Capítulo IX - Minha culpa

1K 85 239
                                    

Sábado.

Simone ainda atolada de coisas para corrigir, praguejando ser uma professora tão exigente e insuportável.

Soraya estava estudando, segunda-feira teria uma prova que seria a mais importante, a de Simone.

Sábado seria assim? Tão chato?

Soraya arruma sua casa, toma um banho longo e relaxante. Arruma seus livros e cadernos em cima da bancada da cozinha e faz um café forte, sem açúcar.

Simone estava com seu notebook ligado e com três pilhas de papéis na mesa. Tomava um café frio, fazendo careta cada vez que o engolia, ela não aguentava mais.

--WhatsApp--

Simone: Não quer vir aqui para casa?

Soraya: Não posso, estou estudando para a prova de segunda, não posso decepcionar a minha professora favorita.

Simone: Aposto que ela não se decepcionaria, ela te tem como sua aluna favorita e ela poderia te ajudar nisso.

Soraya: Tratamento especial? Não, não. Eu consigo.

Simone: Eu sei que consegue. Sinto sua falta.

Soraya: Eu também...

--Simone--

É um saco! Eu não aguento!

Corrigi todos aqueles malditos papéis, transformando três pilhas sem correção em apenas uma totalmente corrigidas e separadas por aluno e ainda por ordem alfabética e data de entrega.

Revisei minha prova da segunda-feira e a enviei para a faculdade.

--Soraya--

Eu sei a matéria, presto atenção em cada sílaba que Simone diz, eu sei isso!

Fecho meus livros e cadernos e os guardo, minha cabeça vai explodir.

Começo a fazer um bolo de chocolate, cozinhar me traz paz, é libertador, prefiro cozinhar do que comer.

A campainha toca depois do forno apitar avisando que o bolo estava pronto.

— Não aguentei de saudades.

— Nos vimos ontem... — sorri.

— É muito tempo.

Volto para a cozinha e tiro o bolo do forno, o colocando em um prato bonito de vidro.

— Hmmm... Soraya!

— O que podemos fazer enquanto ele esfria?

— Eu tenho uma ideia... — faz uma expressão safada e segura minha cintura.

— Eu gostaria de conversar — digo e ela fica meio chateada.

Deixamos o bolo na bancada da cozinha e fomos para a sala.

— O que somos?

— Ãh? — ela vinca a testa confusa.

— O que somos, Simone? — cruzo os braços.

— Bom... acho que ficantes? — ela cruza seus braços também.

— Ficantes que trocam "eu te amo" dormem juntas, se chamam de "amor" e não conseguem ficar um dia sem se ver? — descruzo os braços para gesticular com as mãos.

— Mais ou menos isso... Mas você é minha.

— Sua? Você é só minha "ficante" — faço aspas com os dedos.

— Pra mim até isso é sério — ela passa ambas as mãos no cabelo.

— Sério como?

— Enxergo você como minha mulher, não como namorada ou outra coisa, só faltou o pedido — ela sorri e molha os lábios com a ponta da língua e faz isso o mordendo devagar.

ELAOnde histórias criam vida. Descubra agora