Capítulo 14

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- Ana, eu quero tu - diz Vitória, respirando pesado.

- Eu também, Vi. Mas cê tá mesmo pronta? - Ana a olha intensamente, os olhos de ambas brilhando em desejo.

- Tô. Mais do que nunca eu sei que quero dar esse passo junto de ti - Vitória afirma, convicta, recebendo um lindo sorriso da namorada em resposta.  

Nada mais precisou ser dito. O quarto, à meia-luz que se dividia entre o resto dos raios solares e o início do brilho da Lua, abrigava, naquele momento, a materialização da paixão de duas pessoas. 

Ana empurrou Vitória vagarosamente até a cama, encaixando-se sobre ela, apoiando-se nos cotovelos para não jogar todo o peso do corpo em cima da namorada. Em todo o caminho, as duas não desencostaram os lábios por mais do que milésimos de segundos. Não conseguiam, era como se ficar sem o beijo uma da outra fosse ficar sem oxigênio, e o amor, o desejo, o carinho entravam como partes da equação que representava a combustão daqueles dois corpos que ardiam um pelo outro, e que ansiavam por poder juntar-se também na dimensão carnal.

Vitória tirou o moletom que Ana usava, e beijou-lhe o pescoço, enquanto ela apertava sua cintura. Ana, por sua vez, abriu os botões do casaco da cacheada, e, a cada botão aberto, dava-lhe um beijo na área. Fazia tudo calmamente, assim como Vitória, como se quisesse guardar na memória cada pedacinho daquele momento tão especial para o relacionamento das duas. 

- Tu é tão linda. Acho que eu nunca vou cansar de te dizer isso - diz Ana, com a voz abafada, beijando o pescoço de Vitória, que lhe acariciava a nuca. 

- Ninha... - Vitória falou, sem jeito, olhando para baixo. - Tu também é linda. A mais linda de todas. 

- Eu quero te ouvir, Vi - Ana sussurra diretamente no ouvido da namorada, segurando seu rosto delicadamente, para deixar uma mordida em sua orelha. 

O resto das roupas que usavam foi logo ao chão em questão de pouco tempo e, ao finalmente se juntarem, em todos os sentidos possíveis da palavra, gemeram juntas com a sensação. O ritmo acelerado, encaixado, como se elas representassem um compasso que marcava a música que apenas a outra sabia tocar. Sussurros proibidos, ouviram e interpretaram cada reticência uma da outra. Se provaram, se enxergaram, se sentiram e se deixaram uma na outra, e, ao atingirem o ápice juntas, souberam que estavam completas e, acima de tudo, no lugar certo. 

- Uau... Isso foi... - Ana fala, aconchegada em Vitória, que acariciava seus cabelos.

- Incrível - a advogada completa, baixinho, sorrindo. A médica levanta a cabeça e olha a namorada, esboçando a expressão mais iluminada que já tivera até então, e dá seu clássico sorriso de canto, beijando a testa da outra, em um gesto de pura ternura. 

- Agora somos uma só, meu amor - fala Vitória, a voz rouca quase não se ouvia.

- Sim, vida - Ana concorda, bocejando, os olhos caídos por natureza quase se fechando, como aviso prévio do sono que vinha chegando. 

Ficaram ali, aninhadas uma na outra, debaixo do quentinho das cobertas, sentindo o carinho e o aconchego do lar. Desnecessário dizer que Ana era o lar de Vitória e Vitória era o lar de Ana. Não demorou muito para que dormissem, com largos sorrisos estampando o rosto das duas, e tendo a Lua testemunhado a jura de amor mais bonita que se poderia ver, entre aquelas duas jovens, que eram uma o porto-seguro da outra em meio à tempestade e ao mar revolto. 

Algum tempo depois, que nenhuma das duas soubera precisar exatamente quanto, acordaram com um telefone tocando, e era o de Vitória. Ela levantou a cabeça, que estava deitada no peito de Ana, e reconheceu o barulho.

- Vi? - A médica chama, com voz sonolenta, sem abrir os olhos.

- É só o meu celular, amor - Vitória responde, com a voz ainda mais rouca do que de costume. - Pode voltar a dormir. 

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