Tristeza Profunda

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Paola Kendrick-Jackson
Rancho Neverland, Los Olivos
29 de agosto de 1993 • 14:59

 Um vento calmo passa por mim, movendo meus cabelos levemente. Estou na porta de casa olhando os meus sobrinhos correndo pelo jardim. Os irmãos e irmãs de Michael são tão férteis. E eu... Bem! Eu só tenho meus 33 anos. Ainda não acabou o meu tempo, bem, cientificamente falando. Tenho até os 35, mas, meu corpo parece não concordar. Olho para cima e tento conter as lagrimas

 Estamos tentando há um pouco mais de um ano. No início, nós estávamos tão confiantes. A cada teste negativo, nosso ânimo foi se acabando. Michael ainda é muito esperançoso. Faço um teste de gravidez a cada atraso. Sempre que da negativo, sinto que o sorriso de Michael vai se apagando. A esperança em seus olhos e a fé em mim também

— Paola minha querida — Kathe diz enquanto se aproxima de mim. Passo a ponta dos dedos por baixo dos meus olhos para limpar as lagrimas que desceram, sorrio para ela — A sua vez vai chegar, você vai ser uma boa mãe — faço um biquinho e aceno positivamente

— Obrigada por me dizer isso — sussurro para ela que me presenteia com um sorriso e vai até Janet que esta distribuindo as pipocas para os pequenos. Ao longe, vejo Michael correr com seus sobrinhos maiores. Eles estão brincando de guerra de balões. Eu não sou boa nisso, sempre perco!

 Encaro Michael correr e gritar pelo gramado com a metade do outro time atrás dele com pistolas d'água e balões. Os gritos dele são roucos e tão engraçados. É tão bom ver ele assim tão feliz e enérgico. Imagina se eu pudesse lhe dar uns 7 filhos. Ele teria companhia para brincar sempre 

 Só de imaginar a casa cheia. Os berros de "mamãe, ele pegou o meu brinquedo" ou "mamãe!". Talvez, eu tenha esperado demais para pensar seriamente nisso. Seria um sonho se eu pudesse ter de uma vez uns quatro!

 Dou um passo atrás e logo após me direciono para as escadas. Subo degrau por degrau. Sigo pelo corredor. Paro em frente ao quarto que guardamos todas as bonecas e ursinhos que compramos ao longo dos anos. Entro. Deixando a porta entre aberta vou até à cama que tem três ursinhos azuis. Deito-me na cama e abraço um dos ursinhos

— E se eu nunca for mãe? E se eu só não nasci para isso? É uma pena porque, eu seria uma ótima mãe. Seria mesmo — aperto o ursinho em um abraço apertado. Não posso chorar, ainda não é uma luta perdida, mas, esta sendo tão cansativo e frustrante.

21:52

 Com a cama balançando um pouco eu acordo. Michael esta jogando a coberta sobre nós. Pisco algumas vezes. Ainda estou no quarto das bonecas e ursinhos. Ele está usando seu pijama vermelho e seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo bem bagunçado

— Vamos para a nossa cama amor — digo enquanto me sento. Ele se senta também e com às duas mãos em meus ombros ele faz com que eu me deite novamente!

— Você estava dormindo de um jeito tão fofo, não queria te acordar — ele diz enquanto nos cobre novamente — Além disso, eu acho esse lugar bem aconchegante — ele diz enquanto se aproxima um pouco mais e me abraça

— Feliz aniversário meu amor, que nos próximos anos eu comemore o seu aniversário ao seu lado e não lamentando no quarto de pelúcias — digo entre risos para ele que me dá um beijinho na bochecha

— Eu te amo, esperarei pacientemente! Sei que teremos um bebê, nascemos para ser pais. Sinto que estamos tão próximos desse sonho — ele diz em um tom tão animador, um sorriso se desenha em meu rosto

 O sorriso estampado em meu rosto se apaga completamente com a vontade repentina de vomitar. Assim, sem nada que pudesse provocar isso. Levanto-me da cama. Corro para o banheiro do quarto. Me ajoelho em frente ao sanitário e jogo meu café da manhã e almoço todo fora. Michael como sempre tão querido, junta meus cabelos e os segura com uma das mãos enquanto acaricia minhas costas com a mão aberta.

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