Vitória abriu os olhos devagar, sentindo uma dor horrível, como se tivesse levado uma grande pancada na cabeça. Tentou se mexer, mas foi inútil: estava amarrada em uma cadeira, muito desconfortável, por sinal. Não tinha sequer forças para gritar e pedir ajuda, mas viu que estava em um lugar quente e mal iluminado. Mal sabia se era dia ou noite, já havia perdido totalmente a noção do tempo.
- Acordou a Bela Adormecida - diz André, se aproximando dela.
- O que você fez comigo? - Ela pergunta, em um fio de voz. - Pra onde me trouxe?
- Se você está comigo, está segura. Não há o que temer.
- Jura? - Ela diz, ironicamente, revirando os olhos. - Me deixa ir embora. A polícia do país inteiro tá te procurando, Ana deve estar louca atrás de mim.
- Pois que fique - ele grita, assustando-a. - Aquela médica metida a heroína roubou você de mim, então tá na hora de acertarmos nossas contas.
- Você que me perdeu.
- Não perdi, e vou te provar agora mesmo.
- O que vai fazer? - Vitória pergunta, temendo pela resposta.
- Bom... Se ela é assim tão louca por você, com certeza vai vir te procurar. Vamos dar uma colher de chá a ela? - Ele acena para um cara que traz um celular, reconhecido por Vitória de imediato.
- Meu celular! - Ela exclama. - Você não... Não, tu não teria coragem.
- Vejo que me entendeu muito rápido - ele sorri. - Vamos falar com a doutora agora?
- André, não faça isso, pelo amor de Deus.
Não adiantou. Ele já havia descoberto a senha e desbloqueado o celular, e, naquele momento, ligava para Ana Clara, que, do outro lado da cidade, em seu apartamento, estava completamente desesperada. Do seu lado, Júlia e Lucas não estavam muito diferentes. A médica andava de um lado para o outro, quase abrindo um buraco no chão.
- Como eu fui deixar isso acontecer? - Ela dizia, com as mãos na cabeça.
- Ana, você não teve culpa. Ninguém teve - Júlia tentava consolá-la.
- Verdade. Como alguém poderia prever o que iria acontecer? - Diz Lucas.
- Pra mim tá muito óbvio quem foi - fala Júlia. - Assim que a Ana me ligou perguntando da Vi e nós percebemos que tinha algo errado, eu liguei imediatamente pro senhor Almeida, e ele me disse que não enviou essa mensagem. Ou seja...
- Só pode ter sido coisa daquele crápula do André - conclui Lucas.
- Meu Deus do céu, ele vai machucar a minha mulher! - Ana chorava. - Eu preciso fazer alguma coisa.
- E se tentássemos rastrear o carro da Vi? Ou o computador de onde enviaram a mensagem? - Sugere Lucas.
- Os documentos da seguradora tão todos dentro da bolsa dela, que tava com ela - fala Ana, em um fio de voz.
- E eu tentei rastrear o computador, mas o IP foi mascarado, porque deu em um endereço da Malásia - diz Júlia.
Nesse momento, o celular de Ana começa a tocar e, ao ver "Amor" piscando no visor, atende de prontidão. Era uma chamada de vídeo, em FaceTime. Porém, para a surpresa da neurocirurgiã, não é sua namorada que aparece na tela, mas sim o cara que vinha habitando seus pesadelos e os de Vitória também.
- Ora, ora, ora - diz André. - A doutora heroína.
- O que você quer comigo, imbecil? - Ana pergunta, friamente. Júlia e Lucas mal respiravam, tão apreensivos.
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Sanity Line
Romance"Aqueles olhos... quando os vi pela primeira vez, soube ali que não teria mais volta, e que eu seguiria sua dona para onde quer que fosse..."