Capítulo 16

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Ana permanecia calada, sem saber o que responder à sua mãe. Não contava que o funcionário da casa poderia comentar com dona Mônica ou seu Edimilson sobre o fato de ter levado Vitória, mesmo que não houvesse pedido segredo a ele.

- Ana, tá aí ainda? - A mãe perguntou, tirando a médica de seus devaneios.

- Oi, tô sim - ela respira fundo antes de continuar. - Então, mãe... Essa moça que estava comigo é uma pessoa que tem sido muito importante na minha vida. Em breve você e papai devem conhecê-la.

- Ah é?

- Sim. Olha, mãe, eu tenho que ir agora, vou me preparar pra minha próxima cirurgia. Depois a gente se fala, tá?

- Tudo bem, minha filha. Vá lá. Que Deus te guie pra que dê tudo certo.

- Brigada! Tchau! - Ela desliga o telefone e solta um suspiro alto, se encostando na parede e olhando para cima, agradecendo mentalmente porque a mãe não insistira no assunto, afinal não achava apropriado contar sobre seu namoro por telefone. Queria fazer isso pessoalmente e faria em breve, quando viajassem para Araguaína.

Ela volta para perto de Vitória, que a olhava interrogativamente. 

- Então, Dani, a tia Ana precisa ir agora pra uma outra operação, mas mais tarde passo pra te ver, tá bem? - Ana faz carinho na cabeça da garota e beija sua testa, e ela assente, parecendo um pouco tristinha em não ter mais a companhia da médica. Vitória e Manu também se despedem da pequena e saem da enfermaria junto com a neurocirurgiã. A anestesista vai logo para a sala de escovação adiantar-se na preparação para a cirurgia que fariam, deixando Ana e Vitória sozinhas.

- Amor, o que foi? - Vitória pergunta.

- Como assim?

- Tu voltou meio estranha depois que foi atender aquela ligação... Parecia meio apreensiva, sei lá.

- É que minha mãe ligou... O Luiz falou pro meu pai que eu te levei lá e ela queria saber sobre.

- Mas ele contou tudo, tipo tudo mesmo?

- Acho que não. Só falou que eu apareci lá com uma moça, e mamãe perguntou quem era, já que eu nunca levei ninguém lá. 

- E o que tu disse pra ela?

- Disse apenas que era alguém muito importante pra mim - responde Ana. - Eu não achei de bom tom contar sobre o nosso namoro pelo telefone, sabe?

- Acho que tu fez bem, amor.

- Mas também falei que ela iria te conhecer em breve - Ana dá seu meio sorriso de canto, recebendo também um sorriso em resposta de Vitória.

- Tenho que falar pra mamãe que tô voltando também, eu ainda nem comentei com ela sobre a nossa viagem. Pra falar a verdade, não contei sobre nada do que aconteceu nos últimos tempos. Ela nem sequer sabe sobre meu término com o André. 

- Bom fazer isso logo, porque já é dia 26 que vamos - aponta Ana.

- Assim que chegar em casa faço isso. Tu vai passar pra me buscar hoje?

- Claro, vida. O teu carro ficou lá em casa, esqueceu? 

- Não, né, Naclara - Vitória ri, sendo acompanhada pela namorada. - Tô só confirmando mesmo.

- Tá bem, minha avoadinha. 

- Inclusive, deixa eu ir lá, que devo tá te atrasando pra tua cirurgia.

- Não tá não, mas, já que tu tem que ir e eu também, me dá só um beijinho antes - Ana pede, fazendo biquinho, e Vitória se aproxima dela, rodeando seu pescoço com os braços.

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