Ataque de ciúmes

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Wendy narrando 

Paramos em frente a minha casa e eu ainda não sabia como contar pra Henry toda aquela situação. Mas eu não queria guardar aquilo pra mim, tinha medo de voltar pro trabalho, medo do que Paul podia fazer comigo. Então enfrentei meus medos e comecei a contar, se eu soubesse tinha guardado só pra mim...

- Eu fui acediada. - Falei logo sem delongas. Henry pareceu não entender de cara.

- O quê? Como assim? - Ele estava com o rosto confuso.

- Um novo funcionário... - Henry me interrompeu.

- Eu sempre soube que esse seu jeito de rir pra todo mundo e tratar todos com carinho ia acabar trazendo problemas. - Sua voz era rouca e tinha ódio nela. Deu um tapa no volante do carro.

- Você... Você está querendo dizer que eu tive culpa. - Meus olhos encheram de lágrimas e eu balançava a cabeça não acreditando naquilo.

- NÃO SEI, WENDY! ME RESPONDE VOCÊ!

- Bem que aquele desgraçado disse que você ainda iria me culpar! - Sequei as lágrimas com as costas das mãos. - Eu pensei que isso o que a gente tem aqui. - Apontei pra ele e pra mim. - Eu pensei que fosse amor, porque no amor tem confiança. Lembra? O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Eu achei que teria alguém do meu lado pra me proteger, pra me defender e não me acusar. Infelizmente, eu achei que com você seria tudo diferente. - Não conseguia segurar as lágrimas. - Desculpa Henry... Só me esquece, tá?

Desci do carro totalmente destruída, eu me arrastava ao envés de caminhar. Como Henry pode pensar uma coisa dessa? Eu não conseguia parar de chorar. Entrei em casa e minha mãe já estava dormindo, agradeci por ela não ter me visto nesse estado. Entrei no banheiro, tirei a roupa e sentei no chão deixando a água levar todo choro. Enquanto a água quente do chuveiro caia nas minhas costas, eu desabava  lágrimas. Fiquei ali abraçada com os joelhos até sentir minhas pernas dormentes. Me vesti e deitei, sentia uma dor enorme no meu peito. Eu queria estar sendo consolada por Henry, mas foi ele que acabou de ferrar tudo aqui dentro de mim. Eu não sei o motivo de eu ainda estar aqui nessa terra, só sofro. Chorei até dormi.

Henry narrando 

Quando Wendy disse que foi assediada, de primeira eu não entendi, ela teve que repetir pra eu entender. Como eu sou um idiota! Um ciumento, que não controla meus impulsos, eu acabei de estragar tudo. Eu queria ter perguntado o nome do desgraçado, queria que ela desabafasse comigo. Eu vi medo nos olhos dela quando ela saiu daquele maldito prédio, vi o estado que ela estava. Mas essa droga de ciúme travou meu lado racional.

Queria ser o cara que a protegeria, queria dizer que acredito nela. Mas agora eu já estraguei tudo, como sempre faço.

Vi Wendy descendo do carro e caminhando em direção a sua casa. Eu estava tão tomado pela raiva. Só de pensar que alguém pode ter encostado nela, minha cabeça queima.

Não tive forças pra sair do carro, não tive forças nem pra pedir pra ela ficar.

A última frase que ela me falou ficou girando na minha mente... Como vou esquece-la?

Fiquei parado algumas horas dentro do carro, na esperança dela abrir o portão de volta. Tentei ligar, mas o celular dela ainda estava desligado. Que merda que eu fiz? Bati algumas vezes no volante e decidi ir embora.

Após tomar banho, deitei na cama e peguei a blusa dela que estava embaixo do meu travesseiro. Deitei de barriga para cima e comecei a encarar o teto. Enquanto sentia o cheiro dela na blusa, pude lembrar do dia em que voltamos de viagem... O jeito que a beijei, o jeito que acariciei seu corpo... Uma lágrima rolou em meu rosto. Como vou viver sem ela?

Passei a noite em claro, quando amanheceu eu tive uma idéia... Procurei um contato no meu celular, mas antes de ligar eu mandei uma mensagem pra Wendy, na esperança dela vê quando o celular estivesse carregado.

Oi Wendy, eu sei que não mereço perdão. Mas eu vou tentar esclarecer tudo. Esse desgraçado vai pagar o que fez com você. Desculpa por ser tão impulsivo, só não me abandona, tá?  Eu te amo. Você foi a primeira que entrou no meu coração. E por você eu estou disposto a sofre, crê, suportar e esperar. 

Após enviar a mensagem, eu peguei o contato que eu tinha procurado na lista e liguei.

- Alô, Henry? Bom dia! No que posso ser útil?  - Perguntou Gael do outro lado da linha.

Olá Gael, bom dia! Estou precisando de uma ajuda sua. 

- Pode falar! 

- Tem algum funcionário novo onde Wendy trabalha?  

- Como assim? Não estou entendendo. Por que está me perguntando isso?

- Wendy ontem foi assediada, ela falou que foi um funcionário novo. 

- Mas... como assim?  Como ela está?  - Gael parecia preocupado. - Dei de ombros.

- Eu quero imagens do dia de ontem, eu quero saber quem é esse desgraçado. Eu vou mata-lo com as minhas próprias mãos. - Eu já andava de um lado para o outro.

- Pode deixar! Você tem um minuto pra vir na empresa?  Aqui não aceitamos esse tipo de gente. Vamos colocar esse desgraçado atrás das grades. 

- Vou pedir um funcionário pra ir aí, ele leva um pendrive.

- Ok. Desculpe qualquer coisa, Henry.

Desliguei e liguei pra um detetive que trabalha conosco .

-Vladimir, bom dia. Tenho uma missão. Leva um pendrive .

Expliquei onde ele tinha que ir, quem deveria procurar e o que era pra ser feito .

Tentei ligar pra Wendy, mas ainda estava fora de área.

Meu celular tocou e eu vi que era um número diferente

- Alô,Bom dia. Quem deseja?

- Oi meu filho - Ela fungou, deu pra perceber tristeza em sua voz. - É a Wendy... Peguei seu número no papelzinho no quarto dela.

- O que houve com ela? - Meu coração quase saiu pela garganta.

- Eu vi que ela não levantou pra trabalhar, então fui chama-la. Quando coloquei a mão nela, ela estava queimando de febre. Tentei chama-la, mas ela não reagiu. - Sra. Eloah não aguentou segurar as lágrimas, chorou um choro profundo.

Onde vocês estão? Estou pra aí. - Comecei juntar minhas coisas e entrei no carro apressado ainda com ela no telefone.

- Estamos no hospital Alencar Xavez . 

- Chegou em quinze minutos. - Desliguei e dirigi feito um louco.

Feito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora