Um Segundo de Paz

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Paola Kendrick-Jackson
Rancho Neverland, Los Olivos
24 de outubro de 1994, 15:30

 A agitação no rancho parece ter diminuído um pouco desde a manhã, mas ainda há uma tensão palpável no ar. Enquanto Aly dorme tranquilamente em seu berço, Michael, Petra e eu nos reunimos na sala de estar para discutir nossa estratégia diante da invasão de Agnes e da cobertura frenética da mídia.

 — Isso é inaceitável! — Michael explode, falando em um tom alto que ele quase nunca usa — Eles não têm o direito de invadir nossa privacidade assim!

 — Eu sei, querido, eu sei — respondo, segurando sua mão com força — Mas precisamos manter a calma. Se nos deixarmos levar pela raiva, só vamos piorar as coisas.

 É difícil manter a calma quando nossa casa, nosso refúgio, se tornou um circo. A cada minuto que passa, a sensação de segurança se esvai.

 — Devemos fazer uma coletiva de imprensa. Precisamos esclarecer os fatos e evitar que a imprensa especule ainda mais sobre o ocorrido — digo, apoiando a sugestão de Patrice. Michael assente, parecendo aliviado por termos um plano em mente. Seu rosto ainda está tenso.

 — Precisamos transmitir uma mensagem clara de que a segurança da nossa família é uma prioridade absoluta e que não vamos tolerar intrusões como essa — Michael fala com firmeza, sua voz ressoando no silêncio tenso da sala.

 — Vou cuidar de tudo com Judite — Patrice se levanta, pronta para assumir a responsabilidade.

 — Obrigado por isso, Patri — Michael fala em um tom mais relaxado. Patrice acena positivamente para ele e para mim. Ela se retira da sala, deixando um rastro de seu perfume de chiclete no ar.

 Olho em direção a Michael, que agora está perto da lareira. Me levanto da minha poltrona e vou até ele. O abraço gentilmente. Ele retribui imediatamente, me apertando em seus braços.

 — Você está bem, Paola? — ele pergunta, sua voz suave e preocupada ao sussurrar em meu ouvido.

 — Estou melhor agora, estando aqui com você — respondo sinceramente, afundando-me ainda mais em seu abraço — Eu te amo, Michael — murmuro.

 — Eu te amo, Paola — ele murmura — Eu não sei o que faria se ela conseguisse machucar nossa bebê — ele suspira profundamente.

 — Temos que nos manter fortes. Por Aly e por nós mesmos — digo entre sussurros.

 — Com licença — Warren, nosso chefe de segurança, diz enquanto entra na sala. Eu e Michael olhamos para ele, que se aproxima de nós — Senhor Jackson, senhora Jackson, encontramos uma brecha na segurança. Um dos seguranças, um homem chamado Hayden, foi cúmplice de Agnes. Ele entrou no quarto da senhorita Alister. O feto era de Agnes; ela teve uma perda após saber do nascimento da senhorita Alister pelos jornais.

 — Muito obrigado por nos comunicar; pode dividir isso com a polícia — Michael fala entre sussurros para Warren, que assente e se retira.

 — É nossa culpa? Nós matamos o bebê dela? — pergunto atônita para Michael, que me abraça fortemente e beija minha cabeça com carinho.

 — Não, querida, não é nossa culpa — Michael responde com carinho — Não poderíamos ter previsto isso. Agnes é uma mulher perturbada; suas ações não têm lógica ou razão.

 — Mas e se tivéssemos sido mais vigilantes? Se tivéssemos percebido antes... — murmuro, minha voz tremendo com a angústia.

 — Não podemos nos torturar com "e se". O que importa agora é proteger nossa família e lidar com as consequências desse terrível incidente — sinto um nó se formar em minha garganta, lutando contra as lágrimas que ameaçam escapar.

 A ideia de que nossa felicidade contribuiu para a tragédia de outra pessoa é avassaladora. Ninguém merece a dor de uma perda, ninguém.

 — Paola, me escute — Michael segura meu rosto gentilmente entre suas mãos, forçando-me a encontrar seus olhos preocupados — Nós fizemos tudo o que pudemos para proteger nossa família. Não podemos carregar o fardo das ações de Agnes. Ela é responsável por suas próprias decisões e atos. Também não temos culpa da perda dela. Entendeu? — ele pergunta em um tom doce e calmo. Aceno positivamente e Michael me envolve em seus braços ternamente.

23:19

 — Está mais calma? — Michael pergunta baixinho para mim enquanto se senta ao meu lado aqui na beira da cama.

 — Estou tentando me manter calma e ignorar os horríveis pensamentos que me assombram. Me dói saber que ela perdeu um bebê por causa do comunicado do nascimento de Aly, ela realmente te ama, Michael. Te ama tanto a ponto de ser uma obsessão — murmuro enquanto encaro o bercinho de Aly, onde ela está dormindo tranquilamente. Michael, pessoalmente com a ajuda de um dos seguranças, trouxe um berço novo para nosso quarto.

 O berço antigo de Aly será queimado, e doaremos uma boa quantia para a caridade para não ficarmos com a consciência pesada por queimar um berço que outra pessoa poderia usar. Bem, não sei nem com que cara eu doaria aquilo. Mas, sempre arranjam um jeito de crucificar a gente nos jornais e em qualquer canto que seja.

 Ainda me é muito estranho que qualquer coisa sobre nós vire notícia. Não estou acostumada com isso. Tudo o que Michael fazia virava, mas ele é o Michael Jackson. Até mesmo se queimamos um berço, a mídia dá piti. Após uma boa conversa com a polícia, eles nos indicaram isso. E foi a melhor coisa que poderíamos fazer; me senti um pouco melhor.

 Não acredito que alguém que trabalhava para nós, participou de algo assim; não somos pessoas ruins e tratamos a todos ao nosso redor com muito carinho. Não entendo o porquê disso. Respiro profundamente... Bom, o que importa é que estamos bem fisicamente e de saúde, meu marido e minha filha estão bem. Isso é ótimo. Apoio minha cabeça no ombro do meu marido e suspiro profundamente.

 — Estou bem, nossa sessão com a psicóloga é amanhã — murmuro para ele, que concorda com um aceno.

 — Senhor Jackson! — Wayne chama por Michael na porta de nosso quarto que está aberta. Michael com um aceno o convida para entrar. Ele olha para cada um de nós antes de fixar seus olhos em Michael — Agnes foi presa! — sinto um peso enorme ser tirados de meus ombros.

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