Tempestade Midiática

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Paola Kendrick-Jackson
Rancho Neverland, Los Olivos
23 de outubro de 1994, 22:26

 Com minha bebê nos braços eu choro aliviada por ela não ter nenhum arranhão. Aly, ainda está coberta de sangue, mas o choro passou assim que a segurei em meus braços. Ela não gosta de estranhos então, ela chorou ao notar a presença da pessoa, e sem dúvida a pessoa ainda deve estar no rancho. Assim que Petra percebeu que Aly estava bem, correu para fora do quarto. Agora, lá fora está uma bagunça, nossos seguranças estão correndo pelo rancho em busca da pessoa horrível que invadiu nossa casa, apavorou nosso bebê e abandonou esse serzinho.

 Olho para o feto repousa no berço de Aly com uma carta apoiada sobre seu pequeno corpo. Michael se afasta de nós e vai até o berço, ele rapidamente pega a carta, seus olhos varrendo as palavras enquanto a expressão em seu rosto se transforma de preocupação para confusão e, finalmente, horror.

 — Não posso acreditar nisso... — murmura Michael, com a voz embargada. Eu me aproximo, olhando para a carta, sentindo uma mistura de medo e incredulidade. As palavras são cortantes e cruéis, escritas com uma caligrafia que revela uma intenção malévola.

"Caro Michael e Paola,
 Espero que tenham gostado do presente que deixei para vocês. A pequena Alister é uma criança adorável, mas eu sabia que vocês mereciam algo mais. Portanto, decidi enviar um presente especial. Espero que apreciem a surpresa.
   Com carinho, Agnes"

 Uma onda de choque percorre meu corpo. Agnes, mais uma vez, conseguiu penetrar em nossa vida, trazendo consigo uma manifestação assustadora de seu distúrbio obsessivo. A sala começa a girar ao meu redor enquanto tento processar o horror diante de nós.

 — Como ela...? — Michael murmura, quase sem acreditar.

 Meus olhos se voltam para Aly, e meu coração se parte ao ver o estado dela. Sinto o peito apertar, uma mistura de raiva e desespero se formando em meu interior. Olho para Michael, seus olhos refletindo a mesma angústia que sinto.

 — Precisamos levá-la ao médico imediatamente. Não podemos arriscar nada, Paola — diz Michael, focado e firme. Assinto com a cabeça, segurando Aly mais perto, enquanto ele se move rapidamente para chamar o motorista e preparar o carro.

Centro Médico Kendrick, Santa Barbara
23:28

 — Aly está bem fisicamente, não encontramos nenhuma lesão — doutor Flávio fala em um tom doce e calmo — Dada a sua idade, ela não compreende totalmente a situação, mas este incidente pode ter impacto emocional, então, estejam atentos a qualquer mudança em seu comportamento.

 — Muito obrigada doutor! — digo entre sussurros para ele que acena positivamente e vai até os policiais que esperam para tomar seu depoimento. Olho para Aly nos braços de Michael e agradeço mentalmente por ela estar bem fisicamente.

 — Espero que ela esteja bem longe, porque se eu a vir novamente... — Michael começa, mas sua voz falha, revelando a mistura de raiva e preocupação que está sentindo.

 — Michael, agora nossa prioridade é Aly. Vamos seguir as orientações do doutor e manter um olhar atento sobre qualquer mudança nela. E quanto a Agnes, as autoridades estão cuidando disso. Precisamos tentar confiar no processo legal — digo, tentando acalmá-lo.

 Enquanto deixamos o centro médico, Aly adormece nos braços de Michael, ainda alheia ao tumulto ao seu redor. Os policiais nos acompanham de perto, eles parecem determinados a resolver o caso. Embora estejam empolgados por estarem próximos de Michael Jackson, eles mantêm o profissionalismo.

Rancho Neverland, Los Olivos
24 de outubro de 1994, 02:46

 — Ela conseguiu invadir enquanto estávamos todos distraídos com a comemoração. De alguma forma, ela conhecia os detalhes da nossa rotina. Estamos investigando como ela obteve essas informações — relata Warren nosso chefe da segurança.

 — Isso é inaceitável. Não podemos deixar isso impune. Quero saber como ela conseguiu essas informações e garantir que ela nunca mais se aproxime da minha família! — ele fala firmemente, deixando sua voz calma e serena totalmente de lado.

 — Estamos totalmente comprometidos em proteger sua família, senhor Jackson. Vamos conduzir uma investigação abrangente e reforçar a segurança para evitar qualquer futura intrusão — Warren fala com um tom calmo.

 — Quero uma revisão completa de todas as câmeras, uma verificação minuciosa dos funcionários e um aumento nos procedimentos de segurança. Não quero que ela tenha a menor chance de se aproximar de nós novamente! — Warren e os outros seguranças assentem, prontos para seguir suas ordens à risca.

 — Compreendido, senhor Jackson. Vamos agir imediatamente e garantir que todos os pontos de vulnerabilidade sejam corrigidos — Wayne ao lado de Warren fala firmemente.

11:52

 — Está em todos os canais de TV! — Patrice fala enquanto desliga a TV da cozinha — E esses helicópteros! — ela reclama, levando as duas mãos até as orelhas para abafar o barulho. Está enlouquecedor aqui. Aly está dentro do estúdio de gravações de Michael porque o barulho dos helicópteros sobrevoando Neverland é ensurdecedor.

 Neste momento, a pressão da mídia parece ser tão avassaladora quanto o próprio incidente com Agnes. Michael, Petra e eu buscamos manter a calma, mas a exposição constante e o zumbido insistente dos helicópteros testam nossos nervos.

 O feto foi levado pela polícia para análise. Eu e Michael achamos que pode ser de Agnes. Tanto a carta deixada no quarto de Aly quanto a carta de ameaça que Agnes mandou anteriormente foram entregues para as autoridades. O quarto de Aly está sendo periciado, e cada detalhe dessa invasão está sendo minuciosamente registrado.

 — Nossos portões, está cheio de jornalistas! — Michael reclama ao entrar na cozinha — Sete jornalistas conseguiram entrar e quase chegaram perto da casa. Por sorte a polícia não os deixou entrar! 

 — Precisamos proteger Aly a todo custo. Ela não pode ser alvo desse circo midiático — comento, olhando para Michael, cujos olhos denunciam a preocupação de um pai dedicado.

 — Temos que encontrar uma maneira de lidar com isso. Não podemos deixar que a invasão de Agnes e a cobertura da mídia afetem a paz de nossa família — ele passa as duas mãos por seus cabelos.

 — Talvez devêssemos fazer uma declaração oficial, esclarecer os fatos e pedir por respeito à privacidade da nossa. Se as pessoas entenderem a situação, talvez haja menos especulação desenfreada — Patrice sugere, enquanto observa a agitação pela janela. Eu concordo com um aceno de cabeça. A verdade, apresentada de maneira controlada, pode ser a chave para retomarmos algum controle sobre a narrativa.

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