Simone não dormiu naquela noite. Quando beirava cinco da manhã, ela acendeu o abajur do seu lado da cama se preocupando em cobrir a cabeça de Soraya com o edredom para não acordá-la. Pegou o envelope que era destinada à ela pelo seu pai. O encarou por tempo demais e decidiu que era uma idiota por isso, então o abriu e leu as palavras que seu pai havia escrito com uma caneta azul em letras trêmulas.
Querida filha,
Eu sei que não fui um bom pai para você, a tratei mal e eu sei que isso é irreparável. Eu devia ter ficado ao seu lado e não fugido ao primeiro sinal de fogo. Você amar quem ama não devia me fazer te amar menos, e não o fez. Mas eu a afastei de mim antes de perceber que a amava independentemente de nossas diferenças e escolhas.
O tempo passou, minha querida filha. Ele me castigou, fiquei sem você, minha única filha. Adoeci e não estou te escrevendo isso para que sinta pena de mim, mas para saber que o tempo passou bem devagar para o seu velho pai. Vi cada segundo se passar depois que você partiu para nunca mais voltar.
Esse tempo serviu para mim ver quem você era e para me enxergar nesse contexto horrível em que me coloquei. Te amar não é difícil, minha filha. Você é o meu maior orgulho.
Por favor, nunca receba menos do que merece, você merece uma pessoa que te ame do jeito que você é, sem que você precise se modificar para isso, você é perfeita, minha filha. Eu sinto muito ter perdido tanto tempo com brigas e distanciamento para perceber isso.
Nunca vou me perdoar pelo o que fiz com você e, acredite, não espero que o faça também.
Te amo e espero que um dia — eu sei que você consegue — você possa me ter em seus pensamentos apenas nos bons momentos que vivemos juntos.
Seu pai.
Simone se permitiu chorar ao terminar de ler as palavras de seu pai. Ela sentia muito e gostaria muito de voltar no tempo e não tê-lo deixado como deixou.
Alisou as últimas palavras de seu pai com os dedos e guardou a carta debaixo do travesseiro, apagou a luz e abraçou a namorada por trás, afundou seu rosto nos cabelos loiros dela e dormiu.
Uma hora e meia depois, Fairte bate à porta do quarto das meninas e entra:
— Filha — ela chama balançando de leve Simone. — Filha, eu já estou indo, queria te dar um beijo — ela diz quando Simone a olha.
— Ah, mãe. Fique mais um pouco, Soraya disse que não tem problema — Simone se senta na cama.
— Tenho algumas coisas para resolver, filha. Mas faz assim, passe o natal comigo lá na fazenda, se Soraya não for passar com a família, a leve também.
— Tá bem, mamãe.
— Se despeça de Soraya por mim. Diga que é muito linda e que estou torcendo por vocês.
— Pode deixar, mamãe. Também estou torcendo por nós — Simone dá um beijo em sua mãe.
— Não deixe essa menina escapar, Simone. Ela te ama — Fairte diz e sai do quarto.
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ELA
Fanfiction𝙎𝙞𝙢𝙤𝙣𝙚 𝙏𝙚𝙗𝙚𝙩 𝙚́ 𝙪𝙢𝙖 𝙙𝙖𝙨 𝙥𝙧𝙤𝙛𝙚𝙨𝙨𝙤𝙧𝙖𝙨 𝙙𝙚 𝙎𝙤𝙧𝙖𝙮𝙖 𝙏𝙝𝙧𝙤𝙣𝙞𝙘𝙠𝙚 𝙣𝙖 𝙛𝙖𝙘𝙪𝙡𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙙𝙚 𝘿𝙞𝙧𝙚𝙞𝙩𝙤; 𝙚𝙡𝙖𝙨 𝙫𝙞𝙫𝙚𝙢 𝙪𝙢 𝙧𝙤𝙢𝙖𝙣𝙘𝙚 𝙦𝙪𝙚 𝙨𝙚 𝙞𝙣𝙞𝙘𝙞𝙖 𝙖𝙥𝙤́𝙨 𝙪𝙢 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙨 𝙚𝙧𝙤́𝙩...