Banho de Sangue

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Aviso de Conteúdo Sensível: Este capítulo contém temas que podem ser sensíveis para alguns leitores. Por favor, prossiga com cautela. Sua saúde mental é importante. Se você se sentir desconfortável a qualquer momento, não hesite em parar de ler.

Paola Kendrick-Jackson
Eden's Charm, Corseaux
17 de maio de 1994, 12:25

 Sob a sombra suave das oliveiras, o aroma fresco do jardim de nossa casa, preenche o ar enquanto caminho lentamente com Michael. O sol do meio-dia aquece levemente o cenário sereno. Desde as seis da manhã, as dores do parto têm sido minhas companheiras constantes, e agora, cada passo parece ser parte do ritual que nos levará ao momento do nascimento.

 Os caminhos de pedra serpenteiam pelo jardim, e a brisa suave dança entre as folhas das oliveiras. Michael, ao meu lado, segura minha mão com carinho, transmitindo apoio e serenidade. Nossa conexão é palpável.

 Ao chegarmos à fonte no centro do jardim, faço uma breve pausa para recuperar o fôlego. As águas cristalinas da fonte fluem suavemente. Michael me olha com ternura.

 — Vamos voltar, acho que estamos perto! — digo ofegante. Michael assente com um aceno e damos meia volta. Lentamente caminhamos de volta para a casa moderna.  A caminhada de volta para a casa parece mais longa do que antes. Cada passo é medido, cada respiração é profunda. Michael me apoia, seu braço ao redor da minha cintura me dando força. A dor vem em ondas, mas estou determinada. Este é o momento que estivemos esperando.

 Ao chegarmos em casa, Michael me ajuda a subir os degraus da varanda. A casa, com suas grandes janelas e paredes de vidro, brilha sob o sol do meio-dia. É um santuário, um lugar de paz e tranquilidade onde nosso bebê vai nascer.

 Entramos e meu marido me leva para o nosso quarto. O quarto é espaçoso e acolhedor, com uma grande cama no centro. As janelas oferecem uma vista deslumbrante do jardim e do lago. Michael me ajuda a me deitar na cama e se senta ao meu lado, segurando minha mão. Seus olhos estão cheios de amor e preocupação. Ele acaricia meu rosto suavemente.

 — Você está indo muito bem, querida. Estou aqui com você — abro um sorriso para ele. Apesar da dor e do medo, sinto uma estranha sensação de paz. Estamos prestes a dar as boas-vindas ao nosso bebê, e não há lugar em que eu preferiria estar. A dor aumenta. Fecho meus olhos e aperto a mão de Michael com força. 

 Só estou tendo meu bebê em casa por medo de Agnes sequestrar o meu bebê. Por isso decidi que o lugar mais seguro para ter o meu bebê seria aqui, em nossa casa que não é conhecida pela mídia.

 Minha parteira, não por escolha própria, mas, porque pedi, é minha irmã mais velha, Monique. Mulher de sutil de olhos gentis, que acaba de entrar no quarto. Ela se move com uma calma que me tranquiliza. Com um aceno de cabeça, ela me indica que está tudo indo conforme o esperado. Estou tão agradecida que ela esteja aqui comigo.

 — Lola, você está indo muito bem. Está fazendo um trabalho incrível — Monique diz, tentando me passar calma, mas, sei que ela está tão apavorada quanto eu.

 As horas passam, e o sol do meio-dia dá lugar a uma tarde suave. O quarto é preenchido com a luz dourada do entardecer, criando um cenário mágico enquanto nos preparamos para receber nossa filha.

 — Paola, está na hora. Você está pronta? — Monique pergunta gentilmente, preparando-se para a fase final do parto. Concordo entre lagrimas. Aperto a mão de Michael mais uma vez e ajudo nossa pequena vir ao mundo. Monique me orienta através de cada respiração, cada empurrão. E então, com um último esforço, nossa filha nasce.

 O choro dela enche o quarto, um som doce e poderoso que marca o início de uma nova vida. Michael e eu nos olhamos. Michael me beija apaixonadamente. Entre lagrimas e risadas de felicidade nós nos beijamos. Esperamos tanto por ela. Tanto. Nossa filha está finalmente aqui, e o amor que sinto por ela é mais do que avassalador.

 Monique se aproxima de nós e a coloca em meus braços. Olho para o rostinho dela pela primeira vez. Ela é perfeita, e sei que faria tudo de novo por ela. Apesar do medo, apesar da dor, ter nossa filha em meus braços faz tudo valer a pena. Olho para esse rostinho lindo e esses lindos dedinhos. Ela ainda está chorando, mas, vai se acalmando. Aos poucos, o choro dela diminui até que se transforma em pequenos soluços.

 — Ela é perfeita, Paola. Nós fizemos isso. Nós criamos algo perfeito — Michael se inclina para beijar a testa dela, um gesto tão suave que mal perturba os cabelos finos dela.

 Monique, com um sorriso cansado, se deita ao meu lado na cama e brinca com os pezinhos da nossa nova prioridade. Juntos, damos atenção à nossa pequena e a Monique. Sem ela, não conseguiríamos. Tenho a melhor irmã do mundo, ela sempre está ao meu lado me apoiando em todas as minhas loucuras.

 Agora, enquanto a noite cai lá fora, nos aconchegamos juntos na cama, nossa pequena família. A casa está silenciosa, exceto pelo som suave da respiração do bebê. É um momento de paz, um momento de amor. Estou tão feliz por Agnes não ter estragado isso.

15 de outubro de 1994

Comunicado Oficial
 É com imensa alegria que anúncio a chegada da nossa mais nova bênção ao mundo. Em 17 de maio de 1994, nasceu em Corseaux, Suíça, nossa preciosa Alister Kendrick Michael Jackson.
 Paola e eu estamos radiantes com a chegada da nossa filha. Ela é a personificação do amor que compartilhamos, e sua presença em nossas vidas enche nosso lar de luz e alegria.
 Alister, que já é tão amada, é uma adição valiosa à nossa família, e mal podemos esperar para testemunhar o incrível caminho que ela trilhará na vida. Agradecemos a todos por respeitar nossa privacidade.
   Com gratidão e amor,
   Michael Jackson.

Rancho Neverland, Los Olivos
23 de outubro de 1994, 22:19

 — Estamos livres de Agnes por alguns anos. Parece que ela finalmente desistiu de toda essa loucura! — Petra fala enquanto toma um pouco de seu suco de laranja. Ela está usando um vestido amarelo ombro a ombro que fica lindo nela.

 Aparentemente, Agnes está grávida novamente e isso vai distraí-la por mais um tempo. Mas, do fundo do meu coração, eu desejo que ela encontre a paz. Que ela seja feliz com esse homem com quem ela está casada e que nos deixe em paz. Não entendo por que ela é tão obcecada por nós, por Michael. Já acabou. Ficou no passado!

 — É, agora, parece que vamos ter paz! — Michael diz com um sorriso enorme enquanto se recosta em sua poltrona. Ele está usando uma linda camisa vermelha. Ele sempre fica incrível de vermelho.

 — Sim, finalmente podemos respirar aliviados — respondo, sorrindo para Michael e Petra. Ele pega minha mão e a aperta suavemente. Olho diretamente em seus olhos e consigo enxergar a paz, mas essa paz se dissipa em segundos com o choro desesperado de Aly.

 Desesperados, corremos em direção à saída da sala de estar. Subimos as escadas no hall de entrada que nos levam ao segundo andar e, apressados, corremos pelo corredor até o quarto de Aly. A porta rosa-clara está suja de uma substância vermelha. É sangue?

 Com o coração batendo forte no peito, abrimos a porta, temendo o pior. Um sangue grosso escorre do berço de Aly perto da janela que está aberta com o vidro quebrado. Desesperada corro para dentro do quarto. Minha filha está cheia de sangue e ao lado dela, tem um feto com uma carta em cima dele, endereçado a Michael.

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