Chegaram ao hospital e rapidamente retiraram a maca da ambulância, carregando-a para dentro. Alguns médicos, conhecidos de Ana, mal acreditaram quando viram quem era a paciente e o estado no qual ela se encontrava realmente era de se fazer duvidar a qualquer um. Entre eles estava Manu, de plantão no pronto-socorro aquela noite, que acolheu Vitória e correu para junto de Ana, prometendo trazer informações para a cacheada em breve. Júlia e Lucas, que vinham seguindo com o carro atrás da ambulância, entraram logo em seguida, abraçando a amiga e tentando contê-la, já que ela queria entrar no centro cirúrgico junto com a namorada.
- Se afastem! Vamos, se afastem! - Dizia um dos médicos que acompanhava a maca. Chegaram até a porta do CC e entraram, com Vitória sendo barrada pela dra. Gavassi.
- Vi, você não pode entrar aqui - dizia Manu. - Eu vou pra lá, juro que não vou sair de perto de Aninha um só segundo.
- Eu preciso ir! - Falava Vitória, chorando.
- Você precisa mesmo é ir pra uma consulta já, pra darmos uma olhada nesses machucados - diz Manu. - Levem ela pra enfermaria, por favor - pede a Júlia e Lucas, correndo em seguida atrás dos outros médicos.
Eles fazem o que a anestesista pede e levam a amiga, que também precisava urgentemente de atendimento, já que havia passado muito tempo sem se alimentar direito, tinha escoriações causadas pelas cordas e também provocadas pelo próprio André, no meio da briga entre ele e Ana, a qual Vitória tentara veementemente impedir.
Lá chegando, uma médica muito simpática atende a advogada, fazendo curativos em seus machucados e solicitando seu internamento pelo menos por aquela noite, para que ficasse em observação. Lhe aplicaram analgésicos, anti-inflamatórios e um soro com vitaminas do complexo B, e ela foi encaminhada para um dos leitos. No entanto, sua agitação não passava, tamanha a ansiedade em saber notícias de Ana Clara.
- Vi, pelo amor de Deus, você tem que tentar manter a calma - diz Júlia.
- Como manter a calma?! Me fala, Júlia, como que eu vou manter a calma sem saber nem se o amor da minha vida tá bem ou se... - Ela desaba em lágrimas mais uma vez.
Nesse momento, Manu adentra o quarto junto de outro médico, chamando a atenção dos três amigos.
- Vi, esse aqui é o dr. Ricardo Bittencourt, cirurgião torácico, responsável pelo caso da Aninha e um grande amigo nosso - Manu os apresenta e Vitória, Lucas e Júlia o cumprimentam rapidamente.
- Então, doutor, como ela tá? Eu posso vê-la agora? - Pergunta Vitória, afobada.
- Senhorita Vitória, a dra. Ana sofreu uma pancada muito forte na região torácica, e isso fez com que uma grande quantidade de sangue se acumulasse no espaço pleural, na frente do pulmão esquerdo dela - ele começa. - Essa condição se chama hemotórax e é bastante grave. Ela chegou bem escoriada, já com instabilidade hemodinâmica, a pressão arterial muito baixa, quase em choque hipovolêmico, então por pouco não aconteceu algo pior. Nós conseguimos reverter o quadro com transfusão de hemoderivados e tivemos de intervir rapidamente, fazendo um procedimento cirúrgico chamado toracostomia com drenagem pleural fechada, através do qual instalamos um dreno de tórax pra retirar o sangue que ficou aprisionado ali.
- Mas ela tá bem? Eu... eu posso ir vê-la? - A advogada pergunta, temerosa, sem entender muito bem todo aquele jargão médico.
- Vi, nós tivemos que sedar a Aninha por conta da dor, e ela provavelmente não vai acordar nem tão cedo. Também vamos mantê-la na UTI por essa noite, por precaução - responde Manu, colocando a mão sobre o ombro de Vitória em um gesto de amizade. - Ela vai ficar bem, e você precisa descansar.
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Sanity Line
Romance"Aqueles olhos... quando os vi pela primeira vez, soube ali que não teria mais volta, e que eu seguiria sua dona para onde quer que fosse..."