-me de pé — Farei exatamente o que você me disse! Aproveitarei a minha vida e os quadris abençoados do meu marido gostosão! — digo enquanto limpo minhas lágrimas com às duas mãos — Mande um beijo para o Tyler. Cuida bem daquela coisa fofa ele é o melhor anestesista daqui! — digo a Vince me referindo ao marido dele que é um docinho. Sempre foi um amigo incrível para mim assim como Vince. Jogo um beijinho para ele e ando em direção a porta. Michael, espero que você esteja pronto para o furacão que vai chegar em casa.

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