Ana Clara correu apressada pelo Hospital Geral, até chegar na ala pediátrica. Lá chegando, o que viu causou um frio enorme em sua espinha.
- Dani?!
Ana não pôde conter a surpresa quando viu sua pequena paciente se debatendo em seu leito, com uma enfermeira segurando sua cabeça e uma senhora desesperada ao lado, que perguntava constantemente o que se passava com sua neta.
- Dra. Caetano, o que tá acontecendo com ela? - Pergunta a avó da criança, que chorava copiosamente.
- Calma, dona Alda - Ana tenta tranquilizá-la. - Sua neta está tendo uma convulsão - e vira-se para a enfermeira que ali estava. - Administrem 2 mg de midazolam endovenoso, rápido! Quero que diluam em 100 ml de ringer lactato.
Dito isso, enquanto a enfermeira vai preparar e infundir o medicamento, Ana vira a menina em decúbito lateral esquerdo, para evitar que ela broncoaspirasse e, consequentemente, se asfixiasse ou tivesse uma pneumonia. Também ajuda a segurar a cabeça dela, esperando que a crise passasse. Na verdade, aquela era a única coisa que poderia ser feita no momento. Depois de alguns bons minutos, a criança para de se mexer, mas parece desmaiar em seguida.
- Dra., o que houve? Por que ela desmaiou? - Grita a senhora, ainda chorando.
Ana solta Dani, posicionando-a de maneira mais confortável na cama, e vai até a avó da menina.
- Dona Alda, o que a Dani teve foi uma crise convulsiva tônico-clônica - explica Ana. - Por isso que ela ficou se debatendo tanto assim.
- E o que causa essa crise? - Pergunta a senhora, nervosa.
- Bom, podem ser diversas coisas, às vezes até estímulos luminosos em excesso, febre, estresse, alguns medicamentos ou epilepsia, o que eu particularmente não acho que seja o caso dela. A crise convulsiva acontece porque os neurônios do nosso cérebro entram em uma atividade excessiva, gerando grandes descargas elétricas que são distribuídas por todo o corpo, podendo causar ausência do paciente, quando ele fica meio aéreo, ou essas contrações musculares exacerbadas, que se assemelham a um peixe se debatendo fora d'água - Ana elucida a questão. - Como ela tava antes de começar a ter a crise? A senhora notou alguma coisa de diferente? - A médica realizava a anamnese e simultaneamente fazia o exame neurológico como podia, com a criança naquele estado de inconsciência.
- Ela tava bem, dra. Ana - diz dona Alda, enxugando as lágrimas. - Tava brincando com a bonequinha dela e de repente começou a se debater.
- Febre ela não tem porque eu acabei de aferir a temperatura, e provavelmente não teve nenhum estresse, não é? - Dona Alda nega. - Olha, como a Dani está em pós-operatório tardio de um glioma e, diga-se de passagem, sabemos que a cirurgia foi delicada porque o problema dela era sério, precisamos descartar que a etiologia seja uma recidiva de tumor. Precisamos fazer uma TC de crânio, fazer alguns exames laboratoriais e também vamos checar todos os medicamentos que ela estava tomando, para verificar alguma possível relação - Ana diz, e a senhora assente.
- A senhora acha que essa doença maldita pode ter voltado? - Pergunta dona Alda, aparentando verdadeiro pavor só em pensar naquela hipótese.
- Eu não sei, e sinceramente espero que não - Ana suspira cansada.
- E por que ela tá desmaiada?
- Na verdade, é bem comum que o paciente fique nesse estado após uma convulsão. Alguns ficam inconscientes e outros só meio torporosos, mas é algo meio que esperado - diz Ana Clara. - Já vou levá-la pra fazer o exame, tá bem? Daqui a pouco volto com notícias pra senhora.
Dona Alda apenas assente, enquanto mais lágrimas rolavam por suas bochechas.
- Vai ficar tudo bem - Ana sussurra pra ela, enquanto segura sua mão e dá um aperto carinhoso.
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Sanity Line
Любовные романы"Aqueles olhos... quando os vi pela primeira vez, soube ali que não teria mais volta, e que eu seguiria sua dona para onde quer que fosse..."