Capítulo VI - Chocolate

1K 85 147
                                    

Simone acorda em sua própria cama e não encontra Soraya.
Ela levanta, vai até o banheiro e se arruma para ir trabalhar arrasada.

Simone entra em sua sala e organiza seus papéis e seu planejamento. Depois de uns dez minutos olhando para o nada, Soraya entra na sala e alcança a ela um chocolate quente.

O chocolate contém uma substância chamada feniletilamina que estimula a produção de serotonina, substância cerebral que dá sensação de prazer e calma, associada à sensação de felicidade. Soraya sorriu ao comprar os dois copos, ela sentia que fazia sentido para a ocasião.

— Bom dia, professora Tebet.

— So- Thronicke... bom dia! Como está?

Soraya se senta sem olhar para Simone, seus colegas começam a entrar e preencher a sala de aula.

O clima da aula estava pesado, todos sentiam isso, do nada Simone voltou a ser a professora carrasca que todos detestavam, então um dos colegas de Soraya cochichou para ela:

— Thronicke, o que aconteceu com a professora Tebet? — disse Felipe se reclinando da classe detrás para falar no ouvido de Soraya.

— Eu não sei, por que tenho que saber?

— Você sabe, ela te pulou na chamada e não te fez nenhuma pergunta, isso com certeza é culpa sua. São os últimos dias, pra que dar tanto trabalho?

— Ela é a professora, ela sabe quanto trabalho deve pedir, nem reparei que ela havia me pulado na chamada, não percebi que me deixou de fora das perguntas — mente.

— Você se sentou longe dela hoje. Não sei o que fez, mas corrija e logo, não aguentamos ela assim.

— Espera aí, quem é você garoto?

— Sou o Weller, Felipe Weller.

— Weller, eu não sei o que aconteceu com ela... — Soraya foi interrompida por Simone.

— Não querem compartilhar com a turma esses cochichos? Ahn? Thronicke e Weller, que dupla! — disse destinando a Weller um olhar mortal.

Ele se afasta de Soraya e baixa a cabeça.

— Acho que vou deixar um ou dois comigo durante o verão fazendo dependência na minha matéria... — ela se senta e anota alguma coisa em sua agenda.

Quando Simone anuncia o final da aula, Soraya é a primeira a sair da sala, saiu apressada indo em direção ao banheiro. Ela entra em uma das cabines e joga suas coisas no chão, escorrega pela porta e chora. Ela estava aguentando para não chorar na aula, ela tinha vinte minutos até sua próxima aula, ela pretendia chorar uns dez e lavar o rosto e se encaminhar para a aula durante os outros dez.

--Soraya--

ELA disse que me ama...

ELA me acha linda...

ELA quer me proteger...

ELA sente ciúmes de mim...

ELA pediu desculpas...

NÃO posso deixá-LA...

ELA achou que eu queria algo mais sério e quis recuar, mas agora diz que me ama? Não te entendo, Simone...

Esse é o pior que ELA pode fazer? Se for, eu consigo, eu aguento!

Seco minhas lágrimas, junto minhas coisas no chão, prendo meu cabelo e vou até a pia lavar o rosto. Me encarando no espelho vejo que sou mais forte do que achei que era, ia vencer isso, tenho que vencer isso!

ELAOnde histórias criam vida. Descubra agora