Um Passo do Precipício

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Paola Kendrick Jackson
Residência Richards, LA
30 de abril de 1994, 21:36

 Sentada ao lado de Michael, aqui na mesa da cozinha de mãos dadas, conversamos com Petra. A mão de Michael está suando e ele parece estar tão tenso.

 — É claro! Não acha que é uma boa ideia passarmos um tempo na casa dela? — Michael me pergunta com um sorriso.

 — Sim, realmente será ótimo! — abro um sorriso falso para ele e para Petra. Não consigo parar de pensar em Agnes. Por que ela está aqui? Ela não tem relação alguma com nenhum dos convidados.

 — Acho melhor a gente ir embora! — Michael se levanta de uma vez. Petra também se levanta e segura minha outra mão — Vamos querida? — Michael pergunta, me coloco de pé e os acompanho até a porta da cozinha que dá até o jardim. Aqui fora esta frio. Tão frio. Eu devia ter trazido um casaco.

 — Ali tem uma saída! — Petra diz em um tom sério. Michael começa a andar mais apressado. Dou uma corridinha para tentar os acompanhar. O que está acontecendo?

 — O que está havendo? — questiono assim que chegamos ao portão dos fundos, ele não é grande, mas, também não é pequeno.

 — Não é nada, tudo vai ficar bem! — Petra fala enquanto se agacha em frente ao portão e com um grampo começa a fuçar na fechadura do portão — CONSEGUI! — ela comemora e abre o portão. Juntos, saímos e caminhamos até o asfalto. A rua está tão deserta — Meu carro não está muito longe — ela aponta para o lado direito e seguimos pelo lado direito. Enquanto caminhamos pela rua, eu tento manter a calma.

 — Podem por favor me contar o que está acontecendo? — pergunto baixo para Michael, que me olha rapidamente e logo após olha para frente.

 — Quando chegarmos ao carro eu conto — ele fala entre sussurros. Caminhamos mais um pouco e então, chegamos ao carro. Eu preciso saber o que está acontecendo.

 — Chega! — paro ao lado do carro — Eu preciso que me contem o que está acontecendo! — coloco a minha única mão livre em meu peito — Me contem! — olho para Michael e para Petra. Ela olha para Michael e logo após para mim.

 — Agnes, mandou uma carta de ameaça para o Rancho, então, Michael decidiu te trazer aqui para a casa de River. Ela foi coronel dos exércitos, ninguém ousaria chegar perto da casa dela, mas, estávamos errados. Agora, estamos te levando para longe daqui, longe das mãos dela! — olho para Michael, agora sua tensão faz todo sentido.

 — Agora, entre no carro pelo amor de Deus! — Michael fala em um tom sério. Aceno positivamente. Ele abre a porta de trás, entro e ele ainda segurando a minha mão também entra em seguida.

1 de maio de 1994, 01:53

 — Por que Agnes faria isso? — pergunto, tentando entender o motivo por trás da ameaça — Ela não deveria seguir em frente, assim como nós fizemos? Ela não estava seguindo em frente?

 — Agnes sempre foi obcecada por mim, mesmo após o fim do caso. Quando ela soube que você estava grávida, acho que a ideia de me perder definitivamente a deixou fora de controle. Ela é perigosa, Paola, e não podemos a subestimar — ele aperta levemente minha mão e olha para a janela. Enquanto o carro segue pelas ruas incrivelmente vazias, Petra olha pelo retrovisor e me encara.

 — Ele está certo, Paola. Agnes é uma mulher poderosa, e sua posição na coroa lhe concedeu acesso a recursos que nem poderíamos imaginar. Se ela enviou uma carta de ameaça ao Rancho, devemos levar isso a sério! — ela aperta o volante e volta a prestar atenção na estrada.

 Um nó se forma em minha garganta. Respiro profundamente e tento manter a calma. Meu bebê não pode sentir nada disso. Não posso perder nosso bebê após tanta luta para engravidar. Tantos anos. Tanta espera.

 — O que faremos agora? Para onde estamos indo? — pergunto em um tom calmo. O mais calmo que consigo, pelo menos.

 — Temos um lugar seguro onde ninguém poderá nos encontrar. Petra tem uma casa isolada nas montanhas, e de lá podemos pensar em como lidar com a situação. Não podemos correr o risco de enfrentar Agnes diretamente, pelo menos não agora — mas, temos seguranças e pessoas que podem nos proteger. Tem mais alguma coisa que eu não estou me contando.

 — O que vocês não estão me contando? — pergunto entre sussurros, olhando para o banco da frente.

 — Nada, você já sabe de tudo, Paola! — Michael fala firmemente, interrompendo Petra, que iria dizer algo.

 — Aqui estamos — diz Petra, desligando o motor do carro — É um local seguro e fora do radar. Ninguém saberá que estamos aqui! — olho para fora. Tem pinheiros por toda parte e uma linda casinha de madeira clara de dois andares logo à nossa esquerda.

 — Tão calmo — sussurro. Michael abre a porta e com calma me guia para fora do carro. Ótimo momento para uma aventura, bem no final da minha gestação.

 O som das pequenas pedras enquanto andamos até a porta da casa é relaxante. Petra abre a porta e espera passarmos. Assim que entramos, sinto um calorzinho bom. A lareira já estava acesa. Olho para Petra, que agora está trancando a porta com a chave e logo após com sua digital e senha.

 — Não se preocupe, eu estive aqui mais cedo — assinto e ela abre um sorriso lindo — Vamos descansar um pouco, e depois, conversaremos sobre os próximos passos. Precisamos traçar um plano para lidar com Agnes e garantir a segurança de todos nós. Vou ligar para o Pentágono e ver o que podem fazer por nós nesse momento! — Petra diz enquanto caminha para um corredor bem longo. Michael aponta para a sala de estar ao nosso lado direito e lentamente caminhamos até lá. Eu não consigo subir escadas desde o início dos sete meses.

02:31

 Com carinho, Michael arruma o sofá-cama com um lençol, cobertores e travesseiros. Assim que ele termina, me aproximo do sofá-cama, ele puxa um pouco o cobertor que esticou aqui em cima, e eu me sento. Coloco minhas pernas para cima e me aconchego nas várias almofadas que ele posicionou cuidadosamente aqui. Eu estou tão confortável, tão tranquila, apesar de tudo. O calor da lareira é uma delícia, e o cobertor que ele está colocando em cima de nós dois agora é o grand finale.

 — Vem pra cá, quero ficar pertinho de você — seguro a mão dele que está deitado ao meu lado. Ele se senta e se aconchega nos travesseiros junto comigo. Me abraça e me dá um beijo na cabeça.

 — Tudo vai ficar bem, minha rainha. Estou aqui para você — diz entre sussurros — Nada vai acontecer, nós três vamos ficar bem — beija minha cabeça mais uma vez. Me aconchego nos braços do meu amor e me permito descansar.

07:53

 Com o amanhecer, os raios suaves do sol começam a invadir a sala de estar através das frestas das cortinas. O ambiente ganha uma aura acolhedora e mágica, enquanto a luz matinal destaca a elegância dos móveis brancos e a serenidade dos tons creme das paredes que compõem esse espaço. A lareira branca, agora apagada, permanece como um elemento de destaque, sua estrutura em mármore reluzindo suavemente sob a luz da manhã. Ao seu redor, a mesinha de centro de vidro reflete os primeiros raios do sol.

 Enquanto a sala recebe o toque caloroso do sol, uma escada branca e elegante se estende do lado direito da sala, levando ao segundo andar da casa. Os degraus são decorados com um delicado corrimão em tom dourado, proporcionando um charme adicional à estrutura. A luz matinal também encontra seu caminho através da janela próxima à escada, iluminando o percurso ascendente com um brilho sutil.

 — Bom dia, minha rainha, você está se sentindo bem? — Michael pergunta enquanto se aproxima.

 — Bom dia, meu amor — ele me dá um beijo na testa e um selinho — Nós estamos bem e relaxados — me espreguiço e, enquanto isso, ele tira o cobertor de cima de mim.

 — Fiz as panquecas que você gosta e a geleia de morango, já que está sendo a única que você ainda não enjoou! — faço um biquinho para ele — Você merece todos os mimos!

 — Você é tão valioso, meu pãozinho — digo entre sussurros para ele. Me levanto e o abraço — Eu te amo tanto.

 — Te amo, minha vida — ele me aperta levemente em seus braços.

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