38°Capítulo

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Os olhos dele brilhavam, ele queria que eu dissesse "sim" e é óbvio q eu ia dizer mas, será que eu quero mesmo isso?

Adam: Maya??- olhei para ele e senti o oxigénio a entrar nos pulmões outra vez- queres ir ao cemitério comigo ou não?

Desviei os meus olhos dos dele e olhei para o Guilherme, ele estava sentado na cadeira giratória que devia ser do Gabriel.

Eu: sim- baixei a cabeça.

Eu particularmente não queria ir, não fazia sentido na minha cabeça, mas senti que é importante para ele.

Guilherme: bom, podemos ir amanhã de manhã?- ele falou enquanto dava voltas com a cadeira.

Adam: parece perfeito.

Saímos do escritório e ouvimos a música do Harry Styles muito alta vinda da sala.

Guilherme: parece que estão a fazer um show e não fomos convidados.

Vi o Noah, estava a tentar segurar a mão da Hellen, ela estava bêbada.

Hellen: eu quero ficar com a minha amiga, eu fiz uma amiga hoje.

Noah: temos que ir embora.

Olhei para o Adam que estava irritado com a música, ele foi em direção as colunas de som e desligou.

Felicia: a tua paz interior foi interrompida não foi?- ela caminhou em direção ao Adam e quase caiu.

No caminho para casa eu só conseguia pensar no Adam e no dia de amanhã, os olhos da Amélia estavam colados em mim e senti que ela estava preocupada. Agradeci por ela não perguntar nada, visto que preferia que o tempo parasse só por um segundo.

Quando cheguei em casa fui direto para a cama, estava cansada e só queria dormir, embora não queria que o dia de amanhã chegasse...

(...)

Fiz as minhas higienes, vesti e fui tomar o pequeno almoço, a casa estava no total silêncio e queria desfrutar dos possíveis únicos minutos de paz desse dia. Ouvi a porta e fui até lá.

Guilherme: bom dia Maya.

Eu: bom dia... o Adam?

Guilherme: ele teve uma discussão com o pai e disse que vai atrasar um bocado, então eu vim.

Eu: aah... queres entrar?

Guilherme: pensei que nunca ias perguntar- ele passou por mim e entrou- se eu tivesse um sofá desse, nunca mais ia levantar- ele disse depois de se deitar no sofá grande e cinzento.

Fiquei a olhar para ele, mas a minha cabeça estava lá na casa do vizinho, sempre que ele tem discussões com o pai, ele fica frio, ignorante e distante... distante de mim.

Guilherme: sabes... eu sei que sou um lindão, mas não é preciso olhares assim para mim- ele sorriu e piscou o olho.

Eu: espera, o que?- voltei a realidade.

Guilherme: tu estás a pensar no Adam, não é?- ele sentou.

Eu: tu por acaso sabes porque que ele me chamou para ir ao cemitério?- sentei ao lado dele.

Guilherme: é para ver a morta... quer dizer a Elma- ele segurou o sorriso.

Eu: eu já sei, mas porque?

Guilherme: eu vou te contar uma coisa, tu até podes ser namorada dele, ou um dia vocês podem se casar ou até ter uma família, mas o Adam sempre vai querer incluir a Elma nisso tudo. Ele ainda não conseguiu perceber a 100% que ela morreu e tenho medo do dia que ele perceber, porque o comportamento dele pode ficar bem pior do que já está.

Eu: mas e agora eu faço o que? Eu já conversei com ele sobre o passado ficar no passado, mas acho que não deu certo.

Guilherme: bem, desde que a Elma morreu ele nunca quis ficar com nenhuma menina, mas se vocês estão juntos agora, é porque tu tens alguma coisa que lhe fez ficar bem com ele mesmo, nem que for só alguns segundos, então só continua ao lado dele, talvez quando ele perceber que ela morreu de verdade mesmo, ele não vai ficar depressivo, por tua causa.

Eu: tens razão, ele precisa de mim.

(...)

O Guilherme cantava alto a música que tocava no rádio do carro, olhei para o Adam que estava a conduzir, ele estava sério e parecia chateado com alguma coisa. Ele olhou para mim e eu desviei o olhar para a janela.

Adam: só vou pôr flores e vamos embora, não vamos ficar muito tempo- ele voltou a olhar para a estrada.

Guilherme: cantem comigoooo, essa música é muito boa- ele se aproximou do rádio e aumentou a música.

Vi que o Adam apertou os dentes, e a expressão facial dele ficou enrugada de raiva, ele desligou o rádio e ficou tudo em silêncio.

Guilherme: isso é sério? Era só música- ele reclamou.

Adam: inventaram os fones de ouvido para essas ocasiões, nem todos querem ouvir a tua música.

Ouvi o Guilherme a resmungar baixinho. Ficamos o caminho inteiro em silêncio, até o carro parar, estávamos a frente do cemitério e senti um frio na barriga.

Guilherme: se não quiseres entrar podes ficar no carro- ele sussurrou no meu ouvido.

Eu: ele precisa de mim, lembras?- sussurei de volta.

O Adam foi a frente com um ramo de girassóis, ele entrou e eu parei, faltava só um passo para eu estar dentro do cemitério. Eu nunca entrei em um, engoli a seco, senti as minhas mãos suadas e o frio da minha barriga aumentou.

Guilherme: calma- senti a mão dele na minha mão totalmente suada- estão todos mortos, mas se alguém puxar o teu pé é por tua conta- olhei para ele que estava com um sorriso no rosto.

Eu: não estás a ajudar- ri de nervoso.

Ele puxou a minha mão e conseguimos alcançar o Adam, que provavelmente nem deu conta se ainda estávamos atrás dele ou não.

Ele parou a frente de um túmulo grande e muito bonito, tinha flores a volta dele, a data de nascimento e da morte e uma foto dela. O Adam tirou os girassóis que já estavam mortos do jarro de flores e colocou os que estavam na mão dele, parece que ela gostava de girassóis.

Ele ficou lá, parado a olhar a fotografia dela, e eu só conseguia pensar que estava em cima de corpos sem vida, ainda conseguia sentir a mão do Guilherme na minha e isso me deixou mais calma, olhei para ele e ele estava a tentar olhar para o próprio nariz, eu revirei os olhos.

Adam: podemos ir- ele passou por nós.

Guilherme: quem olha para nós pensa que nós estamos a andar com um zumbie mal humorado.

(...)

Abri a porta de casa e vi malas na sala, por um momento esqueci o dia terrível e angustiante que foi hoje.

Vi o Noah a sair da cozinha, ele olhou para mim e abriu a boca para falar mas a Amélia apareceu e me abraçou.

Amélia: ainda bem que você voltou- ela olhou para mim- a Hellen alterou os papéis de DNA, eu sou filha da Celine.

Eu: como assim?- olhei para o Noah que estava a levar as malas para o quarto lá em cima.

Voltei a olhar para a Amélia, não conseguia distinguir o que ela estava a sentir só de olhar para a cara dela. Tinha todo o tipo de sentimentos, raiva, felicidade, traição... mas o que mais conseguia sentir no momento era alívio, alívio de saber de onde veio e de saber que sempre teve uma mãe.

Estavamos sentadas no sofá e ouvia tudo o que ela estava a contar com a devida atenção que ela merecia, e isso também me ajudou a esquecer o terror que foi o dia de hoje.

Amélia: eu quero ligar para a Celine, eu já ia ligar mas eu queria esperar por você, eu quero dizer que podemos ser uma família agora.

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Oi pessoal mais um capítulo espero que gostem.
Desculpa pela demora para postar mas felizmente já consegui.

Bjs, Ali.



O vizinho insensívelOnde histórias criam vida. Descubra agora