O Medo Silencioso

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Michael Jackson
Serene Lake, Olympia
2 de maio de 1994, 07:13

 Estou sentado à mesa da cozinha, observando minha rainha, Paola, preparando nosso café da manhã. O aroma das panquecas que ela está fazendo preenche o ar, me envolvendo em um abraço caloroso e familiar. O som do vento batendo nas folhas das árvores lá fora, o som dos saltos de Petra ecoando no piso de madeira da cozinha, o som suave dos tênis de Paola contra o chão... é como uma sinfonia, uma música que fala de lar, de amor, de família.

 A cozinha é linda, com suas paredes de madeira clara e a mesa de carvalho escuro no centro. É grande, espaçosa, o tipo de lugar onde você pode imaginar uma família grande e barulhenta se reunindo para as refeições. Eu me pego sonhando acordado com isso - cinco filhos adotados, três biológicos, e minha doce Paola. Uma manhã barulhenta com gritinhos e risadas.

 — Não, estou a caminho da Geórgia — Petra murmura ao telefone enquanto caminha de um lado a outro da cozinha. Ela está mentindo. Ela tem medo de que possa haver algum dispositivo na casa que possa gravar nossas conversas.

 Petra desliga o telefone e olha para nós. Seus olhos estão cheios de determinação e um pouco de medo. Ela é uma mulher forte, mas a situação é muito assustadora, até para ela. Petra se aproxima da mesa, se senta e coloca a mão na barriga de Paola. Petra sorri para ela e depois olha para mim.

 — Vamos continuar viajando — Petra diz desanimada — Não podemos parar — ela força um sorriso e se coloca de pé — Aproveitem o café da manhã, eu vou ligar para Daniel do telefone do escritório! — Petra se retira da cozinha antes de Paola a obrigar a ficar e comer alguma coisa.

 Paola suspira e me olha com preocupação. Ela sabe que Petra está fazendo tudo isso por nós. Mas ela também sabe que isso não pode durar para sempre. Que uma hora ou outra, eles vão nos encontrar. 

 — Michael, eu te amo — Paola diz, segurando minha mão — E eu sou agradecida por tudo o que Petra tem feito por nós, mas, eu não sei se aguento mais dessa fuga constante, esse medo, essa incerteza. Eu quero ter um lar, um lugar onde possamos ficar em paz e criar nossos filhos!

 — Eu também te amo — eu digo, olhando em seus olhos — E eu prometo que vamos encontrar um jeito de sair dessa. Por enquanto, confie em Petra.

 — Michael — Paola sussurra, sua voz tremendo ligeiramente. Ela aperta minha mão — Eu só quero uma vida normal para nós, para nossos filhos. Eu quero que eles cresçam em um lar, não em constante fuga.

 — Mas, nada disso é permanente meu amor. Fique calma! — me levanto e a abraço — Eu também quero isso. E faremos o que for preciso para garantir isso. Petra está fazendo o melhor que pode, e nós também. Vamos encontrar uma maneira de sair dessa situação. Eu sei o quanto isso é difícil para você, para nós. Mas temos que ser fortes e pacientes. Vamos ficar bem!

 — Temos que ir! — Petra fala em um tom suave e calmo da porta da cozinha — Agora! — ela anda em direção às escadas e escutamos seus passos apressados. Nos entreolhamos e depressa andamos até as escadas.

Interstate 5 South, CA
15:17

 Sentados à beira da estrada, à sombra do nosso carro, saboreamos os deliciosos sanduíches que Paola preparou para nós. Paola, com as costas apoiadas na lateral do carro, realiza seus exercícios de respiração. Enquanto isso, Petra deitada no gramado à nossa frente, reclama de forma cômica sobre o quanto está cansada de dirigir. Eu mal consigo conter uma risada ao ouvir suas queixas exageradas.

Palácio da Prudência, Santa Mônica
(A residência do Juiz Hichello)
3 de maio de 1994, 01:38

 — Chegamos! — Petra fala parecendo estar aliviada e em seguida, sinto o carro parar. Abro meus olhos lentamente e sou presenteado com uma paisagem familiar. É A CASA DE DAN! Abro a porta do meu lado e saio.

 Patrice, com um enorme sorriso, vem até nós. Ela me abraça e logo após abraça Petra e Paola. Sem pensar duas vezes, vou em direção às escadarias e depois para o hall de entrada.

 Subo as escadas e vou para o meu quarto e de Paola. Assim como Daniel e Patrice têm quartos em todas as nossas propriedades, eu e Paola também temos nosso quarto em todas as propriedades de Dan e Patri.

 Ao abrir a porta, sou acolhido pelo aconchego do quarto. A serenidade deste lugar é como um abraço tranquilo em meio a tempestade. Eu amo viajar, sou um pássaro livre e odeio ficar muito tempo em um só lugar, mas, nossa, essa situação estressante me presenteou com uma nova forma de pensar.

 Um lar fixo não é tão tedioso ou ruim assim. É tão bom estar aqui. É tão bom estar seguro e saber que Paola e nossa bebê estão em ótimas mãos. Petra, Daniel e Patrice juntos derrubam um exército.

 Com um suspiro de alívio, me deito na cama, sentindo o tecido macio contra minha pele. Eu fecho meus olhos, permitindo que a serenidade do lugar me envolva.

 — Você ama esse lugar, né? — escuto a voz de Paola. Ela está rindo suavemente. Escuto a porta fechar — É tão bom ver esse semblante despreocupado em seu rosto, meu pãozinho — ela se aproxima e beija minha testa com carinho. Abro meus olhos e a encaro. Sorrio ao olhar para o lindo rosto da minha mulher — Vou preparar nosso banho! — aceno positivamente para ela e, com as duas mãos acariciando a barriga ela vai até o banheiro. Volto a fechar meus olhos e me permito relaxar completamente.

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